Delegada diz que Cira virou símbolo de enfrentamento para o país
O drama de Cira da Silva, que foi mantida por mais de duas décadas em cárcere privado e faleceu ontem, deve ficar como símbolo de enfrentamento para o resto do país.
“Uma mulher tão sofrida, tão forte, que resolveu enfrentar. Uma dignidade ímpar que serve de modelo de luta para o resto do país”, afirma a titular da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), Rosely Molina.
A delegada acompanhou de perto a situação da família, cuja situação veio a público em dezembro de 2013. Cira, os quatro filhos e o marido Ângelo da Guarda Borges moravam no bairro Aero Rancho, em Campo Grande.
A família, que vivia em situação desumana, não tinha água encanada, fazia as necessidades fisiológicas em um buraco no chão e tomava banho no quintal. Além de denúncias de agressões constantes.
A violência vivida por Cira ganhou projeção nacional em março do ano passado, quando deu entrevista à Ana Maria Braga, no programa Mais Você, da TV Globo. “Eu tinha muito medo, agora não tenho mais”, declarou, na ocasião.
Ela morreu de câncer aos 46 anos. Ângelo Borges foi condenado no regime aberto e desde fevereiro deste ano está em livramento condicional.