No contra-ataque, promotor rebate "coincidências" e mostra vínculos entre réus
Gerson de Araújo diz que evidências mostram que todos envolvidos trabalhavam para o líder, Jamil Name Filho
No contra-ataque aos argumentos apresentados pela defesa dos réus, o promotor Gerson Eduardo de Araújo voltou a apresentar as conversas entre os acusados, as ligações profissionais, transferências bancárias, visitas rastreadas na investigação, cheques com “mensalinhos”, o flagrante da casa das armas, tudo que leva ao líder da organização: Jamil Name Filho, apontado como mandante da morte de Marcel Costa Hernandes Colombo.
Araújo iniciou o debate adotando um tom duro e reclamando de ataques “covardes e mentirosos” que apareceram na citação do advogado Jail Azambuja ao dizer que a casa dos Name era “bem frequentada” por “desembargadores, políticos, promotores e chefe de polícia”.
Também voltou a criticar acusação feita contra delegados e promotores, feitas por Eliane Batalha, ex-mulher de Marcelo Rios, um dos réus no processo. Como testemunha, ela voltou a falar que foi forçada a acusar Jamilzinho, sofrendo tortura psicológica enquanto esteve na sede da Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros).
“É uma mentirosa contumaz”, afirmou o promotor, explicando que ela voltou atrás das declarações que incriminavam Jamil Name e Jamil Name Filho depois de ter contato com advogado deles e que ainda recebia “mensalinho” de R$ 5 mil depois que Rios foi preso. “Ela vai mudando a versão conforme as provas vão surgindo”.
Depois, passou a discorrer sobre as “coincidências dos infernos” ou “coincidências macabras”, como citou durante a réplica.
Falou da liderança exercida por Jamil Name e Jamil Name Filho que tinham como “gerentes de relevância” Vladenilson Daniel Olmedo, o “Vlad” e Marcelo Rios, que agiam com diversos apoiadores, entre eles, o ex-guarda civil Rafael Antunes Vieira e o policial federal Everaldo Monteiro Maciel.
Vlad foi condenado, juntamente com Jamilzinho e Marcelo Rios, no processo da morte de Matheus Coutinho Xavier, em júri realizado em julho de 2023. Antunes também tem condenação relacionada ao grupo, mas por organização criminosa, em decisão reformada pelo TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul).
“Estamos falando de organização criminosa, da milícia armada mais duradoura e perigosa de Mato Grosso do Sul, liderada por Jamil Name e Jamil Name Filho, que comandavam o jogo do bicho e não existe jogo do bicho sem o braço armado”, afirmou o promotor.
Segundo a denúncia, Rios é “reconhecidamente o braço direito de Jamilzinho, com quem tem condenação em 1º e 2º grau, tem vínculo com a casa de armas, eles trabalham juntos desde 2016”. A chave do baú que estava no “bunker” encontrado no bairro Monte Líbano estava em poder de Rios.
Outro vínculo citado é o rastreamento do sinal de celular de Rios, que o coloca na casa de José Moreira Freixes, o “Zezinho”, que seria um dos pistoleiros contratados por matar Marcel Colombo.
“No dia em que Marcel foi assassinado, Rios sai da casa de Jamilzinho e vai para casa do Zezinho, ficou oito minutos lá, que coincidência, né?”, disse promotor, acrescentando que o ex-guarda dizia que não conhecia o pistoleiro.
Nos dados telemáticos aparecem cheques assinados por Jamilzinho, nos dias 16 e 19 de outubro de 2018 que, segundo o promotor, seriam descontados para pagar os executores do plano. Marcel Colombo foi assassinado na madrugada de 18 de outubro daquele ano. “São evidências dos vínculos do envolvimento de Juanil e Marcelo Rios”.
A justificativa apresentada pela defesa de Everaldo Monteiro também foi contestada. A promotoria alega que o policial federal fazia trabalho de escolta e outros serviços não relacionados às investigações. Por isso, não há motivo de ter dados de várias pessoas, entre elas, o “Playboy da Mansão”. As informações encontradas em quatro pen-drives apreendidos na casa do Monte Líbano, usada para guardar arsenal de armas, também estariam em um envelope com pesquisa do PF. “Coincidência também?”, questionou.
O áudio encontrado na nuvem do policial federal – “o nome é Marcel Hernandes Colombo”, atribuído à troca de informações com delegado, foi contestado pelo promotor. “Ele não estava dando o nome da vítima, estava buscando informações”.
Neste momento, o advogado Jail Azambuja faz intervenção. “Mostra quais informações ele buscava”, ao que o promotor rebateu. “Mostre o senhor”.
Gerson de Araújo também falou sobre a ausência de uma testemunha, policial civil de Naviraí, que “sumiu do mapa” e não foi encontrado, desligando o celular.
Todos os dados obtidos levam ao chefe deles, segundo o promotor. “Quem tinha desavença? Era o líder e patrão deles, líder da organização criminosa , de modo que não há dúvida de que o mandante desse assassinato covarde foi Jamil Name Filho”.
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