Contra redução de plantões, profissionais da saúde se reúnem com secretário
O secretário de Saúde de Campo Grande, Jamal Salem está reunido com integrantes dos conselhos de saúde de do município e do estado para discutir a redução dos plantões dos profissionais da área. O corte vai atingir enfermeiros, técnicos de enfermagem e assistentes sociais que atuam na rede municipal de saúde.
A categoria está concentrada na sede do Conselho Regional de Odontologia, onde aguarda o resultado do encontro. A reunião só foi marcada após os profissionais darem início a uma assembleia, às 8 horas, no auditório do CRO. Pelo menos 200 pessoas estão no local.
Segundo Sonia Maria Ferreira dos Santos, presidente da Associação dos Enfermeiros de Campo Grande, a categoria tem uma jornada de 40 horas semanais e os plantões representam pelo menos 50% dos ganhos mensais dos servidores. Com o corte anunciado pelo prefeito Gilmar Olarte, que deverá vigorar na segunda-feira, o profissional que antes tinha direito a 14 plantões agora só poderá assumir dez por mês.
A assistente social Ana Maria Pinto Benitez, lotada no posto de saúde do bairro Guanandi diz que está preocupada com a decisão da prefeitura devido aos compromissos financeiros que assumiu. “Fomos pegos de surpresa, agora não sei como vou arcar com minhas dívidas”, destaca. Os assistentes sociais tem uma carga horária de 30 horas semanais e para suprir a falta de profissionais nas unidades de saúde fazem em média, de dez a 12 plantões por mês, porém agora esse número deverá cair para apenas quatro.
Além do corte nos plantões, a categoria discute com o secretário sobre a questão do plano de cargos e carreiras. “Não gostamos de fazer muitos plantões, mas é o único jeito de melhorar nossa renda. O certo seria termos um salário digno para não ter que nos sacrificarmos tanto”, ressalta Sonia.
Ela diz que a categoria também está preocupada com a falta de profissionais nos postos, e que a redução nos plantões vai prejudicar o atendimento à população. Durante a assembleia, um grupo de técnicos em enfermagem do posto da Vila Almeida revelou que constantemente os profissionais são hostilizados devido a demora no atendimento e que se os cortes forem mantidos, o atendimento vai piorar. No local há 18 plantonistas e caso esse número seja reduzido, os profissionais temem não conseguir atender de forma correta pacientes que chegarem com problemas graves.
Histórico
O problema teve início em janeiro, quando a secretaria de Saúde determinou o corte dos plantões. A categoria enviou um ofício, sustentado pelo Conselho Municipal de Saúde, que fez sugestões para evitar os cortes. Entre as medidas sugeridas estava a redução de cargos comissionados na prefeitura, porém, segundo os profissionais, não houve retorno.
No documento também foi questionado o acúmulo de funções e os plantões realizados por médicos do Cemp (Centro Municipal Pediátrico), que recebem 100% a mais que os profissionais que trabalham nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento).
A redução das horas extras afetou até o pessoal administrativo e motoristas, de acordo com o presidente da Associação dos Enfermeiros da Capital, Neiton Stradiotto. Ele destacou em sua fala que, caso a decisão não seja revista, a categoria não descarta uma paralisação.
Os vereadores Carla Stephanini (PMDB), Luiza Ribeiro (PPS) e José Chadid (sem partido) participaram da assembleia e se comprometeram em mediar as discussões entre os profissionais da saúde e a administração. Foram eles que conseguiram encaixar um encontro das categorias com o secretário.