Abandonada, antiga Clínica Carandá deixa para trás documentos de pacientes
Área onde funcionou clínica tem sujeira e prédios deteriorados; terreno deverá receber torres residenciais

A antiga sede da Clínica Carandá, localizada nos altos da Avenida Mato Grosso, em Campo Grande, transformou-se em um terreno abandonado, tomado por mato alto, entulhos e prédios deteriorados. No local, também foram encontrados documentos que aparentam conter informações pessoais de ex-pacientes, ex-funcionários e da própria clínica.
RESUMO
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A antiga sede da Clínica Carandá, em Campo Grande, encontra-se em estado de abandono desde 2020, com mato alto, entulhos e documentos pessoais de ex-pacientes espalhados pelo local. O terreno, avaliado em R$ 25 milhões, foi adquirido pela FRZ Engenharia para a construção de um empreendimento residencial. O descaso com documentos e prontuários médicos pode configurar violação da Lei Geral de Proteção de Dados. A clínica, que transferiu suas atividades para a Avenida Gury Marques, enfrentou problemas recentes com a Vigilância Sanitária Estadual, incluindo falta de profissionais e condições inadequadas de atendimento.
As imagens recebidas e checadas pelo Campo Grande News mostram a atual situação da área, desativada desde 2020, quando a unidade deixou de funcionar como clínica psiquiátrica e de tratamento de dependência química.
Desde então, a estrutura parece estar se deteriorando, sem manutenção visível, mesmo após o anúncio de que no terreno será construído um empreendimento residencial com quatro torres e 418 apartamentos.

Além do estado de abandono, chama a atenção a presença do que parece ser prontuários, documentos administrativos e objetos diversos, o que pode configurar violação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). A legislação determina a responsabilidade sobre a guarda e o descarte adequado de informações pessoais.
Muitas das janelas e estruturas de ferro foram retiradas, há diversos cacos de vidro no chão, crachás de identificação, cartilhas de conduta dentro da clínica. Em muitos dos cômodos, o o forro está completamente destruído, com parte da estrutura pendurada. É possível encontrar também objetos pessoais, como mochilas, calçados, roupas.
Terreno vendido e futuro empreendimento - O terreno, avaliado em R$ 25 milhões, foi adquirido pela FRZ Engenharia, empresa responsável pelo projeto dos novos edifícios. Segundo informações divulgadas em fevereiro deste ano, o empreendimento será executado em três fases, com expectativa de finalização da primeira torre em 2028.
O projeto prevê a construção de seis salas comerciais, além dos apartamentos residenciais, e está em fase de estudo preliminar junto à Prefeitura. Está prevista também a realização de uma audiência pública no dia 10 de abril para discutir o Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) da obra.
Apesar dos planos para o futuro, o cenário atual do terreno contrasta com esta expectativa. Mato alto, água parada e prédios parcialmente em ruínas podem oferecer riscos ambientais e sanitários, especialmente pela possibilidade de proliferação de mosquitos transmissores de doenças como a dengue.
Histórico da Clínica Carandá - A Clínica Carandá foi referência em tratamento psiquiátrico em Campo Grande durante décadas. Após o fechamento da unidade original na Avenida Mato Grosso, a instituição transferiu suas atividades para a Avenida Gury Marques.
A nova sede, porém, também enfrentou problemas recentes. Em 2022 e 2023, a Vigilância Sanitária Estadual identificou diversas irregularidades na clínica, incluindo falta de médicos, enfermeiros e medicamentos, além de condições inadequadas de atendimento. As constatações motivaram a abertura de inquérito civil pelo Ministério Público Estadual.
Em fevereiro deste ano, após nova denúncia de paciente, a Clínica Carandá afirmou, em nota enviada ao Campo Grande News, que as irregularidades haviam sido sanadas e que a segurança dos pacientes é prioridade.
A reportagem solicitou posicionamento da Clínica Carandá sobre os documentos abandonados, da FRZ Engenharia sobre a conservação do terreno e da Prefeitura de Campo Grande sobre a fiscalização do imóvel, mas até o momento não houve resposta de nenhum deles.
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