Adolescente morreu afogado em córrego ao testar prancha que havia ganhado
Henrique Sena, 16 anos, era "staff" de coral e morte abalou comunidade: "sorriso no rosto e cabo no bolso"
Com sorriso no rosto e um cabo no bolso, Henrique Sena da Silva era a ajuda para todas as horas do coral Vozes da Periferia. “Staff” do grupo, hoje ele é o homenageado, a quem os amigos cantam louvores durante o velório do adolescente de 16 anos, morto por afogamento ontem, em um córrego na região das Moreninhas.
O adolescente está sendo velado na Capela da Pax Nacional, nas Moreninhas. A mãe, muito abalada, foi medicada e não larga o chapéu que sempre foi usado pelo filho. Muitos amigos estão no local, lotando o espaço interno e pela calçada, emocionados.
Henrique morreu quando testava uma prancha que havia ganhado. Ele e mais dois amigos foram até o córrego, na divisa da Moreninha com o Bairro Universitário ontem à tarde. Durante a brincadeira, ele acabou escapando e afundou. Nenhum deles sabia nadar.
“Foi uma fatalidade”, lamentou o assistente social Igor Silva, 28 anos, coordenador-geral do Instituto Maná do Céu, entidade responsável pelo coral. Gago, o menino acabou não integrando o grupo de voz, mas foi designado para cuidar dos equipamentos, função que exercia há 3 anos. “Era menino tímido, a gagueira foi diminuindo com o tempo, ele sempre foi disponível para todo e qualquer momento do coral”, lembrou.
Pelo coral, o adolescente viajou pelo Estado, como no Festival de Inverno, em Bonito, e para apresentação durante o Natal, em Jardim, mas foi para fora de Mato Grosso do Sul que Henrique realizou o maior sonho: no ano passado, em turnê pelo Nordeste, conheceu o mar. “Criamos um vínculo muito forte, agora é momento de dor”, lamentou o assistente social.
Silva soube da notícia quando estava em Ubatuba (SP) e voltou rapidamente. Segundo ele, os outros dois meninos eram amigos e colegas de Henrique na função de “staff” do coral. “Eles andavam juntos; para a gente foi um choque, nós não estávamos preparados, mas para os meninos está sendo muito mais difícil”.
A mãe de Henrique, Walkíria Sena, 42 anos, falou rapidamente com a reportagem e disse que não tem celular. Por isso, somente soube do que aconteceu no fim da tarde, quando chegou em casa e encontrou integrantes do coral, que relataram a fatalidade.
Silva diz que o coral pretende retomar as atividades na segunda-feira e planeja incluir uma homenagem ao adolescente. O chapéu dele também irá compor a apresentação.
A pedido da mãe, Henrique será sepultado com a camisa que faz parte do uniforme do coral Vozes da Periferia. A última homenagem dos amigos será durante o enterro, às 15h, quando o coro irá entoar a música “Girassol”, de Priscilla Alcantara e Whindersson Nunes.