“Agora ele está no caixão”, diz esposa de idoso que morreu esperando atendimento
Pedro Texeira, de 84 anos, morreu na tarde de quinta-feira (12) aguardando cerca de 4 horas
"Mandaram aguardar, falaram que não tinha médicos. Eu aguardei, e agora vou ver meu marido no caixão, morto. Ele não vai voltar mais", diz Cristiane de Oliveira Freitas, esposa de Pedro Texeira, de 84 anos, que morreu enquanto aguardava cerca de quatro horas por socorro no PAM (Pronto Atendimento Médico) do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, na tarde da última quinta-feira (12). De acordo com a família, houve negligência do hospital, já que Pedro era cardíaco e reclamou de dores no peito.
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Pedro Texeira, de 84 anos, faleceu após aguardar atendimento por cerca de quatro horas no PAM do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, enquanto reclamava de dores no peito. Sua esposa, Cristiane, relatou que, apesar de saber que ele tinha problemas cardíacos, foi instruída a esperar por socorro, e quando ele colapsou, o atendimento foi feito nas cadeiras de espera, sem a devida assistência. A família considera que houve negligência por parte do hospital e planeja processá-lo. O hospital, por sua vez, afirmou estar enfrentando superlotação e se comprometeu a investigar o caso, mas não se pronuncia sobre situações específicas devido a questões de sigilo e proteção de dados.
Em conversa com o Campo Grande News, Cristiane conta que foi com o marido até o Hospital Regional por volta das 8h, já com dores no peito. Mesmo assim, foi orientada a aguardar por atendimento. Ao meio-dia, ela conta que o idoso teve um colapso, e precisou ser reanimado, ainda nas cadeiras de espera do PAM. Em boletim de ocorrência, a morte foi registrada às 12h55.
"Ele estava gemendo de dor. Foi muito desumano. Falei para as atendentes que ele estava com dores no peito, ele tinha problemas cardíacos, elas falaram para esperar porque não tinha médico. Não podiam fazer nada", relata a esposa.
Outra reclamação da família de Pedro é que, mesmo quando precisou ser reanimado, o atendimento foi feito nas cadeiras do pronto atendimento, nem sequer em uma maca. No momento, outra paciente que estava no local registrou um vídeo para expor a revolta.
Ainda emocionada com a situação, Cristiane pretende entrar na Justiça contra o hospital, mas, por enquanto, diz que fica com a tristeza e as saudades. "Era uma pessoa muito boa e alegre, se dava bem com os vizinhos, com todo mundo. Brigava com a gente, mas não vivia sem. Colocava pregos pela casa toda, ele até costurava. Agora, fica a saudade"
Hospital Regional - Em nota, o hospital diz que, em respeito a todos os envolvidos, ao sigilo legal dos prontuários médicos e à Lei Geral de Proteção de Dados, não se pronunciam sobre casos específicos e tem apurado internamente todos os detalhes do atendimento. Além disso, reafirma seu compromisso em oferecer atendimento de excelência à população.
Ainda explicam que o PAM tem enfrentado superlotação, com quase três vezes mais pacientes do que a capacidade de atendimento. Por isso, o hospital orienta a população a buscar o atendimento médico inicial em uma UBS (Unidade Básica de Saúde) ou em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento), para que a regulação médica execute a transferência, conforme a complexidade de cada caso.
Ministério Público - O Campo Grande News entrou em contato com o Ministério Público do Mato Grosso do Sul para saber se pretendem se manifestar sobre o caso, mas até a publicação desta reportagem não teve retorno. O espaço segue aberto.
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