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Devendo de funcionários a pacientes, clínica tem acesso bloqueado por locador

Profissionais da Clínica Carandá informaram que dono do prédio estava revoltado com a falta de pagamento

Lucia Morel | 06/03/2023 16:36
Imagem enviada por funcionários mostra trator bloqueando portão de entrada da clínica no sábado. (Foto: Direto das Ruas)
Imagem enviada por funcionários mostra trator bloqueando portão de entrada da clínica no sábado. (Foto: Direto das Ruas)

Devendo R$ 360.342,15 a fornecedores que ajuizaram ação para cobrança de dívidas, a Clínica Carandá enfrentou problema com o dono prédio onde a unidade funciona, na saída para São Paulo. Ele fechou a entrada com um trator e impediu que qualquer veículo, seja carro, moto ou ambulância, acessasse o local.

Funcionários já desgastados com a falta de pagamento frequente entraram em contato com o Campo Grande News relatando o que ocorreu sábado e informando que foram ameaçados de demissão caso divulgassem aquela situação no dia. “A clínica teve a entrada bloqueada no sábado pelo proprietário do prédio. Isso devido à falta de pagamento”, comentaram.

Os trabalhadores disseram que a clínica prometeu pagar o aluguel amanhã e por isso, não houve bloqueio hoje. “No sábado, motos, carros, veículos de qualquer natureza não entraram. Hoje não, porque prometeram pagamento amanhã. Mas já sabemos que não vão pagar”, lamentaram, reforçando que “estamos com contas em atraso e alguns nem têm como ir trabalhar mais”.

Dívidas – entre as dívidas mais volumosas da clínica com fornecedores estão dois empréstimos que somam R$ 151.105,69 com o Sicredi. “Não obstante a todos os esforços, a Exequente não logrou êxito no recebimento do crédito, não restando alternativa senão a presente ação executiva”, cita a petição do banco nas duas ações de cobrança, impetradas em agosto do ano passado.

Em uma delas, os responsáveis pela clínica foram citados para que paguem, mas “nessa toada, considerando que dinheiro é o primeiro na ordem de preferência nas penhoras, requer o bloqueio das contas bancárias do devedor via SISBAJUD, e após o bloqueio, seja realizada a penhora do referido numerário”, pede o banco em um complemento à petição.

O último andamento desse processo, que tramita na 2ª Vara de Execução de Título Extrajudicial, Embargos e demais Incidentes, revela que em nenhum momento do trâmite a clínica se manifestou nos autos. “Certifico, para os devidos fins, que decorreu o prazo sem manifestação do executado. Nada mais”, conforme documento do dia 7 de fevereiro.

Outras duas ações de cobrança com valores volumosos são de médicos que prestaram serviço na unidade e não receberam. Um pede R$ 43.225,00 e o outro R$ 49.290,17. Em um dos casos, o profissional alega que houve contrato verbal para realizar plantões, “no entanto, a remuneração pela prestação dos referidos serviços nos meses de novembro e dezembro de 2019 e janeiro de 2020 não foi paga”.

Na contestação, a clínica alega que as assinaturas na folha de ponto de plantões “não comprova tratar-se de plantões realizados no interior da requerida, uma vez que não consta qualquer papel timbrado ou, ainda, provas de que o mesmo prestou serviços naquela unidade”.

Também alega que algumas das provas são prints de conversas do médico com a clínica, entretanto, “o entendimento majoritário dos Tribunais é de que a mera juntada de prints sem a devida comprovação de sua legitimidade não pode ser usada como elemento probatório, ao passo que prints de tela sucessivos, sem o contexto total da conversa, podem conduzir o juízo a erro”, e ainda sugere que tais documentos são passíveis de fraude.

Entre os fornecedores que cobram na Justiça o pagamento da Clínica Carandá estão psicólogos, empresas de medicamentos e produtos hospitalares, e até dedetização não paga e valores não devolvidos a pacientes. Nesse último caso, a dívida com dois clientes é de R$ 6.720,92. A clínica embolsou o recurso pago a mais e não devolveu.

A reportagem entrou em contato com a Clínica Carandá, que informou através de seu advogado, David Amizo Frizzo, que todas as dívidas “estão todas sendo pagas em Juízo, alguns parcelados e outros com a quitação, seguindo uma ordem de prioridades para os salários e verbas rescisórias”. Já sobre o bloqueio de acesso, a empresa decidiu não comentar.

Sobre a interdição do local em 3 de outubro, o processo em andamento não apresenta movimentação desde novembro e a unidade de saúde permanece recebendo casos de urgência e emergência com base em decisão liminar.

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