Diretor da Unei é afastado e unidade passa por pente-fino após fugas
Batalhão do Choque está na Unei desde cedo, fazendo vistoria; em dezembro, 26 adolescentes fugiram da Unei, depois de emboscada
O diretor-adjunto da Unei (Unidade Educacional de Internação) Dom Bosco, Ricardo Lopes de Lima, foi dispensado da função, conforme resolução do Diário Oficial. A decisão publicada nesta quinta-feira foi divulgada no mesmo dia em que a unidade passa por pente-fino.
A equipe do Batalhão de Choque da PM (Polícia Militar) está na unidade desde às 8h, vasculhando os pavilhões. O trabalho é acompanhado por três agentes de segurança, enquanto a maioria está do lado de fora, aguardando a vistoria. De fora, é possível ouvir gritos dos adolescentes.
A resolução da dispensa de Ricardo Lopes de Lima foi assinada pelo secretário-adjunto de Estado de Justiça e Segurança Pública, Ary Carlos Barbosa, com base na Lei nº 4.894, de 26 de julho de 2016, que rege a carreira de agentes de segurança socioeducativa.
A dispensa ocorre cerca de um mês depois da fuga de 26 internos, que armaram emboscada para os agentes, simulando espancamento de um interno. Os agentes foram surpreendidos quando abriram a grade do pavilhão B e rendidos.
Com as chaves da Unei, adolescentes conseguiram abrir outros alojamentos e o portão de acesso ao prédio. Parte deles fugiu pela porta da frente, enquanto alguns pularam o muro. Durante a fuga, um agente chegou a ser agredido e ameaçado de morte.
Não há informação se a dispensa da função de diretor-adjunto está relacionada a este episódio ou a fato anterior.
Reclamações – Enquanto o pente-fino está sendo realizado, os agentes que ficaram do lado de fora aproveitaram para reclamar da falta de estrutura de trabalho e da lotação da unidade.
Paulo Henrique Oliveira disse que hoje há 82 internos na Unei Dom Bosco. Com isso, a distribuição é de 1 agente para 25 internos, enquanto o considerado ideal é de 1 agente para 3 adolescentes.
O servidor também reclama da falta de vistoria da PM na parte externa da Unei, o que facilita ação de pessoas externas, que jogam armas e drogas para dentro do prédio.
A assistente social Simone Menezes de Faria também citou a falta de material e estrutura, além de critério de internação de jovens com síndromes graves. “Não somos preparados para atender esses adolescentes”.