Acusação vai pedir júri popular para acusados do caso Mayana
O promotor do Ministério Público Estadual, Douglas Oldegardo Cavalheiro dos Santos, disse que a solução do caso Mayana deve ser decidida em júri popular. “É o que o caso pede”, falou o promotor, que atua como acusação no caso que julga os acusados de terem atropelado e matado a estudante Mayana de Almeida Duarte, atingida pelo carro guiado por Anderson de Souza Moreno em 14 de junho de 2010.
De acordo com o promotor, Anderson de Souza Moreno e Willian Jhonny de Souza Ferreira devem ser indiciados por homicídio doloso (quando há intenção de matar) qualificado, tendo como agravantes o espírito de competição – há suspeita de que eles disputavam um racha na Avenida Afonso Pena –, a localização, no cruzamento com a Rua José Antônio, uma região devidamente sinalizada, e a surpresa, pelo impacto do carro de Anderson contra o veículo dirigido por Mayana.
Pelo andamento do caso, hoje foram ouvidas nove testemunhas de defesa, sendo que os pais de Mayana, Marco Aurélio da Rocha Duarte e Marisete Sandim de Almeida, foram dispensados pelo promotor e três testemunhas não compareceram.
No próximo dia 28, serão ouvidas três testemunhas de defesa e um amigo de Mayana, que estava em um carro atrás da vítima e presenciou todo o acidente. “Esse jovem será um ajudante de informação e seu depoimento é fundamental para o processo”, comentou Douglas.
Testemunhas – Na audiência desta quinta-feira, foram ouvidas quatro testemunhas de acusação. Uma dessas testemunhas era o policial militar da Ciptran (Companhia Independente de Policiamento de Trânsito) que prestou atendimento no dia do acidente.
O PM contou que acompanhou Anderson e Willian até a Santa Casa, e que o exame de alcoolemia não foi realizado, pois a viatura não dispunha de bafômetro. No hospital Anderson concordou em realizar o teste, enquanto aguardava que outro policial buscasse o bafômetro.
Neste intervalo, Anderson conversou com Willian e recebeu uma ligação do pai. Depois disso, ele se negou a realizar o exame.
Questionado pelo juiz sobre o estado dos dois jovens, o policial disse que Anderson “estava sonolento, com os olhos vermelhos e exalava odor etílico”. A defesa de Anderson perguntou se os sinais de trânsito no cruzamento do acidente estavam em modo de alerta, como ficam alguns semáforos na madrugada.
“Funcionavam normalmente”, confirmou o policial.
Revolta – Uma amiga de Mayana também prestou depoimento na tarde de hoje. Ela relatou que a vítima era uma menina tranquila e prudente no trânsito, “às vezes era muito lerda. Até de madrugada, ela parava no sinal”.
A testemunha relatou que no dia do velório de Mayana, um primo da vítima ligou avisando que Anderson estava em um bar da Avenida Afonso Pena, comemorando um jogo do Brasil pela Copa do Mundo da África do Sul.
“Isso causou uma revolta. Alguns parentes quiseram ir lá tomar satisfação, mas foram contidos”, disse a amiga.
Retratação – O terceiro envolvido no caso Mayana, Kenneth Gonçalves Pereira da Silva, mudou a versão original dada à polícia sobre o consumo de bebidas alcoólicas no dia do crime e se o semáforo no cruzamento da Avenida Afonso Pena com a Rua José Antônio está fechado para Anderson e Willian.
Kenneth retratou-se do falso testemunho dado à polícia no dia 16 de junho, onde disse que o sinal estava aberto para os dois amigos e que ele havia consumido sozinho as quatro cervejas e três doses de tequila que constam na comanda registrada em um bar de Campo Grande.
Para o advogado de defesa de Kenneth, Abdala Maksoud Neto, Kenneth proferiu o falso testemunho no intuito de defender os amigos. “Talvez pelo calor do momento”, acrescentou o advogado.
No entanto, o promotor Douglas dos Santos disse que a mudança do falso testemunho “não muda nada”. “O comportamento deste jovem [Kenneth] apenas reforça que os verdadeiros culpados foram os outros dois [Anderson e Willian]”, afirmou o promotor.
A próxima audiência, onde Anderson e Willian serão ouvidos, além de três testemunhas de defesa, será às 8 horas no dia 28 de fevereiro.