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Capital

Da área nobre à periferia, drama de mulheres se cruza na mesma dor

Aline dos Santos | 13/01/2014 17:39
Acusado de matar a mulher a pedradas chega na Delegacia da Mulher, na Capital (Foto: Marcos Ermínio)
Acusado de matar a mulher a pedradas chega na Delegacia da Mulher, na Capital (Foto: Marcos Ermínio)

Uma era médica, no bairro nobre. Outra vivia de programas de transferência de renda, na periferia de Campo Grande. Histórias distintas, mas que em 2014 se cruzaram na mesma dor. A médica Maria José de Pauli, de 60 anos, e Laida Andréia Samulha Romualdo, de 35 anos, cuja renda mensal era de R$ 192, foram mortas pelos companheiros.

Com três filhas, a vida conjugal de Maria José e o pecuarista José Mário Ferreira, de 58 anos, teve desfecho trágico na noite do último sábado, dia 11. Após 32 anos de casamento, ele matou a esposa com uma barra de ferro e, em seguida, se suicidou. O cenário foi a casa da família, no bairro Monte Líbano.

De acordo com Polícia Civil, Maria José teria descoberto uma traição do marido e, por isso, pediu a separação. A médica registrou ocorrência de injúria contra o marido, na Deam (Delegacia Especializada Atendimento à Mulher), mas recusou pedir medida protetiva.

Um ataque a pedradas pôs fim à vida de Laida Andréia Samulha Romualdo, 35 anos. O agressor foi o ex-marido Anderson César Firmino, 24 anos. Após cinco anos de agressões, ela se separou do marido e foi morar com os filhos em uma casa no conjunto José Teruel Filho, erguido nas imediações do lixão, na saída para Sidrolândia. Laida morreu na Santa Casa de Campo Grande. Ela tinha quatro filhos: de 3,5, 13 e 16 anos.

No dia 4 de janeiro, tiros, disparados pelo ex-marido, interromperam os sonhos de Dayane Silvestre Uliana, 26. Separada, ela tinha voltado a trabalhar e pretendia retomar os estudos para cursar faculdade. Dois dias antes de ser morta, a jovem voltou a ser operadora de caixa em uma lotérica.

Como a separação foi há quatro meses, ela acreditou ter deixado para trás as agressões. “Ela quase nunca comentava. Tinha medo dele, falava quer ele era muito perigoso e poderia fazer algo contra seus irmãos”, conta Letícia Escobar Silvestre, de 19 anos, prima de Dayane.

Júlio César confessou que matou a mulher, mas justificou que a amava demais (Foto: Aliny Mary Dias)
Júlio César confessou que matou a mulher, mas justificou que a amava demais (Foto: Aliny Mary Dias)

Réu confesso, Júlio César Martins Ferreira, de 38 anos, se entregou à Polícia e está preso. O ex-marido disse que matou Dayane por “amar demais”. O crime deixou órfã um menino de 1 ano e dois meses, filho do casal.

O assassinato de Jéssica Bárbara Maldonado, 21 anos, foi o desfecho trágico de um relacionamento marcado por idas e vindas. Ela morreu em dezembro, alvo de disparos efetuados pelo ex-marido Rafael Ramos Correa, 23 anos. Após balear Jéssica na cabeça, ele se matou.

“Era marcado por idas e vindas, casa e separa”, relata um primo da jovem, que pediu para não ter o nome divulgado.

Após o rompimento, a jovem foi dividir aluguel com dois amigos. “Eu fui a casa dela. A Jéssica estava tomando tereré, tranquila. Quatro, cinco horas depois, recebi uma ligação do dono da casa. Ele falou que tinha briga e sangue. Quando cheguei lá, encontrei o Rafael morto, com a arma na mão e a Jéssica agonizando. A família sofre muito por tudo o que aconteceu”, relata.

O casal deixa dois filhos: de 4 e 2 anos. O crime aconteceu na rua Engenheiro Américo de Carvalho Baís, Vila Almeida.

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