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Cidades

Preso por desvios "de milhões", empresário de MS vai para a cadeia pela 3ª vez

Além do “velho conhecido” do Gecoc, advogado e outro empreendedor também estão na prisão

Por Anahi Zurutuza e Helio de Freitas, de Dourados | 23/10/2025 18:31
Preso por desvios "de milhões", empresário de MS vai para a cadeia pela 3ª vez
Empresário Lucas de Andrade Coutinho saindo da prisão em 2023 (Foto: Marcos Maluf/Arquivo)

Preso duas vezes pela Operação Turn Off, que investigou esquema de desvios da ordem de R$ 68 milhões dos cofres estaduais, o empresário Lucas de Andrade Coutinho voltou para a cadeia nesta quinta-feira (23). Agora alvo da Operação Fake Cloud, deflagrada pelo Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção), Coutinho já havia sido “enviado” ao sistema carcerário sul-mato-grossense em novembro de 2023 e junho de 2024.

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O empresário Lucas de Andrade Coutinho foi preso pela terceira vez em Mato Grosso do Sul, agora como alvo da Operação Fake Cloud. A ação do Grupo Especial de Combate à Corrupção investiga fraudes em licitações na cidade de Itaporã, relacionadas ao fornecimento de sistemas de backup em nuvem. Coutinho já havia sido detido anteriormente pela Operação Turn Off, que apurou desvios de R$ 68 milhões dos cofres estaduais. Junto com ele, foram presos o advogado Nilson dos Santos Pedroso, atual secretário municipal em Corumbá, e o empresário George Willian de Oliveira. O grupo é suspeito de fraudar processos licitatórios desde 2022.

Além do “velho conhecido” do Gecoc, também foram presos preventivamente hoje o advogado Nilson dos Santos Pedroso, que foi diretor de compras da Prefeitura de Itaporã e é o atual secretário municipal de Governo e Gestão Estratégica em Corumbá, e o dono de empresa de tecnologia, George Willian de Oliveira.

O Campo Grande News confirmou ainda que, além dos três principais alvos da Fake Cloud, outros três nomes aparecem entre os investigados: Paulo Henrique de Souza, Gabriel Cordeiro Spontoni e Miguel dos Santos Andrade. Todos foram alvos de mandados de busca e apreensão.

Quem é? – Principal alvo do Gecoc – braço do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) –, Lucas Coutinho foi preso pela primeira vez por comandar, segundo as investigações, a quadrilha que desviava dinheiro da Saúde e da Educação. Ele atuava como líder do esquema ao lado do irmão, Sérgio Duarte Coutinho Júnior. Ambos são acusados de corromper servidores públicos comissionados para lucrar sobre contratos com o Governo de Mato Grosso do Sul que estavam na mira da Turn Off.

Em dezembro de 2023, dois dias após prisão, os irmãos obtiveram a liberdade com a condição de serem monitorados por tornozeleira eletrônica para que cumprissem medidas cautelares diversas da prisão. Lucas e Sérgio voltaram para a cadeia em junho do ano passado, na segunda fase da mesma operação.

A suspeita era de ocultação de bens. Ou seja, a dupla continuou cometendo crimes, segundo o Ministério Público, em “total afronta” à Justiça. “A prisão preventiva foi substituída por medidas cautelares, com vistas, inclusive, a inibir novas práticas delitivas. Entretanto, em total afronta e reiteração criminosa, continuaram a praticar novos crimes, principalmente o de lavagem de dinheiro, sendo identificada a atual ocultação de bens obtidos ilicitamente em valores que ultrapassam 10 milhões de reais", registrou o MP em nota naquele dia 6 de junho.

No dia 12 de maio deste ano, Lucas, que já havia sido solto e se livrado do monitoramento eletrônico, voltou a usar tornozeleira.

Nilson dos Santos Pedroso também já havia sido citado na Turn Off. Segundo o MP, o advogado teria mantido conversas com Lucas Coutinho sobre suposto pagamento de propina em razão de fraudes em processos licitatórios.

O nome “Turn Off” faz referência ao primeiro grande esquema identificado sob o comando dos irmãos, relacionado à aquisição de aparelhos de ar-condicionado, e remete à ideia de “desligar” as atividades ilícitas da organização criminosa.
Preso por desvios "de milhões", empresário de MS vai para a cadeia pela 3ª vez
Furgão da Polícia Civil chegando ao Centro de Triagem Anísio Lima, para onde parte dos presos da Turn Off foi levada em novembro de 2023  (Foto: Alex Machado/Arquivo)

E agora? – A operação desta quinta-feira (23) mira grupo suspeito de fraudar sistematicamente processos de licitação em Itaporã, a 234 km da Capital. São apurados os crimes de organização criminosa, fraude em contratações públicas e corrupção.

O Gecoc constatou a existência de um grupo criminoso estruturado que fraudava processos de contratações públicas por dispensa de licitação, voltados ao fornecimento de licença de sistemas de backup de dados em armazenamento em nuvem para o Poder Executivo Municipal de Itaporã desde 2022.

Após negociações ilícitas dos empresários com agentes públicos, diversos processos foram simulados e direcionados para beneficiar determinada empresa, mediante propostas fictícias e exigências técnicas previamente elaboradas para restringir a concorrência.

“Fake Cloud”, termo que dá nome à operação, traduz-se da língua inglesa como “nuvem falsa” e faz alusão aos objetos dos contratos: o backup de dados em armazenamento em nuvem, o que não era fornecido ao ente público.

A ação teve apoio operacional do Gaeco (Grupo Especial de Repressão ao Crime Organizado).

Outro lado - A Prefeitura de Itaporã informou que a operação “Fake Cloud” refere-se exclusivamente a procedimentos administrativos ocorridos durante a gestão municipal de 2021 a 2024, especificamente vinculados ao Processo Licitatório nº 183/2022, cuja vigência encerrou-se integralmente no referido período.

A reportagem deixa aberto espaço para que as defesas dos citados se manifestem.

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