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Capital

Adolescente morreu afogado em córrego ao testar prancha que havia ganhado

Henrique Sena, 16 anos, era "staff" de coral e morte abalou comunidade: "sorriso no rosto e cabo no bolso"

Silvia Frias e Mariely Barros | 12/01/2023 11:55
Henrique era o "staff" do coral Vozes da Periferia há 3 anos. (Foto/Reprodução)
Henrique era o "staff" do coral Vozes da Periferia há 3 anos. (Foto/Reprodução)

Com sorriso no rosto e um cabo no bolso, Henrique Sena da Silva era a ajuda para todas as horas do coral Vozes da Periferia. “Staff” do grupo, hoje ele é o homenageado, a quem os amigos cantam louvores durante o velório do adolescente de 16 anos, morto por afogamento ontem, em um córrego na região das Moreninhas.

Walkíria, mãe de Henrique, e o coordenador do Instituto Maná do Céu, Igor Silva. (Foto: Henrique Kawaminami)
Walkíria, mãe de Henrique, e o coordenador do Instituto Maná do Céu, Igor Silva. (Foto: Henrique Kawaminami)

O adolescente está sendo velado na Capela da Pax Nacional, nas Moreninhas. A mãe, muito abalada, foi medicada e não larga o chapéu que sempre foi usado pelo filho. Muitos amigos estão no local, lotando o espaço interno e pela calçada, emocionados.

Henrique morreu quando testava uma prancha que havia ganhado. Ele e mais dois amigos foram até o córrego, na divisa da Moreninha com o Bairro Universitário ontem à tarde. Durante a brincadeira, ele acabou escapando e afundou. Nenhum deles sabia nadar.

“Foi uma fatalidade”, lamentou o assistente social Igor Silva, 28 anos, coordenador-geral do Instituto Maná do Céu, entidade responsável pelo coral. Gago, o menino acabou não integrando o grupo de voz, mas foi designado para cuidar dos equipamentos, função que exercia há 3 anos. “Era menino tímido, a gagueira foi diminuindo com o tempo, ele sempre foi disponível para todo e qualquer momento do coral”, lembrou.

Walkíria com o chapéu sempre usado pelo filho. (Foto: Henrique Kawaminami)
Walkíria com o chapéu sempre usado pelo filho. (Foto: Henrique Kawaminami)

Pelo coral, o adolescente viajou pelo Estado, como no Festival de Inverno, em Bonito, e para apresentação durante o Natal, em Jardim, mas foi para fora de Mato Grosso do Sul que Henrique realizou o maior sonho: no ano passado, em turnê pelo Nordeste, conheceu o mar. “Criamos um vínculo muito forte, agora é momento de dor”, lamentou o assistente social.

Silva soube da notícia quando estava em Ubatuba (SP) e voltou rapidamente. Segundo ele, os outros dois meninos eram amigos e colegas de Henrique na função de “staff” do coral. “Eles andavam juntos; para a gente foi um choque, nós não estávamos preparados, mas para os meninos está sendo muito mais difícil”.

A mãe de Henrique, Walkíria Sena, 42 anos, falou rapidamente com a reportagem e disse que não tem celular. Por isso, somente soube do que aconteceu no fim da tarde, quando chegou em casa e encontrou integrantes do coral, que relataram a fatalidade.

Amigos e familiares prestam homenagens ao adolescente. (Foto: Henrique Kawaminami)
Amigos e familiares prestam homenagens ao adolescente. (Foto: Henrique Kawaminami)

Silva diz que o coral pretende retomar as atividades na segunda-feira e planeja incluir uma homenagem ao adolescente. O chapéu dele também irá compor a apresentação.

A pedido da mãe, Henrique será sepultado com a camisa que faz parte do uniforme do coral Vozes da Periferia. A última homenagem dos amigos será durante o enterro, às 15h, quando o coro irá entoar a música “Girassol”, de Priscilla Alcantara e Whindersson Nunes.

Adolescente auxiliava com equipamentos do coral. "Sorriso no rosto e cabo no bolso". (Foto: Henrique Kawaminami)
Adolescente auxiliava com equipamentos do coral. "Sorriso no rosto e cabo no bolso". (Foto: Henrique Kawaminami)


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