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Cidades

“Vi a morte”, relata cônsul que se recupera do coronavírus

Kabril Yussef está internado há 20 dias e só ontem deixou a UTI do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo (SP)

Anahi Zurutuza | 02/04/2020 16:33
Kabril Yussef conversou com a filha e o neto ontem por chamada de vídeo (Foto: Reprodução)
Kabril Yussef conversou com a filha e o neto ontem por chamada de vídeo (Foto: Reprodução)

“Vi a morte na minha frente”. Foi assim que Kabril Yussef, de 67 anos, definiu os últimos minutos consciente, ainda em unidade do Proncor, em Campo Grande. Cônsul da Síria em Mato Grosso do Sul, hoje ele se recupera em São Paulo, para onde foi transferido às pressas.

O primeiro caso grave da doença registrado no Estado, pela primeira vez ele conversa com a imprensa, 20 dias depois de procurar socorro no hospital da Capital.

Kabril lembra do susto diante de uma doença desconhecida. “Eu estava no Proncor, me atenderam bem, mas comecei a me sentir mal, depois das 23h, não conseguia respirar, não tinha mais voz”, detalhou sobre o que se recorda dos últimos momentos, em entrevista por telefone dada esta tarde ao Campo Grande News.

Na noite do dia 14 de março, ele foi transferido em UTI-aérea para o Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo (SP), mas não se lembra. “Não vi nada”.

Yussef narra que quando acordou, na Unidade de Tratamento Intensivo do Sírio-Libanês foi informado pelos médicos da transferência e do quadro de saúde. “Eu dizia ‘não, estou em Campo Grande, não peguei avião nem nada’ e eles me explicavam ‘o senhor pegou sim’. Cheguei aqui morto praticamente”.

O cônsul ficou em coma e precisou de respirador artificial por vários dias, não sabe quantos. Hoje, ele ainda conta com a ajuda de oxigênio, mas deixou a UTI ontem (1º) e já pode usar o celular para falar com a família. “Aqui só não pode visita, não sei bem porque”.

Ele diz estar se sentindo bem, conseguindo conversar e respirar melhor. “Hoje passei quase o dia todo fazendo um check-up. Acho que só saio daqui uma duas semanas, porque daqui só sai, se estiver muito bem. Eles disseram que meu pulmão não está 100%”.

Sobre ter contraído o vírus que se espalhou pelo mundo, ele diz não fazer ideia como. “Nunca imaginei”.

Conforme gráfico da cadeia de contágio divulgado na semana passada em ao vivo da SES (Secretaria de Estado de Saúde), Yussef teve contato com um paciente de São Paulo, que foi o foco transmissor para outras cinco pessoas em Mato Grosso do Sul.

No Estado, já são 53 pessoas confirmadas com a coronavírus.

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