Quase 40% dos suicídios em MS envolvem pessoas com menos de 30 anos
Secretária reforça protocolos e escolas atuam como rede de proteção para prevenção da saúde mental
Adolescente de 15 anos foi encontrado morto nesta semana numa área de mata na região norte de Dourados, a 251 quilômetros de Campo Grande. O garoto estava desaparecido havia cerca de 15 dias e o corpo foi localizado nos fundos de condomínios de luxo, próximo à reserva da cidade. A Polícia Civil trabalha com a hipótese de suicídio. Ele havia tentado tirar a vida anteriormente e não foram encontrados indícios de homicídio.
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Adolescente de 15 anos, desaparecido há 15 dias, foi encontrado morto em Dourados (MS). A polícia investiga o caso como suicídio, hipótese reforçada por tentativa anterior do jovem. O corpo foi localizado em área de mata próxima a condomínios de luxo. O caso reacende o debate sobre saúde mental entre jovens, especialmente no Setembro Amarelo. Dados da Secretaria de Justiça e Segurança Pública de MS revelam 80 suicídios de jovens entre 12 e 29 anos, de janeiro a agosto deste ano. Especialistas alertam para a importância da observação de mudanças comportamentais e oferecem apoio contínuo nas escolas, com profissionais de psicologia e serviço social.
O caso, ocorrido justamente no mês do Setembro Amarelo, reforça o alerta para a saúde mental da juventude em Mato Grosso do Sul. Dados da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) apontam que, de janeiro a agosto, foram registrados 211 suicídios no Estado, sendo 80 entre jovens e adolescentes de 12 a 29 anos. Entre adultos de 30 a 59 anos foram contabilizados 109 casos, enquanto idosos acima de 60 anos somaram 18. Os números variaram ao longo dos meses: janeiro (27), fevereiro (33), março (21), abril (27), maio (27), junho (28), julho (32) e agosto (17). Os dados de setembro não foram atualizados ainda.

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Segundo Paola Evangelista, coordenadora de Psicologia e Serviço Social Educacional, da SED (Secretaria de Estado de Educação), não há um perfil único que defina quem está em risco. O sofrimento, explica, é multifatorial e envolve aspectos pessoais, familiares, emocionais, sociais, culturais e econômicos.
“É possível observar mudanças comportamentais nos estudantes, mas não há um padrão. Um aluno agitado pode se tornar introspectivo, enquanto aquele sempre alegre pode esconder um sofrimento silencioso. Situações como o bullying também podem intensificar esse quadro”, explica Paola. Ela reforça que a escola não tem papel de diagnosticar ou rotular, mas sim de acolher e fortalecer a rede de proteção, articulada com diferentes setores de atendimento.
Ainda de acordo com a psicóloga, a Secretaria de Estado de Educação estruturou protocolos de enfrentamento relacionados à saúde mental e resolução de conflitos. Esses documentos orientam escolas sobre como identificar sinais de alerta, acolher os estudantes e, se necessário, encaminhá-los à rede de saúde. Além disso, os professores e equipes recebem formação continuada, por meio da Coordenadoria de Psicologia e Serviço Social Educacional, para lidar com prevenção, acolhimento e cuidado integral dos alunos.
“O trabalho não se restringe ao Setembro Amarelo. Temos profissionais de psicologia e serviço social presentes nas escolas de forma permanente, atuando em projetos e programas contínuos, porque sabemos que essas questões precisam ser tratadas o ano todo”, acrescentou Paola. Especialistas destacam que falar sobre saúde mental, reconhecer sinais de sofrimento e oferecer apoio são passos fundamentais para a prevenção.
Em Campo Grande, o atendimento para crianças e adolescentes com sofrimento psíquico é realizado pelo Caps (Centro de Atenção Psicossocial) Infantojuvenil “Dr. Samuel Chaia Jacob”, conforme a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde).
O acesso ao serviço ocorre por demanda espontânea na unidade, onde o atendimento funciona em sistema de porta aberta, ou seja, não é necessário agendamento prévio, ou por encaminhamento da rede de saúde, por meio das USfs (Unidades de Saúde de Família), o que elimina a existência de fila de espera para o primeiro atendimento.
Ainda segundo a secretaria, internações ou acolhimentos integrais são indicados somente quando todas as demais possibilidades terapêuticas forem esgotadas. Atualmente, a taxa de ocupação dos leitos de acolhimento transitório não ultrapassa 40%. "A unidade conta com equipe multiprofissional especializada no cuidado em saúde mental de crianças e adolescentes, garantindo acompanhamento contínuo, escuta qualificada e atendimento humanizado", informou a Sesau.
Ajuda - Na Capital, o GAV (Grupo Amor Vida) oferece apoio emocional gratuito pelo telefone 0800 750 5554. Pessoas em sofrimento psíquico também podem procurar o Núcleo de Saúde Mental e os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial). Além disso, estão disponíveis os números 141 e 188 do CVV (Centro de Valorização da Vida), 190 da Polícia Militar e 193 do Corpo de Bombeiros, que podem ser acionados em situações de crise.
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