Campo Grande entra em ato nacional contra feminicídios neste domingo
Organizadoras alteraram horário para ampliar participação; protesto será às 9h na Afonso Pena
Diante dos recentes casos de feminicídio, tentativas de feminicídio e episódios de violência contra mulheres, movimentos sociais de várias partes do país estão organizando atos em defesa da segurança feminina. Em Mato Grosso do Sul, a mobilização está marcada para Campo Grande, às 9h deste domingo (7), na esquina da Avenida Afonso Pena com a Rua 14 de Julho. A organização destaca que o ato é apartidário e todos são bem-vindos.
Inicialmente, o protesto seria realizado às 13h, em frente ao Bioparque Pantanal. No entanto, após conversa entre as coordenadoras do movimento, decidiu-se pela mudança de horário e local para permitir maior participação do público. A informação foi repassada por Glaura Villalba, jornalista de 47 anos e uma das organizadoras do ato em Campo Grande.
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"Hoje presenciamos uma escalada histórica de casos de feminicídio não só em MS, que são 37 até agora neste ano, como em todo o Brasil, e os casos têm se apresentado cada vez mais cruéis. Nesta última semana, Douglas Alves da Silva, de 26 anos, autor da tentativa de feminicídio contra Tainara em São Paulo, deixou o país estarrecido, tamanha a brutalidade, o que a fez perder as duas pernas. No Nordeste, em Recife, o caso de Isabely, assassinada junto com os 4 filhos pelo ex que depois ateou fogo em toda a família, também foi muito chocante", relata Glaura.
O Levante Mulheres Vivas é um dos movimentos responsáveis pela convocação de mulheres e homens contra a violência de gênero no Brasil. A iniciativa ressalta que a indignação coletiva cresceu após a repercussão de crimes registrados em diferentes estados, como o assassinato de Catarina Karsten, em Florianópolis; a morte das servidoras do Cefet (Centro Federal de Educação Tecnológica) Maracanã, Allane Pedrotti e Layse Costa Pinheiro, no Rio de Janeiro.
Catarina foi estuprada e morta por um homem de 21 anos enquanto caminhava para uma aula de surfe. Allane, diretora, e Layse, psicóloga, foram assassinadas por um ex-colega de trabalho. A organizadora lembra que casos brutais também são vistos em Mato Grosso do Sul, destacando a invasão de casas das vítimas mesmo com o uso de tornozeleira eletrônica, como aconteceu com Alienne, em Dourados, que foi morta na frente do filho.
“Mulheres de Campo Grande, o silêncio não é mais uma opção. O Brasil enfrenta uma verdadeira epidemia de violência e nós precisamos ocupar as ruas. Neste domingo, o movimento Levante Mulheres Vivas convoca um ato histórico pelo nosso direito à vida”, afirma o grupo, em publicação nas redes sociais.
Os atos também cobram a responsabilização das plataformas digitais diante da disseminação de discursos de ódio e misoginia. “A rede de proteção precisa funcionar na prática, não apenas no papel. Exigimos orçamento executado, delegacias 24h e segurança real”, diz o texto de convocação.
A pressão por medidas contra ambientes virtuais que estimulam violência ficou mais evidente nos últimos dias com a denúncia de agressão e tentativa de estupro envolvendo Thiago da Cruz Shoba, 37 anos, conhecido como Thiago Shutz, o “Calvo do Campari”. Ele ganhou notoriedade nas redes sociais como um dos propagadores do movimento “red pill”, associado a discursos misóginos e à incitação ao ódio contra mulheres.
"O que vemos é a proliferação de uma cultura misógina que precisa ser criminalizada. Essa ferramenta discursiva do machismo, que é a misoginia, tem feito milhares de adeptos que não notam que, na verdade, estão sendo usados para alimentar uma indústria lucrativa. Eles são sequestrados por uma ideologia machista tóxica e mortal, que propaga somente o ódio às mulheres. Não constrói nada, apenas destrói as relações", destaca a jornalista.
Mato Grosso do Sul já registrou, neste ano, 37 feminicídios e, de acordo com a Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), até 14 de novembro deste ano, 1.819 casos de estupro, 75 tentativas de feminicídio e 18.508 registros de violência doméstica.
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