ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, SÁBADO  23    CAMPO GRANDE 32º

Cidades

Mesmo com nova cepa, ainda devo tomar vacina da gripe? Especialista responde

Há surtos de nova mutação da influenza em grandes cidades do País; vacina atual protege de outras cepas

Guilherme Correia | 22/12/2021 11:33
Dose de vacina contra a influenza (gripe) é aplicada por meio do SUS e no setor particular. (Foto: Henrique Kawaminami)
Dose de vacina contra a influenza (gripe) é aplicada por meio do SUS e no setor particular. (Foto: Henrique Kawaminami)

A campanha de vacinação contra a covid-19 tem tomado boa parte do noticiário e da atenção da população, já que esta doença, nos picos da pandemia, gerou caos na saúde pública, por conta da superlotação de hospitais e uma série de mortes. No entanto, outras doenças com vacina também devem ser ressaltadas, já que oferecem risco à saúde individual e coletiva.

Recentemente, o Brasil tem enfrentado alguns surtos de influenza, vírus da gripe, em determinadas regiões. Ao menos, três casos da H3N2, uma cepa do vírus que não é contemplada pelas atuais vacinas, foram confirmados também em Campo Grande, mas a situação em território sul-mato-grossense ainda não preocupa autoridades sanitárias.

No entanto, é importante ressaltar que medidas preventivas da covid - uma doença transmitida por um vírus, com sintomas e características que lembram a gripe - continuam recomendadas, como uso de máscaras, higiene das mãos e distanciamento social.

O que fazer? - De acordo com o professor da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Everton Lemos, a recomendação é que a população sem vacina da influenza procure o imunizante.

De acordo com o PNI (Plano Nacional de Imunizações), o fármaco é oferecido gratuitamente com exclusividade aos públicos-alvo da campanha - como idosos, crianças e profissionais de saúde. “A vacina protege as pessoas e reduz o risco de evolução grave da gripe, tais como SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) e óbito”, explica.

O doutor em Doenças Infecciosas também ressalta que há fármacos disponíveis, já que, passado o período de vigência desta ação, a tendência é que as vacinas antigripais estejam nos estoques dos postos de saúde vinculados ao SUS (Sistema Único de Saúde). Além disso, clínicas particulares também vendem e aplicam a vacina a qualquer indivíduo.

Devo tomar vacina da gripe todo ano? - As doses de vacina contra a gripe têm período de seis a 12 meses, de acordo com cada patente, e a orientação é que se mantenha o ciclo vacinal frequente, conforme recomendações médicas. “A população pode buscar os serviços de saúde, pois ainda há doses”, completa Lemos.

Além disso, nos últimos meses, campanhas de multivacinação a crianças foram estratégias para completar a carteirinha do público infantil, que também têm uma série de vacinas disponibilizadas pelo SUS.

Por meio de nota, a SES (Secretaria Estadual de Saúde) de Mato Grosso do Sul reforçou o pedido e orientação quanto a este imunizante. "A Secretaria de Estado de Saúde recomenda a população que quem não tomou a vacina contra a influenza que procure uma unidade de saúde para se vacinar".

"A dose contra a influenza é aplicada uma única vez ao ano, assim, não há necessidade de dose de reforço para quem já tomou o imunizante neste ano. As recomendações são as mesmas da covid, por ser tratar de um vírus respiratório, a indicação é usar máscara e sempre manter a higienização das mãos e evitar aglomerações. O Ministério da Saúde deve lançar em abril/naio de 2022, nova campanha de imunização contra a influenza".

Nova cepa - Grandes centros urbanos do Brasil, como Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador, apresentaram uma alta incidência de casos de gripe nas últimas semanas e há algumas hipóteses.

O aumento de casos neste mês é considerado incomum e pode estar associado à baixa cobertura vacinal contra a gripe, à flexibilização das medidas de restrição adotadas como prevenção à covid-19. Além disso, muitos casos estão associados principalmente à linhagem “Darwin” do vírus influenza A (H3N2).

Esta mutação não está incluída na composição das atuais vacinas em uso no hemisfério Sul. Seguindo a recomendação da OMS (Organização Mundial de Saúde), de 2020, os produtores de vacina incluíram as linhagens H1N1 Victoria.

Em geral, as campanhas nacionais de vacinação contra a gripe no Brasil têm início no mês de abril, antecipando a chegada do inverno, com o objetivo de proteger o organismo de pessoas mais vulneráveis, como idosos e crianças, imunossuprimidos e pessoas com comorbidades.

O Instituto Butantan, produtor das vacinas da gripe aplicadas no país via SUS, diz que os imunizantes atualizados serão fabricados em janeiro. “Quanto a vacina específica, incluindo essa nova cepa, essa ocorrerá em meados de março a maio de 2022, quando lançam o calendário da influenza. Até lá, você poderá tomar uma nova dose de imunizante”, finaliza Lemos.

Adesão - Segundo o Ministério da Saúde, em 2021, houve cerca de 71,2% da cobertura vacinal apenas do público-alvo da campanha antigripal. Em 2020, o índice foi de 82% e em 2019, chegou a 91%.

De acordo com a pasta, o aumento de casos de influenza em alguns estados é acompanhado, assim como evidências científicas quanto à eficácia da vacina utilizada na campanha deste ano para a prevenção da nova cepa circulante.

Por fim, o Ministério também já informou, via nota técnica, que não há necessidade de aguardar um intervalo mínimo entre as vacinas de covid-19 e as demais utilizadas no Brasil - ou seja, podem ser aplicadas num mesmo dia, a fim de facilitar a logística do acesso à saúde.

(*) matéria editada às 16h41 para acréscimo de informações da SES.

Nos siga no Google Notícias