Apesar de agressões por 8 anos, esposa nunca denunciou assassino
A dona de casa Izabel de Oliveira Almeida, 40 anos, morta pelo marido Valdemir Almeida de Araújo, 27, no dia 24 de setembro no Jardim Sayonara, nunca prestou queixa contra o acusado pelas agressões sofridas. O rapaz foi preso pela Deam (Delegacia de Atendimento à Mulher) no último sábado (24), no município de Rio Verde, a 207 quilômetros da Capital.
A delegada Rosely Molina, da Deam, apontou que a mulher sofreu agressões do marido durante os oito anos do relacionamento, porém nunca registrou as ocorrências. Ela destacou que as vítimas de feminicídio normalmente não prestam queixam sobre a violência sofrida.
Na noite do crime, Valdemir e Izabel tiveram uma discussão, por motivos desconhecidos, provavelmente ciúmes, então o acusado acabou disparando quatro tiros contra a vítima, usando um revólver calibre 38, comprado há sete meses de uma pessoa desconhecida.
Após os tiros o acusado fugiu e passou vários dias em Campo Grande consumindo drogas, até encontrar um amigo que o levou para a sua casa. Depois ele acabou indo para a cidade de Rio Verde, onde foi preso pela polícia um mês após o crime.
Durante o relacionamento do casal, eles tiverem três filhas, sendo que a mais nova, de 10 anos, presenciou o feminicídio. A delegada Franciele Candotti apontou que a criança está muito abalada com a morte da mãe. A guarda das meninas está com a avó paterna.
Valdemir confessou o crime e afirmou que está arrependido. Ele pode pegar pena máxima de 30 anos pelo feminicídio. A arma do crime ainda não foi encontrada pela polícia.
Casos – Este ano, até outubro, foram registrados dois casos de feminicídio e um de homicídio em Campo Grande. Ano passado 10 mulheres foram mortas na Capital.
A auxiliar de limpeza Suellen Pereira da Costa, 28 anos, foi assassinada a facadas e tiros pelo marido, o motorista Roberto César Pereira Oliveira, 32 anos, na noite de 23 de fevereiro deste ano, na Rua Abrão Anache, no Jardim Anache.
Isis Caroline da Silva Santos, 20, morta pelo ex-marido, o pedreiro Alex Arlindo Anacleto de Souza, 32, no começo do mês de junho deste ano. O caso veio à tona quando a polícia foi acionada para investigar o abandono das duas filhas da mulher, uma de 3 e outra de 6 anos. As duas crianças foram encontradas pela vizinha da família e tia das meninas.
O corpo de Isis foi localizado em Ribas do Rio Pardo, distante 103 quilômetros de Campo Grande. Alex contou que afogou a vítima em um riacho próximo a rodovia, na saída do município.