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Lado Rural

Pesquisa quer ampliar oferta de sementes nativas para restaurar o Cerrado

Estudo da Embrapa foca na qualidade para reduzir custos e acelerar a recuperação do bioma

Por José da Cruz | 05/12/2025 13:30


Pesquisa quer ampliar oferta de sementes nativas para restaurar o Cerrado
Ao contrário das sementes agrícolas, as de espécies nativas são, em sua maioria, colhidas diretamente na natureza, o que é feito geralmente por redes de trabalhadores e comunidades locais - Foto: Juliana Freire.

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A Embrapa, em parceria com a startup Morfo Brasil, iniciou uma pesquisa para estudar o comportamento de espécies nativas do Cerrado, visando aprimorar protocolos de germinação, conservação e armazenamento de sementes florestais. O projeto integra um esforço nacional para recuperar 12,5 milhões de hectares até 2030. O estudo busca superar desafios como a escassez de informações sobre manejo, beneficiamento manual e armazenamento adequado das sementes. A iniciativa também pretende beneficiar coletores comunitários e reduzir custos de projetos de restauração, já que sementes de baixa qualidade podem exigir até cinco vezes mais volume por hectare.

A restauração de áreas degradadas do Cerrado depende de um insumo ainda escasso: sementes florestais de qualidade. Uma pesquisa da Embrapa, em parceria com a startup Morfo Brasil, vai investigar o comportamento de espécies nativas do bioma para melhorar protocolos de germinação, conservação e armazenamento — etapas essenciais para ampliar a oferta e reduzir custos de projetos ambientais.

O estudo integra um esforço nacional para recuperar 12,5 milhões de hectares até 2030 e inclui sementes coletadas em regiões onde a Morfo já atua com restauração ecológica. A cada mês, lotes serão enviados à Embrapa para análise de pureza, teor de água, peso e taxa de germinação.

Segundo a pesquisadora Juliana Müller Freire, a grande diversidade de espécies do Cerrado e o pouco conhecimento disponível sobre elas ainda dificultam o manejo eficiente das sementes. Há casos em que sequer existe bibliografia básica sobre secagem, dormência ou métodos ideais de germinação.

Entre os desafios está a obtenção de sementes em quantidade suficiente e o beneficiamento, muitas vezes manual, que exige conhecimento detalhado das características de cada espécie. Outra barreira é o armazenamento: algumas sementes são recalcitrantes, não toleram secagem e exigem controle rigoroso de umidade e fungos — condição comum em espécies do Cerrado.

Melhorar essa cadeia significa tornar os projetos menos caros. Um estudo internacional citado pela Embrapa mostra que sementes de baixa qualidade podem exigir até cinco vezes mais volume por hectare, elevando custos e dificultando a recuperação de áreas grandes. No Cerrado, onde a degradação avança e exige respostas rápidas, o impacto pode ser ainda maior.

A pesquisa também deve beneficiar coletores comunitários que atuam no bioma. A maior parte das sementes nativas é extraída diretamente da natureza por redes de trabalhadores rurais, agricultores familiares e comunidades tradicionais. Informações sobre tempo de armazenamento, condições ideais e durabilidade podem aumentar a renda desses grupos e reduzir perdas.

Ao desenvolver protocolos específicos para espécies do Cerrado, a Embrapa pretende fortalecer toda a cadeia de restauração. A expectativa é que sementes mais vigorosas, com germinação uniforme e rastreabilidade garantida, permitam acelerar o plantio direto — técnica vista como alternativa para recuperar rapidamente grandes áreas do bioma mais ameaçado do Brasil.