Áudio e boletins de ameaça de "Playboy" são usados pela defesa do Name
Estratégia é mostrar que investigação não se aprofundou em investigar potenciais suspeitos da execução
Na reta final do julgamento dos acusados pela morte de Marcel Costa Hernandes Colombo, a defesa de Jamil Name Filho apresentou áudios e boletins de ocorrências que evidenciariam o perfil agressivo do “Playboy da Mansão”, na estratégia de mostrar que ele poderia ser o alvo de outras pessoas e que esses fatos deveriam fazer parte da linha de investigação.
Logo no início da tréplica, após a fala dos promotores de Justiça, o advogado Pedro Paulo Sperb Wanderley apresentou áudio atribuído a Marcel Colombo, que xinga e faz ameaças à pessoa não identificada. “Faz fila, chefe (...) tenta olhar no meu olho e fala alguma coisa (...) cara que chama PF de bando de otário vai ter medo de moleque, bancado pelo pai?” são alguns dos xingamentos.
Segundo Sperb, o áudio é indicativo que “Playboy” poderia ter outros desafetos. “Era necessário buscar outras linhas investigativas”, afirmou, acrescentando que não se pode dizer nem que os xingamentos são atribuídos a Jamilzinho. “Não há absolutamente nada que ligue esse áudio a Jamil”.
Na sequência, o advogado lista boletins de ocorrências em que Marcel Colombo figura como autor de ameaças e brigas. Wanderley foi citando trechos de cada um, como a briga em frente à mesma boate onde se deu o entrevero com Jamilzinho, porém, em outra ocasião; outro caso, Marcel Colombo teria dito que iria “quebrar a cara” da pessoa.
O advogado também questionou a certeza da denúncia de que a briga com Jamilzinho teria ocorrido em 2016, quando o réu afirma que ocorreu em 2013 e, segundo Wanderley, outra testemunha, arrolada pela acusação, relatou que teria sido em 2015 ou 2016. “Não há como se precisar, pode ser de dois anos e meio, quatro, cinco anos antes”. Afirmou que o encontro entre os dois, meses depois, encerrou o assunto, quando o pedido de desculpas foi aceito pelo réu. “Não há provas, não há elementos, por isso espero que se proceda a absolvição”.
Logo após, Nefi Cordeiro assumiu o plenário para as argumentais finais na defesa de Jamilzinho e listou os vários problemas ligados a Marcel Colombo. Além das brigas, a prisão por descaminho, ocorrida em 2017.
Diz que a casa com armas, de propriedade de Jamil Name foi visita por várias pessoas antes que nunca viram armas no local. Nefi Cordeiro citou novamente o bilhete atribuído a um interno da Penitenciária Federal de Mossoró (RN). O preso já teria dito que foi ameaçado para assumir a autoria, fato ainda sob investigação.
O advogado alertou os jurados de que é indispensável que se prove como cada acusado colaborou com o crime. “Precisa examinar se há provas que não deixem dúvida de que ele [Jamilzinho] mandou matar”. Tendo dúvida, enfatizou, que os jurados optassem pela absolvição.
Nefi Cordeiro deixou para o final a denúncia de tortura psicológica que Eliane Batalha e Marcelo Rios alegam terem sofrido na sede da Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros).
Sem entrar diretamente no tema, somente deixou para avaliação dos jurados que o próprio MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) tem inquérito que apura denúncia de tortura promovida por delegado e três investigadores da Garras para obterem confissão de preso. “Espero que tudo isso que MP apontou não se confirme, mas são acusações que vêm no mesmo sentido do que se falou em algumas oportunidades”.
No encerramento da defesa, outro áudio com ameaças atribuídas a Marcel Colombo foi divulgado.
O crime - Marcel Colombo foi executada à queima-roupa em um bar de Campo Grande, na madrugada de 18 de outubro de 2018. O amigo, Tiago do Nascimento Brito, ficou ferido.
Segundo denúncia do MPMS, o "Playboy da Mansão" morreu pelo menos dois anos depois de entrevero com Jamilzinho em uma casa noturna, de Campo Grande. Os outros denunciados auxiliaram na logística da execução, conforme investigação: o policial federal Everaldo Monteiro forneceu informações do alvo, Marcelo Rios a pistola 9 milímetros e Rafael Antunes recolheu a arma. Juanil Miranda seria o pistoleiro. Para o último réu, o processo foi desmembrado, que está foragido.
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