Preso à cama, PM aposentado luta para manter home care 24h
O idoso de 74 anos está acamado desde 2021, mas plano de saúde libera só 4 horas de atendimento domiciliar
"Passou a vida toda ajudando a população e agora que precisa, enfrenta esse descaso". As palavras de indignação são da Elisabeth Ferreira, 40 anos, filha do policial militar aposentado, José Batista dos Santos, de 74 anos, que passou os últimos três anos acamado e agora luta para manter atendimento domiciliar 24 horas.
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José Batista dos Santos, 74 anos, policial militar aposentado, necessita de atendimento domiciliar 24 horas devido às sequelas da Covid-19, AVCs e câncer de próstata. Sua filha, Elisabeth, luta na justiça para manter o tratamento "homecare" integral fornecido pela Cassems, após uma perícia médica reduzir o atendimento para apenas duas horas por período. Apesar da documentação médica que comprova a necessidade do atendimento 24 horas, a perícia alegou estabilidade do paciente, ignorando internações recentes, e a justiça negou o recurso de Elisabeth, que teme perder o suporte profissional e precisa recorrer novamente.
Em maio de 2021, José pegou covid-19 e nunca se recuperou das sequelas da doença. Desde então, o idoso não consegue respirar e nem comer sem ajuda médica. Ele vive acamado e, nos últimos anos, sofreu diversos AVCs, deixando um lado do rosto paralisado, além de ser diagnosticado com câncer de próstata.
Desde 2021, quando a Elisabeth entrou na Justiça pelos direitos do pai, o policial aposentado recebe o tratamento "home care" 24 horas através da Cassems. Durante o dia, um técnico de enfermagem é disponibilizado para ajudar com as necessidades básicas do idoso. Além disso, recebe tratamento domiciliar de uma fonoaudióloga duas vezes por semana, de uma fisioterapeuta de segunda a sexta e uma nutricionista uma vez ao mês.
O problema começou quando a Cassems solicitou uma perícia do estado de saúde de José, em junho deste ano. No documento, o médico reitera a necessidade dos outros acompanhamentos, mas alega que José precisa de atendimento domiciliar do técnico de enfermagem de apenas duas horas ao dia em cada período. O processo ainda está na fase de manifestação do laudo pericial, mas dois foram desfavoráveis à situação de José.
"É um absurdo. Já é muito difícil para a gente com essa ajuda, agora sem, não sei o que vamos fazer. Meus filhos pagam as contas de casa. Eu já larguei tudo para ficar em casa e cuidar dele", desabafa Elisabeth, com lágrimas nos olhos. De acordo com ela, o médico não chegou a ler nenhum laudo do pai dela, nem pediu para que ele se levantasse ou movimentasse, e avaliou a situação de forma leviana.
Mesmo com os questionamentos, a opinião da perícia foi mantida em segundo laudo. "Conforme amplamente documentado e registrado em nosso laudo pericial, examinamos um paciente estável, simpático, atendendo ordens médicas de forma pronta e gentil", diz o documento.
Entre as justificativas para a decisão do laudo, o perito ainda alega que o idoso não precisou de internação nos últimos dois anos. De acordo com Elisabeth, a afirmação não é real, já que José passou cerca de três meses internado com uma infecção em 2023.
"Meu pai nunca foi de dar trabalho. Mesmo sendo servidor, sempre usava posto de saúde e nunca reclamou. Agora, ele precisa de ajuda, e eu não sou profissional para dar conta sozinha", conta Elisabeth. Mais uma vez, a filha e cuidadora pretende recorrer à decisão na Justiça.
Sobre as necessidades do José e o possível fim do atendimento em tempo integral, o Campo Grande News tenta contato com a Cassems desde a última terça-feira (3), e recebeu um retorno nesta quinta-feira (05), dizendo que a Caixa de Assistência dos Servidores do Estado de Mato Grosso do Sul (Cassems) não comenta sobre processos judiciais em andamento.
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