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Capital

Autônomos fazem “malabarismo” para sobreviver sem 13º no final do ano

Primeira parcela do benefício deve ser paga até dia 30 de novembro, a segunda até dia 20 de dezembro

Por Natália Olliver e Clara Farias | 01/11/2024 13:06
Valdivino Barbosa, de 77 anos, vende rapadura pelas ruas centrais da cidade (Foto: Clara Farias)
Valdivino Barbosa, de 77 anos, vende rapadura pelas ruas centrais da cidade (Foto: Clara Farias)

Com a primeira parcela do 13º salário disponível no final de novembro, o que não falta são planos do que fazer com o dinheiro extra. Mas e quem não tem direito ao benefício? Autônomos no Centro de Campo Grande precisam fazer malabarismo para conseguir sobreviver no final do ano, isso porque as vendas oscilam dependendo do tipo de negócio e, devido ao cenário econômico, eles não conseguem poupar dinheiro para o período.

Valdivino Barbosa, de 77 anos, vende rapadura pelas ruas centrais da cidade. Para ele não há como economizar e garantir o 13º salário no final do ano. Ele explica que viver durante todos os 12 meses já é uma luta diária.

“Não tem economia, não faço reserva. É uma coisa só o ano inteiro e fim de ano também. Nesse período depende, a mercadoria aumenta as vendas, no meu caso não. Sou autônomo há 40 anos. Trabalhei como CLT (Consolidação das Leis do Trabalho, carteira assinada) antes, era a mesma coisa, não muda nada. Só muda o cavaleiro, mas o chicote é o mesmo”.

A primeira parcela do benefício deve ser paga até dia 30 de novembro para trabalhadores com carteira assinada e servidores públicos. Genivaldo Silva de Melo, de 55 anos, é mais esperançoso. Ele comenta que, no comércio, o 13º faz muita diferença e que isso ajuda a todos, até mesmo aqueles que não possuem o direito do salário extra.

“O pessoal que recebe dá uma fortalecida e a gente que trabalha com venda é bom. É um dinheiro bem-vindo que ajuda. Ultimamente as vendas estão meio paradas, comércio devagar. Acho bom que elas recebem e compram. É bom para todo mundo, no geral, para o comércio inteiro. É uma reserva que o pessoal se programou o ano todo, vem em boa hora”.

 Adailton Rosa Alves, vende frutas pelo Centro de Campo Grande (Foto: Clara Farias)
 Adailton Rosa Alves, vende frutas pelo Centro de Campo Grande (Foto: Clara Farias)

O autônomo, assim como todos os entrevistados, não poupa durante o ano para conseguir um salário a mais no final dos meses de novembro e dezembro.

“Eu não penso em guardar reserva para o final do ano, conforme vamos trabalhando, vamos organizando, pagando as contas, não está dando mais para fazer isso. Foi o tempo que você ainda tinha como, mas agora não tem”.

Pessimista com o assunto, André Cruz, de 39 anos, motorista de aplicativo, explica que o 13º no final das contas não faz diferença e que não pagar impostos exigidos pela CLT durante todo o ano é mais vantajoso que qualquer bonificação.

“O que faz com R$ 1.400? Vai no mercado dá R$ 700, vai de arroz, feijão e mistura, se mora em quatro pessoas não aguenta. Moro com a minha esposa, as contas dão uns R$ 1.100,00 por mês, então não faz muita diferença. O que o governo paga é uma covardia. Não faz diferença porque o que eu economizei com o ano todo é muito melhor que o 13º. Se tem uma isenção de imposto, sabe?”.

Adailton Rosa Alves, de 54 anos, vende frutas. Para ele, o dinheiro arrecadado só é suficiente para pagar as contas, sendo impossível guardar para o final do ano.

“Fiquei quatro anos de CTL, aí virei autônomo. Eu sempre trabalhei, parei porque descobri que o patrão não estava pagando o FGTS e voltei a trabalhar na rua. Sempre foi assim, a gente vai trabalhando com o dia a dia”.

O autônomo explica que toda a família não trabalha de carteira assinada. Apesar de achar que as vendas no comércio andam 'ruins', o negócio das frutas caminha devagar, mas ainda caminha.

“No comércio está meio escasso, graças a deus as minhas coisas vendem bem. Todo dia vou pegar fruta de madrugada, às 4h, trabalho das 6h às 16h. No final do ano vende um pouco a mais, mas melhora a partir do dia 15”.

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