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Capital

A cada quatro dias uma pessoa é registrada como desaparecida em Campo Grande

Segundo dados da Sejusp, média é de sete pessoas registradas como desaparecidas por mês em Campo Grande

Mariely Barros | 11/07/2022 09:08
Homens são maioria em boletins de desaparecimentos e totalizam 69,29% das vítimas dos casos registrados. (Foto: Divulgação Sejusp)
Homens são maioria em boletins de desaparecimentos e totalizam 69,29% das vítimas dos casos registrados. (Foto: Divulgação Sejusp)

Todo ano são pelo menos 80 famílias enfrentando a dor de registrar o desaparecimento de familiares nas delegacias de Campo Grande. Dados da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), mostram que nos últimos 11 anos foram abertos sete boletins por mês de ocorrência por desaparecimentos.

Os homens são a maioria neste tipo de ocorrência, representando 69,29% dos casos. Outro indicador mostra que mais da metade dos desaparecidos na Capital é de pessoas adultas, totalizando 54,61%. Já os jovens (até 19 anos) representam 33,14%, os idosos 9,57%. Os adolescentes, são 2,68% desses registros.

Na família de Darci Ferreira dos Santos, de 73 anos, a busca pela seu filho do meio, Edney Ferreira dos Santos, de 42 anos, já dura três meses. O homem que morava a poucas quadras da família sumiu levando todos os pertences no mês de abril. Desde então, ninguém da família teve mais notícias de onde ele está residindo e qual seu estado de saúde. Santos trabalhava como vendedor ambulante e havia iniciado tratamento psiquiátrico com medicação há pouco tempo. Segundo a família, o médico não havia concluído o diagnóstico quando Edney abandonou o tratamento.

“Sempre muito ansioso”, assim Edney foi descrito pela idosa. Ela conta que desde a adolescência o menino apresentava episódios de nervosismo. “Ele nunca bebeu ou fumou, sempre foi certinho, mas quando estava na minha casa vivia estressado por tudo, qualquer coisa que eu fizesse era motivo para ele ficar muito irritado”, disse.

“Estou muito triste do fundo do meu coração, mas eu acredito que ele esteja bem morando em algum quartinho da cidade já que ele levou os móveis da casa, só queria ter notícias dele”, disse Darci dos Santos.

Nas buscas, as irmãs registraram o caso na DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídios) e andaram pela região do Tarumã, onde ele morava. As mulheres também foram nos pontos onde Edney costuma vender doces em terminais de ônibus dos bairros Bandeirantes, Aero Rancho, além de ruas de bairros.

A angústia da procura – Mesmo após o reencontro, quem passou pela angústia de procurar algum familiar não esquece. Durante seis dias, a estudante Gislaine Rodrigues da Silva, de 25 anos, e sua irmã buscaram pela mãe, Luciane Pereira da Silva, de 50 anos. A mulher havia desaparecido na última segunda-feira (4), após sair da casa do pai no bairro Noroeste, região leste da Capital e foi encontrada na manhã de sábado (8), na casa de familiares em um assentamento na cidade de Nova Alvorada do Sul a 116 km de Campo Grande.

Desesperadas, as jovens faziam buscas durante todo o dia com ajuda de amigos, já que elas não tinham transporte próprio. Ambas distribuíram cartazes em postes, comércios, terminais, monitoravam hospitais e abordavam pessoas em busca de informação. “À noite eu até tento descansar, mas é difícil, não aguento mais essa procura, preciso encontrá-la”, disse Gislaine em entrevista um dia antes da mãe ser encontrada.

Gislaine chegou a ouvir de parentes que, três dias antes do desaparecimento, Luciane estava chorando na casa do irmão, o que acendeu o alerta sobre a saúde mental da mulher. As filhas chegaram a acreditar que a mulher que tem a saúde fragilizada por conta da sequelas de um acidente de trânsito sofrido em 2019 estivesse andando desnorteada pelas ruas.

Em entrevista na manhã de sábado, já mais tranquila, a irmã de Gislaine apenas agradeceu a Deus por sua mãe ter sido encontrada com saúde e a todas as pessoas que ajudam nas buscas.

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As ocorrências de desaparecimento registradas na Capital são investigadas pela Polícia Civil, que conta com um setor de pessoas desaparecidas dentro da DEH. Durante as buscas, a família recebe telefonemas com as atualizações dos casos e podem divulgar fotos e dados do desaparecido no Instagram do setor.

Atualmente, não é necessário esperar 24h para registrar o caso, assim que for identificado o desaparecimento é possível fazer a abertura do boletim de ocorrência nas DEPAC (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) de Campo Grande ou online pelo site da Devir (Delegacia Online do Mato Grosso do Sul). O banco de dados de todos os desaparecidos na Capital também pode ser acessado no site da delegacia virtual.

* Colaborou Guilherme Correia

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