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Capital

À sombra do Coophavilla, Ouro Verde sofre com infraestrutura precária há 30 anos

Conjunto habitacional foi o primeiro residencial construído pela Emha e entregue na década de 1990

Por Clara Farias | 16/10/2025 08:08
À sombra do Coophavilla, Ouro Verde sofre com infraestrutura precária há 30 anos
Rua Naim Dibo, no Ouro Verde, não tem pavimentação e fica entre duas ruas asfaltadas (Foto: Osmar Veiga)

À sombra do Coophavilla II, moradores do Jardim Ouro Verde descrevem um bairro esquecido na região sul de Campo Grande. Com algumas ruas asfaltadas e outras não, a rotina é de poeira durante a seca e de lama nos dias de chuva. O conjunto foi o primeiro residencial construído pela Emha (Agência Municipal de Habitação), entregue nos anos 1990, mas pouco avançou em infraestrutura desde então.

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Moradores do bairro Ouro Verde, em Campo Grande, enfrentam problemas de infraestrutura há décadas. O conjunto habitacional, primeiro construído pela Agência Municipal de Habitação nos anos 1990, ainda possui ruas sem pavimentação, causando transtornos com poeira na seca e lama nas chuvas. Residentes relatam que já receberam ao menos três promessas de pavimentação, todas sem cumprimento. O problema afeta também a Vila Kellen, área limítrofe ao Ouro Verde, onde moradores convivem com as mesmas dificuldades e incertezas quanto à implementação de melhorias na infraestrutura local.

O bairro conta com 782 imóveis e é composto por quatro grandes ruas que partem da Avenida Marechal Deodoro até a Nasri Siufi, sendo: Pedro Gomes (pavimentada), Naim Dibo (não pavimentada), Lúcia Martins Coelho (pavimentada) e Abadia Jabur (não pavimentada).

Os moradores contam que, ao longo das décadas, ouviram pelo menos três promessas de pavimentação das ruas que foram esquecidas. Nenhuma delas saiu do papel. “Quando cheguei, há quase 30 anos, o bairro era feio, e não mudou muito”, resume a aposentada Eva Gama dos Reis, de 85 anos, moradora da Rua Abadia Jabur desde 1999.

Segundo ela, a rua chegou a ser estaqueada para a tão esperada pavimentação, mas o serviço nunca foi concluído. “Entra prefeito, sai prefeito, e o baile do asfalto continua.” Dona Eva convive diariamente com a poeira que invade a casa e afeta a saúde e relata que precisa jogar água pela casa todos os dias.

À sombra do Coophavilla, Ouro Verde sofre com infraestrutura precária há 30 anos
Eva Gama dos Reis, na rua de terra (Foto: Osmar Veiga)

A aposentada relata que o valor mensal da conta de água chega a R$ 250. "Quando venta, a terra entra por tudo. Quando chove, vira barro. A gente paga água cara, mas não tem rua limpa”, reclama. A moradora também relata que o esgoto passou recentemente, o que renovou a esperança de que o asfalto viesse logo em seguida.

Quem também sente os reflexos da espera é Sinezia Recaldo, de 57 anos, que vive há 26 anos e meio no mesmo endereço. “Quando chove é lama, quando faz sol é poeira. Todo mundo reclama, mas nada muda. Dizem que aqui já está asfaltado no papel, mas a realidade é outra”, lamenta.

A poucos metros dali, a Travessa Mar Azul e a Rua Abadia Jabur continuam de chão batido. “Aqui consta que tem asfalto, mas não tem. Eles vêm, colocam cascalho e falam que agora vai. Nunca vai”, critica a diarista Francisca Bezerra, de 51 anos, que mora há mais de 30 anos no bairro.

Ela relata conta que aderiu ao Refis (Programa de Recuperação Fiscal) deste ano para conseguir quitar o IPTU (Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana). “Pago pouco mais de R$ 200 por mês porque, se não for parcelado, não dou conta de pagar o IPTU”, disse.

À sombra do Coophavilla, Ouro Verde sofre com infraestrutura precária há 30 anos
Travessa Mar Azul fica entre a Vila Kellen e o bairro Ouro Verde, ambos esquecidos (Foto: Osmar Veiga)

Em setembro deste ano, a Câmara Municipal aprovou a renegociação habitacional que contemplou os moradores do Bairro Ouro Verde. Antes disso, em janeiro de 2022, a Prefeitura de Campo Grande havia encaminhado ao Legislativo um projeto de lei para regularização de dívidas e titularidades especificamente voltado ao conjunto.

Como justificativa, o Executivo municipal explicou que a proposta foi elaborada devido ao elevado índice de irregularidades, tanto em relação às dívidas, que apresentavam valores altos, quanto à titularidade dos imóveis do conjunto habitacional. Alguns moradores associam o alto índice de inadimplência como a razão pela qual um bairro tão antigo ainda não possui pavimentação completa.

Na divisa com o bairro, na Rua Pastor Virgílio Faria, a Vila Kellen também enfrenta o esquecimento. “Aqui é grudado no Ouro Verde, mas ninguém sabe direito onde termina um e começa o outro. Fica tudo no limbo. Falam que o asfalto nunca vem porque depende do outro bairro”, comenta Sandra Moreira, de 65 anos, moradora há mais de três décadas. Ela relata que também perdeu a esperança.

À sombra do Coophavilla, Ouro Verde sofre com infraestrutura precária há 30 anos
Vila Kellen é outro bairro que fica às sombras do Coophavilla 2 (Foto: Osmar Veiga)

A filha dela, Rafaela Moreira, de 36 anos, também cresceu no bairro e hoje mantém uma marcenaria na região. “Na rua da minha casa tem asfalto, mas aqui, na oficina, é só poeira. Passa caminhão, passa carro da escola, levanta tudo. Já vieram medir, colocar plaquinha, dizer que agora vai, mas o asfalto nunca aparece”, diz.

O Campo Grande News solicitou um retorno à Prefeitura da Capital, mas não obteve resposta até a publicação. O espaço segue aberto.

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