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Capital

Descaso, buracos e acidentes tornam avenida a 2ª mais violenta da Capital

Adriano Fernandes | 04/01/2017 07:15
A avenida Presidente Ernesto Geisel foi a segunda via com mais acidentes de trânsito em 2016.(Foto: Adriano Fernandes)
A avenida Presidente Ernesto Geisel foi a segunda via com mais acidentes de trânsito em 2016.(Foto: Adriano Fernandes)

Mais de 7 quilômetros de vias esburacadas, as margens do rio Anhanduí e sem guard rail. A falta de estrutura em uma das principais avenidas da cidade, aliado a imprudência dos condutores, fazem da avenida Presidente Ernesto Geisel uma das mais violentas de Campo Grande.

Não há quem passe por lá sem reparar na falta da estrutura metálica que deveriam separar as pistas do córrego e dar mais segurança aos condutores. Também há o desmoronamento de partes da avenida e os problemas com enchente, sem que haja medidas de contenção.

Estes são problemas que não só retratam o abandono da avenida Presidente Ernesto Geisel, mas segundo moradores e comerciantes, também influenciam em fazer dela, uma das mais violentas da Capital, quando somados a imprudência dos motoristas.

Em 2016, a Ernesto Geisel foi a segunda com maior número de acidentes em Campo Grande, com 254 ocorrências de janeiro até dezembro. Em pelo menos três deles, cinco pessoas morreram.

A campeã em acidentes continua sendo a avenida Afonso Pena, com 312 ocorrências e em terceiro lugar, a avenida Mato Grosso, onde ocorreram 163 acidentes de acordo com o Detran (Departamento Estadual de Trânsito).

Além da preocupação quanto a um trânsito inseguro quem vive por lá, também se queixa de um projeto milionário de revitalização que nunca saiu do papel. “Se ela fosse revitalizada, tivesse as pistas recapeadas ou até aumentadas, com instalação de mais redutores, talvez os motoristas controlassem mais ao volante e por consequência os acidentes talvez diminuíssem”, conta o empresário Tauri Florencio Hoffman da Silva, de 52 anos.

Avenida tem erosões que já tomam conta das vias. (Foto: Adriano Fernandes)
Avenida tem erosões que já tomam conta das vias. (Foto: Adriano Fernandes)

Dono de uma borracharia desde 2002 na avenida, ele conta que neste período presenciou a queda de pelo menos quatro veículos no rio Anhaduí, no trecho em frente e próximo ao Ginásio Guanandizão.

A última queda resultou na morte de três pessoas depois que o condutor de um CrossFox perdeu o controle da direção e caiu no rio, em novembro do ano passado. “Em horários de pico é difícil até mesmo conseguir atravessar, não só pela grande quantidade de veículos mas, claro, devido a imprudência dos motoristas”, explica.

Já o morador Odenir Mateus Ferreira, de 53, se impressiona com os acidentes envolvendo motociclistas. “Ocorrem sempre ali naquela curva. Os motoqueiros vem acelerados, perdem o controle e colidem. Já presenciei ao menos três, sem falar os que já caíram no córrego”, aponta em direção ao trecho próximo a Manoel da Costa Lima.

Ele também cobra a revitalização nas margens e leito do rio. “Uma margem mais limpa ia favorecer a visibilidade dos motoristas, sem falar do beneficio aos próprios pedestres caso sejam feitas ciclovias e praças”, comenta.

No cruzamento com a rua Bom Sucesso, onde em outubro um motociclista, de 33 anos caiu no leito do rio depois de ser atingido por um veículo, até mesmo a presença de usuários de droga sob o viaduto gera preocupação.

Trecho próximo ao Guanandizão já teve acidente com três mortes. (Foto: Adriano Fernandes)
Trecho próximo ao Guanandizão já teve acidente com três mortes. (Foto: Adriano Fernandes)
Rio Anhanduí também sofre as consequências do descaso público. (Foto: Adriano Fernandes)
Rio Anhanduí também sofre as consequências do descaso público. (Foto: Adriano Fernandes)

“Além da insegurança no trânsito da avenida, a presença destes usuários também agrava a situação. Por diversas vezes flagramos eles roubando pela vizinhança que já é violenta e se escondendo pelo rio”, comentou a vendedora de 35 anos, que preferiu não se identificar por medo.

“Mas é frequente também colisões aqui no cruzamento ou veículos que ao desviar de um buraco, chegam bem perto de cair no rio, nesse ponto que ainda por cima nem tem guard rail”, completa.

Problemas – Ao longo de aproximadamente 13 quilômetros, desde o viaduto da avenida Mascarenhas de Moraes, no bairro Monte Castelo até a avenida Campestre no Conjunto Aero Rancho, a “Norte Sul” como também é conhecida, muda de nomes em alguns trechos, mas todo o percurso ainda corresponde a extensão da Ernesto Geisel.

Além da buraqueira que aumenta o risco de acidentes quando os condutores desviam das crateras, a falta de estruturas metálicas nas laterais das pistas também gera insegurança.

Manilhas em cratera próximo ao viaduto da Avenida Graciliano Ramos. (Foto: Adriano Fernandes)
Manilhas em cratera próximo ao viaduto da Avenida Graciliano Ramos. (Foto: Adriano Fernandes)

As últimas foram instaladas em 19 cruzamentos da Ernesto Geisel em trechos mais ao Centro da cidade. Mas pontos críticos, como próximo ao Guanandizão e onde ocorreram acidentes com vítimas fatais, ainda ficaram de fora. Mais de 10 quilômetros da extensão da avenida não tem as defensas.

Quanto ao rio Anhanduí que ainda recebe muito do esgoto e lixo que é produzido na cidade, o curso d’água também cobra seu “espaço” natural com erosões que ao poucos invadem as pistas em diversos pontos.

A mais grave fica em frente ao Shopping Norte Sul Plaza onde a prefeitura improvisou com postes de madeira a sinalização que indica o desvio de uma cratera que começou a ceder o asfalto.

Mas ao fim da avenida, as manilhas no fundo de dois buracos com pelo menos três metros de altura, ao lado do viaduto da Avenida Graciliano Ramos, são reflexos das erosões formadas depois que tubulação de escoamento de água da chuva se rompeu.

Projeto - O projeto que prevê a revitalização da avenida teve seis anos de planejamento foi licitado e até iniciado em 2012, ao custo de R$ 68 milhões, ainda na gestão do ex-prefeito Nelsinho Trad, mas foi interrompido no ano seguinte, já que após a posse do prefeito cassado, Alcides Bernal (PP), a construtora que deveria realizar a obra acabou sendo desligada do projeto.

Desde então foram muitas as promessas de retomada, sendo que a última ordem de licitação foi lançada em março de 2015, sobre a administração de Gilmar Olarte e com a promessa de ser dividida em seis etapas.

Projeto de revitalização foi planejado desde 2012. (Foto: Arquivo)
Projeto de revitalização foi planejado desde 2012. (Foto: Arquivo)
Além do recapeamento projeto previa revitalização e construção de áreas de lazer nas margens da avenida. (Foto: Arquivo)
Além do recapeamento projeto previa revitalização e construção de áreas de lazer nas margens da avenida. (Foto: Arquivo)

A obra contemplaria além da canalização e a revitalização das margens do rio, o recapeamento da avenida Ernesto Geisel numa extensão de 7,5 quilômetros, no trecho entre a rua Santa Adélia (em frente do shopping Norte Sul Plaza) até a avenida Campestre, no bairro Aero Rancho.

Seriam implantadas seis praças de convívio; pista de caminhada e 8,5 quilômetros de pista de ciclovia, além de defensas metálicas em pontos de risco para queda de veículos no rio.

No leito do rio Anhanduí iriam se construídos muros laterais com placas de concreto e sistema gabião para a drenagem da água e a urbanização com grama das margens. Para evitar erosão e manter o leito estabilizado, seriam instalados travessões a cada 20 metros.

No entanto o projeto emperrou novamente e quando retornou ao cargo de prefeito, Bernal prometeu novamente destravar as obras até janeiro de 2016. Antes disso duas empresas que foram vencedoras dos primeiros processos licitatórios desistiram da obra e em seguida a prefeitura revogou a licitação em julho daquele mesmo ano de 2015.

A equipe do prefeito Marquinhos Trad (PSD), ainda em início de mandato, informou que está verificando os projetos atrasados, mas em breve, irá se manifestar sobre a possível retomadas das obras na Avenida Ernesto Geisel.

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