Deputado confirma que deu cheque de R$ 50 mil a morto carbonizado
Conforme adiantou o Campo Grande News, Maurício Picarelli admitiu que cheque encontrado na casa de engenheiro agrônomo é dele
O deputado estadual Maurício Picarelli (PSDB) confirmou, via assessoria de imprensa, que é seu um cheque de R$ 50 mil encontrado na casa do engenheiro agrônomo Sebastião Mauro Fenerich, 69 anos, que foi morto e teve corpo carbonizado na segunda-feira (10) em Campo Grande. Na manhã desta quarta-feira (12), o Campo Grande News publicou matéria sobre a descoberta da perícia criminal.
Em nota à imprensa, o parlamentar explicou que em 2014, ano em que foi reeleito para mais um mandato, fez negócios com o homem assassinado. Picarelli detalhou ainda que Fenerich era funcionário do ex-deputado estadual Jerson Domingos (PMDB), hoje conselheiro do TCE (Tribunal de Contas do Estado), e pessoas conhecida de "todos" na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul. A reportagem tentou, mas ainda não foi possível, contato com Domingos.
“Realizei negócio particular com o mesmo e possuo os documentos que serão apresentados à Justiça, caso requerido”, informou na nota, sem dar mais detalhes.
O parlamentar destacou que como o cheque foi emitido em 2014 estava vencido e por isso, fora substituído por um “crédito executivo extrajudicial”, ou seja, uma nota promissória.
Picarelli conclui o comunicado prestando solidariedade à família de Fenerich. “Neste momento de dor, apresento moção de pesar a família do mesmo”.
Agiotagem – A Polícia Civil trabalha com a possibilidade de que a vítima atuava como agiota, pela quantidade de cheques de terceiros encontrados na casa dela, em diversos valores.
As suspeitas do crime recaem, então, sobre algum cliente ou parceiro nas negociações irregulares de empréstimo. Uma das grandes questões da investigação é o fato de os cheques terem ficado intactos na casa, expondo os possíveis clientes.
O corpo de Fenerich ainda não foi reconhecido oficialmente, em razão do estado em que foi encontrado, mas a investigação já dá como certo que se trata dele.
Primeiro a registrar o caso, o delegado Weber Luciano, da 2ª Delegacia de Policia Civil, não detalhou os achados da perícia, confirmando apenas que a suspeita é de que os cheques encontrados eram referentes a empréstimos a juros, prática que configura crime no Brasil, passível de pena de até 2 anos de reclusão.
A reportagem já havia adiantado pela manhã que Fenerich era frequentador assíduo da Assemleia Legislativa.
O crime - Os restos mortais do agrônomo estão no Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal) à espera da identificação por meio de teste de DNA.
O corpo foi encontrado carbonizado no porta-malas de Hyndai HB20, na rua Missão Salesiana, no Jardim Seminário, na região norte de Campo Grande, no fim da tarde de segunda-feira.
Testemunha de 65 anos contou que viu quando dois homens, um deles em uma caminhonete, desceram dos veículos e atearam fogo no Hyundai HB20.
Na casa de Fenerich, além dos cheques, os peritos colheram impressões digitais, encontraram duas armas. O imóvel estava revirado.
O corpo foi encontrado na mesma região onde foi desovado o cadáver do ex-vereador Alceu Bueno, que também foi carbonizado pelos criminosos, em setembro do ano passado.
Veja a nota enviada pelo deputado na íntegra:
“Em resposta à veiculação de nota em jornal digital, por ser pessoa pública, esclareço à população sul-mato-grossense:
O Senhor Sebastião Mauro Fenerich é pessoa que trabalhava para o Ex-deputado Jerson Domingos, como já noticiado e, conhecido por todos na Assembléia Legislativa deste Estado;
Realizei negócio particular com o mesmo e possuo os documentos que serão apresentados à Justiça, caso requerido;
O cheque em poder do Senhor Sebastião Mauro Fenerich por minha pessoa foi emitido em 2014, encontrava-se vencido tendo sido, portanto, substituído por título de crédito executivo extrajudicial.
Neste momento de dor, apresento moção de pesar a família do mesmo.
Deputado Maurício Picarelli”