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Capital

Advogados do Caso Sophia são “personagens” em júri de duplo homicídio

Defesa de réu por matar ex e amigo dela recusou 3 mulheres para corpo de jurados, menos advogada

Por Anahi Zurutuza e Ana Beatriz Rodrigues | 24/04/2024 17:45
Réu apoiado por seus cinco defensores durante julgamento nesta quarta-feira. Willer no canto esquerdo da foto e Renato ao microfone (Foto: Marcos Maluf)
Réu apoiado por seus cinco defensores durante julgamento nesta quarta-feira. Willer no canto esquerdo da foto e Renato ao microfone (Foto: Marcos Maluf)

Os advogados Renato Cavalcante Franco, Willer Almeida e Katiussa do Prado Jara, que atuam como defensores dos réus do Caso Sophia, também são personagens do júri popular que acontece nesta quarta-feira (24). Os dois primeiros são assistentes na defesa de Messias Cordeiro da Silva, 26, réu por matar a ex-namorada, Karolina Silva Pereira, 22, e o colega de trabalho dela, Luan Roberto de Oliveira, 24. Já a advogada, está entre os jurados.

O conselho de sentença – como é chamado o grupo de pessoas, consideradas representantes da sociedade, que decide o futuro do acusado – de hoje é formado por cinco homens e duas mulheres, sendo uma delas Katiussa, que no Caso Sophia defende Stephanie de Jesus da Silva, 25, a mãe da garotinha morta após 2 anos e 7 meses de abusos físicos e emocionais.

Quando Stephanie for a julgamento, a advogada trabalhará “ao lado” de Renato e Willer, que, junto com o criminalista Pablo Buarque Gusmão, defendem Christian Campoçano Leitheim, de 26 anos, o padrasto de Sophia, acusado de espancá-la até a morte. Embora defendam réus diferentes, no plenário do Tribunal do Júri, os dois advogados e Katiussa ficarão posicionados atrás da mesma bancada.

Advogada de defesa de Stephanie, Katiussa Jara, de blusa branca à frente, ao chegar para audiência do Caso Sophia (Foto: Alex Machado/Arquivo)
Advogada de defesa de Stephanie, Katiussa Jara, de blusa branca à frente, ao chegar para audiência do Caso Sophia (Foto: Alex Machado/Arquivo)

Formação do júri – Quando um júri vai ser formado, 25 pessoas, consideradas aptas a participar de julgamentos, são convocadas pela Justiça. A escolha dos sete jurados que permanecerão para analisar “o caso do dia” é feita por sorteio. Quando os nomes vão sendo chamados, defesa e acusação têm direito a fazer três recusas cada, sendo que advogados do réu sempre fazem as rejeições primeiro.

Apesar da “ligação” no outro caso, ninguém se opôs nesta quarta-feira à participação de Katiussa no corpo de jurados.

A defesa de Messias – que já estava sob o comando dos advogados Caio Moura Kai, Antony Martines e Keily Ferreira quando os reforços foram convocados – recusou a participação de outras três mulheres no momento da formação do conselho de sentença, antes do início do julgamento. Mas quando o nome de Katiussa apareceu, fez o aceite.

O promotor Douglas Oldegardo, responsável pela acusação, também não pediu a exclusão da advogada. Terminadas as chances de recusa da defesa, foi o promotor que aceitou a segunda mulher que compõe o conselho de sentença.

Advogados com experiência em júris populares tendem a preferir corpo de jurados majoritariamente masculino quando um réu por matar uma mulher será julgado. Em tese, homens se compadecem do “sofrimento” de outro homem que comete crime por questões de gênero, por exemplo. Também é costume dos promotores que atuam nos tribunais quererem o contrário, por motivos óbvios.

Karolina e Messias, vítima e assassino confesso, respectivamente (Fotos: Arquivo pessoal)
Karolina e Messias, vítima e assassino confesso, respectivamente (Fotos: Arquivo pessoal)

O caso no plenário – Karolina foi baleada na cabeça pelo ex-namorado, na madrugada do dia 30 de abril, um domingo, na porta da casa dela, no Jardim Colibri, em Campo Grande. Luan, que estava com a moça, morreu no local.

As duas vítimas eram colegas de trabalho – ele era motoentregador de uma pizzaria, localizada no Bairro Guanandi, onde ela havia sido contratada uma semana antes do crime. O rapaz se ofereceu para levar a moça até a casa dela, por ser perigoso que ela voltasse sozinha de madrugada.

Luan foi atingido no tórax, socorrido pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), mas não resistiu. Karolina foi ferida por dois tiros, um deles quando estava de costas, correndo do assassino. Ela foi atingida no crânio, chegou a ser intubada na viatura de socorro e levada à Santa Casa em estado grave, onde morreu dois dias depois.

Cartaz com foto de Luan Roberto (Foto: Marcos Maluf)
Cartaz com foto de Luan Roberto (Foto: Marcos Maluf)

Confissão – Messias se entregou à polícia e confessou o crime no mesmo dia. Ele confirmou em juízo a versão dada à polícia: que estava à espreita, nas proximidades da casa da ex, quando a viu chegar junto com Luan, sentiu raiva incontrolável, por isso foi até os dois e atirou.

O rapaz revelou ainda que três dias antes já havia ficado de tocaia em frente à residência e viu Karolina beijando Luan. “Naquele momento, eu senti muito ódio, senti muita raiva, e partir daquele momento eu não consegui dormir mais do que 4 horas por dia, às vezes, nem isso. Fiquei atormentado com isso”, afirmou em depoimento gravado.

Após atirar em Karolina e Luan, o assassino ligou para a mãe da menina. Foi quando admitiu ser o autor do crime pela primeira vez e mandou mensagens de áudio. “Queria saber como ela tá? (sic)”. Em seguida, afirma para a mulher que atirou na filha dela.

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