Com dívidas de R$ 120 milhões, frigorífico pede recuperação judicial

O frigorífico Balbinos Agroindustrial, instalado em Sidrolândia, município a 71 quilômetros de Campo Grande, pediu recuperação judicial na Vara Regional de Falências e Recuperações da Capital na manhã desta sexta-feira (31), após ser denunciado por produtores por calote na compra de bois.

O pedido, feito por meio de ação cautelar antecedente, busca suspender execuções e bloqueios judiciais enquanto a empresa tenta reorganizar as finanças. A defesa atribui o pedido à crise financeira grave, agravada por endividamento bancário, alta de custos e queda no consumo interno.

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De acordo com o documento, a empresa declarou passivo total de R$ 120,8 milhões, valor também atribuído como causa da ação. Além das dívidas com fornecedores e bancos, o frigorífico reconhece débitos fiscais de R$ 107,6 milhões inscritos na PGFN (Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional), sendo 97% ligados ao Funrural (Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural).

A petição obtida pela reportagem pede a suspensão de ações e protestos por 180 dias e o impedimento de busca e apreensão de bens essenciais, como maquinários e veículos.

A Balbinos diz que emprega 350 trabalhadores diretos e 250 indiretos e que tenta preservar empregos e manter o abate de bovinos.

O frigorífico alega que a crise foi "[...] agravada pela redução da oferta de gado em Mato Grosso do Sul, o que elevou o preço da arroba e encareceu a produção". Segundo o pedido, a unidade trabalha apenas no mercado interno, competindo com frigoríficos exportadores que vendem à China e conseguem preços melhores. A petição cita ainda o endividamento com os bancos Daycoval, Sofisa e Banco do Brasil, somando mais de R$ 40 milhões, e um financiamento com o FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios) Unique, de R$ 3,5 milhões.

O documento detalha que, até setembro de 2025, o ativo total da empresa era de R$ 185,4 milhões, o passivo circulante de R$ 32,5 milhões e o exigível de longo prazo de R$ 130,3 milhões. O balanço contábil aponta prejuízos acumulados de R$ 15,5 milhões até o fim de 2024. A defesa argumenta que a recuperação judicial é necessária para evitar colapso nas operações e garantir a reorganização das dívidas sob supervisão judicial.

A empresa confirma que concedeu férias coletivas aos funcionários, usando o período para “manutenção da estrutura fabril”. O documento explica que a paralisação se deu porque o capital de giro foi totalmente comprometido, inviabilizando a compra de animais para abate. O texto pede que a Justiça suspenda descontos automáticos e cobranças de recebíveis feitos por instituições financeiras, considerados pela defesa como fatores de “asfixia da operação”.

No pedido, os advogados solicitam tramitação sob sigilo parcial para documentos que contenham dados de funcionários, extratos bancários e declarações fiscais. O processo também pede a intimação do Ministério Público e comunicação às Fazendas Públicas Federal, Estadual e Municipal. O juiz responsável ainda não decidiu sobre o pedido de suspensão das ações, que, se aceito, garantirá à empresa um prazo de 180 dias para apresentar o plano de recuperação judicial completo.

A Balbinos foi constituída em 8 de junho de 2010 e tem capital social declarado de R$ 30,6 milhões, dos quais R$ 30 milhões ainda a integralizar pelo sócio José Márcio Fedes. A empresa informou no processo possuir certidões regulares do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e da Justiça do Trabalho e não ter registros anteriores de falência ou recuperação.

O Campo Grande News segue tentando contato com os representantes da empresa, que não responderam até o fechamento desta edição.

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