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Cidades

Sete prefeituras de Mato Grosso do Sul já foram alvos de operações em 2025

Fraudes em licitações e contratos de saúde e tecnologia estão entre os principais itens investigados

Por Jhefferson Gamarra | 28/10/2025 15:44
Sete prefeituras de Mato Grosso do Sul já foram alvos de operações em 2025
Servidor do Gaeco durante operação (Foto: Paulo Francis)

Entre janeiro e outubro de 2025, ao menos sete prefeituras de Mato Grosso do Sul foram alvo de operações de combate à corrupção. As ações envolveram o Ministério Público Estadual, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), o Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção), a Polícia Civil e, em alguns casos, a Polícia Federal.
 As investigações apontaram fraudes em licitações, desvios de recursos e uso de empresas de fachada em contratos públicos que somam milhões de reais.

RESUMO

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Em 2025, sete prefeituras de Mato Grosso do Sul foram alvos de operações anticorrupção conduzidas pelo Ministério Público Estadual, Gaeco, Gecoc e polícias Civil e Federal. As investigações revelaram esquemas de fraudes em licitações, desvios de recursos e uso de empresas de fachada em contratos públicos milionários. As operações atingiram as cidades de Água Clara, Rochedo, Terenos, Bonito, Selvíria, Miranda e Itaporã. Os casos envolveram principalmente as áreas de Administração, Finanças, Obras, Saúde e Tecnologia da Informação, com um padrão recorrente de manipulação de licitações e participação de servidores em conluio com empresários.

Operação Malebolge - Água Clara e Rochedo

A operação Malebolge, deflagrada pelo Gaeco e pelo Gecoc em fevereiro, teve fases realizadas nos municípios de Água Clara e Rochedo. As investigações focaram nas secretarias municipais de Administração e Educação, além dos setores de licitação e finanças.

De acordo com o Ministério Público, servidores públicos teriam direcionado licitações para empresas ligadas a parentes e prestadores de serviço, com contratos superfaturados. Foram cumpridos mandados de prisão contra servidores, empresários e ex-assessores, além do afastamento de chefes dos departamentos de compras. Os contratos investigados envolvem o fornecimento de merenda escolar e serviços de manutenção predial.

Operação Spotless - Terenos

Em Terenos, a Operação Spotless foi deflagrada em 9 de setembro. As investigações, conduzidas pelo Gecoc, identificaram esquemas de fraude e recebimento de propina em contratos de prestação de serviços de limpeza, transporte e obras.

Entre os alvos esteve o prefeito Henrique Wancura Budke (PSDB), que chegou a ser preso. Na mesma operação, foram cumpridos 16 mandados de prisão e 59 de busca e apreensão. O prefeito é suspeito de liderar uma organização criminosa que atuava dentro da prefeitura de Terenos e responde por organização criminosa, corrupção passiva, fraude em licitação e lavagem de dinheiro.

Mandados de busca e apreensão também foram cumpridos na sede da prefeitura e em empresas localizadas em Terenos e em Campo Grande. Segundo o Ministério Público, foram identificadas movimentações financeiras suspeitas e contratos com sobrepreço que ultrapassariam R$ 15 milhões.

Operação Águas Turvas - Bonito

Deflagrada em outubro, a Operação Águas Turvas investigou fraudes em licitações e desvios de verbas públicas na prefeitura de Bonito. Foram cumpridos quatro mandados de prisão preventiva e 15 mandados de busca e apreensão nas cidades de Campo Grande, Bonito, Terenos (MS) e Curitiba (PR).

A investigação identificou a atuação de um grupo criminoso que, desde 2021, fraudava licitações de obras e serviços de engenharia no município de Bonito.
 Segundo o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), as licitações eram manipuladas por meio de simulações de concorrência e de exigências específicas criadas para direcionar os contratos às empresas ligadas ao grupo investigado.

Agentes públicos, em parceria com empresários, teriam fornecido informações privilegiadas e organizado os procedimentos fraudulentos, recebendo, em troca, vantagens indevidas. O valor dos contratos sob suspeita soma R$ 4.397.966,86.

Foram presos preventivamente o secretário municipal de Administração e Finanças de Bonito, Edilberto Cruz Gonçalves, de 46 anos, e a coordenadora de licitações do município, Luciene Cintia Pazette.

Operação Vaga Zero - Selvíria

Em Selvíria, a Operação Vaga Zero, conduzida pela Polícia Civil e pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul, investigou desvios em contratos de transporte de pacientes do SUS.

Foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão na Secretaria Municipal de Saúde, no setor de Transporte, no CEM (Centro de Especialidades Médicas) e na residência de servidores.

Segundo a investigação, empresas contratadas não possuíam frota compatível com o serviço e teriam emitido notas frias. Os contratos analisados, firmados a partir de 2022 sem licitação, eram para transporte intermunicipal de pacientes em urgência e emergência, além de atendimento médico de sobreaviso

Dois contratos chamam atenção: cada um no valor de R$ 1,45 milhão, com objetos semelhantes e cláusulas consideradas frágeis. Um deles teria sido firmado com uma empresa que sequer funcionava, sendo encontrada apenas uma construção em andamento no endereço informado como sede. O caso levou ao afastamento da secretária de Saúde e de assessores técnicos.

Operação Copertura  - Miranda

Deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) e pelo Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção), a Operação Copertura investiga fraudes em licitações na cidade de Miranda, a 208 quilômetros de Campo Grande. A apuração revelou que algumas empresas não possuíam funcionários nem sede para operar.

No dia 1º de outubro, foram cumpridos 31 mandados de busca. A investigação apontou a atuação de uma organização criminosa que, desde 2020, fraudava sistematicamente licitações na cidade, com conluio de empresários que apresentavam propostas ou orçamentos de “cobertura” e a participação de um servidor público no esquema.

De acordo com o Ministério Público, algumas das empresas vencedoras dessas licitações, sem funcionários ou sede própria, assinaram contratos variados com a Prefeitura de Miranda, incluindo fornecimento de materiais de construção, alimentos, produtos de limpeza, itens de informática e kits escolares.

Operação Fake Cloud - Itaporã 

A prefeitura de Itaporã foi alvo da Operação Fake Cloud, deflagrada pelo Ministério Público para investigar um esquema de fraude em contratações públicas. Entre os presos está Nilson dos Santos Pedroso, ex-diretor de compras do município.

Pedroso atuou como gerente municipal de aquisições governamentais durante a administração do ex-prefeito Marcos Pacco (2016-2024). Segundo o MP, a investigação identificou a existência de um grupo criminoso estruturado que, desde 2022, fraudava processos de contratações por dispensa de licitação na prefeitura de Itaporã, voltados ao fornecimento de licenças de sistemas de backup em nuvem.

Após negociações ilícitas entre empresários e agentes públicos, diversos processos foram simulados e direcionados para favorecer determinada empresa, por meio de propostas fictícias e exigências técnicas criadas para limitar a concorrência. Os agentes públicos forneciam informações privilegiadas e organizavam os procedimentos fraudulentos em conluio com os empresários, recebendo vantagens indevidas.

Os investigados são suspeitos de organização criminosa, fraude em contratações públicas, corrupção ativa e corrupção passiva. Nilson dos Santos Pedroso já havia sido citado na Operação Turn Off, deflagrada em dezembro de 2023, que também apurava fraudes em licitações em Itaporã, Rochedo e Corguinho. Segundo o MP, ele manteve conversas com o empresário Lucas de Andrade Coutinho sobre pagamento de propina relacionado a esses processos licitatórios.

Padrão - As operações revelam um padrão recorrente de atuação: manipulação de licitações, contratos com empresas de fachada, repasses indevidos e participação de servidores em conluio com empresários. Os setores mais afetados foram Administração, Finanças, Obras, Saúde e Tecnologia da Informação.

Em todas as prefeituras investigadas, foram realizadas buscas na sede do executivo e nas secretarias envolvidas, além de afastamentos de servidores e bloqueio de bens dos investigados.