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Covid faz disparar busca por vacinas tríplice viral e contra pneumonia

As justificativas são das mais diversas possíveis, apesar de ser importante se vacinar, nenhum delas protege contra a covid-19

Paula Maciulevicius Brasil | 15/02/2021 13:30
Covid fez população correr para se vacinar, mas nem sempre com o propósito de atualizar a carteira de vacinação. (Foto: Henrique Kawaminami)
Covid fez população correr para se vacinar, mas nem sempre com o propósito de atualizar a carteira de vacinação. (Foto: Henrique Kawaminami)

Desde que os primeiros casos da covid-19 começaram a ser registrados em Mato Grosso do Sul, os campo-grandenses correram para as clínicas particulares de vacinação à procura de duas específicas: pneumo 13 e, mais recentemente, tríplice viral. As justificativas dos clientes no balcão são das mais diversas possíveis, desde que uma traria possível proteção contra pneumonia causada pelo coronavírus até que os componentes da outra seriam os mesmos da vacina contra a covid-19.

"Para gente foi uma surpresa, principalmente a procura pela tríplice viral, até que perguntamos por quê e disseram que era uma história que havia começado em Santa Catarina", explica a técnica Edna Maria da Cunha da Vaccine Care.

A "história" é um estudo preliminar que indica que a tríplice viral poderia diminuir o risco de se ter covid sintomática. A pesquisa que ainda está em andamento é realizada pelo Centro de Pesquisa do Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação de Santa Catarina (Fapesc). A própria publicação feita pelo Governo de Santa Catarina no dia 26 de janeiro de 2021 ressalta que as informações ainda são preliminares.

Em clínicas particulares, nunca se vendeu tantas doses como desde início da pandemia. (Foto: Arquivo/Campo Grande News)
Em clínicas particulares, nunca se vendeu tantas doses como desde início da pandemia. (Foto: Arquivo/Campo Grande News)

Na pesquisa, os voluntários vacinados com a tríplice viral tiveram redução de 54% na possibilidade de ter sintomas de covid, enquanto o risco de serem internados caiu para 74%.

A tríplice viral age contra sarampo, caxumba e rubéola, usa microorganismos vivos e atenuados. Ainda segundo a notícia do Governo de Santa Catarina, estudos têm demonstrado que esse tipo de imunizante apresenta resposta imunológica a vários outros agentes. Desde julho, os pesquisadores catarinenses estão estudando o seu efeito na prevenção e na severidade da covid-19, causada pelo novo coronavírus.

"Depois disso, todo mundo enlouqueceu, a gente só não vacina quem tem mais de 50 anos. Só se tiver prescrição médica", completa Edna.

Já não é novidade a procura pela pneumo 13, vacina que protege contra 13 "subtipos" de pneumonia, e as clínicas precisam dar conta da demanda. Em um comparativo com os anos anteriores, a técnica da Vaccine Care diz que já vendeu, do ano passado para cá, mais vacinas pneumo 13 do que nos últimos cinco anos. Para se ter uma ideia, as vacinas chegam a custar R$ 391,00 a pneumo e R$ 110,00 a tríplice.

Na clínica de vacinação Imunitá, a procura pela tríplice viral não foi tanta, até porque os estudos da relação com a covid-19 estão longe de terminar, segundo o diretor técnico responsável, o médico Alberto Jorge Félix. No entanto, a pneumo 13 virou a menina dos olhos dos clientes desde o início da pandemia.

"A pneumo protege quanto às doenças bacterianas causadas pelo pneumococos, inclusive pneumonia. E o que está acontecendo é que as pessoas estão com medo da pneumonia pós-covid, que pode ser uma complicação, e aumentou a preocupação", avalia o médico.

A vacina é rotina para todas as crianças e está disponível apenas na rede particular, pelo SUS, é dada a pneumocócica conjugada, que protege contra apenas 10 subtipos de pneumococos.

Apesar de essenciais para a saúde, vacina pneumo 13 não protege contra covid. (Foto: Arquivo/Campo Grande News)
Apesar de essenciais para a saúde, vacina pneumo 13 não protege contra covid. (Foto: Arquivo/Campo Grande News)

Adianta ou não? - Médico infectologista da Fiocruz, Rivaldo Venâncio, explica que nem tríplice viral nem pneumo 13 protegem contra a covid-19 ou substituem as vacinas da covid, como Coronavac e AstraZeneca.

"A vacina tríplice viral tem a indicação dela, mas não dá proteção cruzada contra outro vírus. Ela é para caxumba, sarampo e rubéola. Não protege se você tomar a tríplice viral e também não vai te fortalecer para você não pegar covid-19. Apesar de ser uma vacina importantíssima e que todos devem tomar, de acordo com o cronograma e faixas etárias preconizadas pelo Programa Nacional de Imunização", esclarece o médico.

Sobre a vacina contra os subtipos de pneumococo, Rivaldo também é enfático ao dizer que ela não protege diretamente contra a infecção do coronavírus, mas não deixa de ser importante estar em dia. "É uma proteção para uma enfermidade respiratória, a pessoa pode deduzir que se tiver tido pneumonia, vai debilitar os pulmões e poderia ter sido protegida pela vacina, este caso faz sentido, mas temos que deixar claro que não substitui a vacina contra a covid", descreve.

Nem mesmo em casos em que o paciente internado com covid desenvolve pneumonia a vacina seria garantia de proteção. "É difícil dizer, tem um mundo de causa de pneumonias, inclusive causas virais, ela não evita a covid", ressalta.

Em enquete feita no Campo Grande News neste final de semana, a maioria dos leitores respondeu que não está em dia com a carteirinha de vacinação. Os campo-grandenses ainda devem se preocupar com outros imunizantes e procurar manter a documentação em dia.

O resultado mostrou que 81%, dos leitores responderam enquete dizendo que não atualizaram a carteira de vacinação ao longo dos últimos 11 meses, marcados pela pandemia da covid-19. Mesmo que nem todos tenham acesso ainda ao imunizante contra o coronavírus, é importante que se tome as vacinas que estão "atrasadas".

O ideal é seguir o calendário de vacinação e se imunizar nas idades recomendadas, mas caso não tenha recebido alguma, é importante tomar, desde que ela ainda seja recomendada para a idade adulta, como tétano, coqueluche e difteria.

"É importantíssimo se puder tomar, especialmente a pneumocócica, as pessoas precisam manter a saúde em dia", frisa o médico Rivaldo.

Carteira de vacinação - Para qualquer tipo de vacina a ser tomada, não é necessário que a pessoa esteja com o documento em mãos. Apesar disso, estar com o cartão em dia facilita na hora de saber qual imunizante deverá receber, além de poder comprovar que está vacinado em locais de trabalho, viagens, dentre outros locais que possam requisitar essas informações.

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