Agesul faz licitação na 4ª feira para restauração de igreja de 106 anos
Obra prevê acessibilidade, realocação do busto de Tia Eva e substituição de telhas
A restauração da Igreja São Benedito, localizada na região do Jardim Seminário, em Campo Grande, prevê acessibilidade e realocação do busto de Tia Eva, que construiu a igreja. Datado de 1919, o imóvel histórico corre risco de desabar.
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A Igreja São Benedito, localizada no Jardim Seminário em Campo Grande, passará por restauração após licitação da Agesul marcada para quarta-feira. O projeto, orçado em R$ 2,4 milhões, prevê melhorias estruturais, acessibilidade e realocação do busto de Tia Eva, fundadora do templo que data de 1919. A igreja foi construída por Eva Maria de Jesus, conhecida como Tia Eva, ex-escravizada que migrou de Goiás para Mato Grosso do Sul no final do século XIX. Ela trabalhou como curandeira, parteira e benzedeira, adquiriu terras e ergueu o templo em devoção a São Benedito, dando origem à comunidade quilombola que hoje leva seu nome.
O limite de gasto com a obra é de R$ 2.400.086,87. Mas o valor deve ter redução durante a concorrência eletrônica, marcada pela Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos) para quarta-feira (dia 4), a partir das 8h30.
Conforme o projeto, divulgado no edital de licitação, o sino e o busto vão sair da fachada da construção para serem reposicionados na lateral.
A proposta inclui a substituição total das telhas; inserção de caixas de som embutida no forro (o aparelho deverá ser instalado no balcão do altar-mor, de forma imperceptível); substituição total dos revestimentos internos da igreja por ladrilhos hidráulicos na cor vermelha; revestimento do túmulo de Tia Eva em granito; repintura interna e externa mantendo as cores azul e branco, conforme sugestão da comunidade; e instalação de placa informativa sobre valoração cultural da igreja.

A formação da Comunidade Quilombola Tia Eva está diretamente ligada à trajetória e ao protagonismo da matriarca. Tia Eva nasceu escravizada no interior de Goiás e só conquistou a liberdade quase 50 anos depois. No final do século XIX, migrou para MS, que ainda se chamava Mato Grosso.
Aqui, trabalhou como curandeira, cozinheira, lavadeira, parteira e benzedeira, funções que não só sustentaram sua família, como também ajudaram a construir a identidade cultural da região.
Com recursos próprios, Tia Eva adquiriu as terras onde hoje está localizada a comunidade quilombola. Devota de São Benedito, construiu uma igreja dedicada ao santo como pagamento de uma promessa e iniciou a tradição da festa anual em homenagem ao padroeiro da comunidade.
A Igreja São Benedito foi erguida em 1919, sendo tombada pelo patrimônio histórico.
Em julho do ano passado, a Justiça aceitou o pedido do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) para que o poder público restaurasse o prédio histórico.
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