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Capital

Estoque de velas e lanternas: moradores denunciam quedas constantes de energia

Comunidade enfrenta apagões prolongados, prejuízos domésticos e falta de solução efetiva

Por Bruna Marques e Raíssa Rojas | 16/10/2025 18:15
Estoque de velas e lanternas: moradores denunciam quedas constantes de energia
Izabel Ortega, agente de saúde, mostra o radinho antigo com lanterna que usa para iluminar a casa durante os apagões (Foto: Osmar Veiga)

A rotina dos moradores do Jardim Itatiaia, em Campo Grande, parece ter incorporado um item que deveria ser de emergência: o estoque de velas e lanternas. Entre relatos de calor insuportável, alimentos estragados e prejuízos ao trabalho remoto, a comunidade denuncia falhas frequentes no fornecimento de energia elétrica e a ausência de soluções efetivas por parte da Energisa.

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Moradores do Jardim Itatiaia, em Campo Grande, denunciam falhas constantes no fornecimento de energia elétrica. Os apagões são tão frequentes que os residentes mantêm estoques permanentes de velas e lanternas. Relatos incluem prejuízos com alimentos estragados e trabalho remoto prejudicado. A situação é especialmente crítica para famílias com necessidades específicas, como o caso de um jovem diabético que precisa manter insulina refrigerada. A Energisa, concessionária responsável, não apresenta soluções efetivas, e as interrupções afetam diversos bairros da cidade, com ocorrências que podem durar até sete horas.

Segundo os moradores da Rua Conde de São Joaquim, os apagões são tão comuns que já fazem parte do cotidiano. “Tenho uma gaveta de velas e fósforos só para isso. O fogão é elétrico, mas sempre deixo fósforo à mão”, conta Larissa Trelha, 40 anos, professora, que vive no residencial desde 2021.

Conforme a moradora, mesmo ligando na Energisa e abrindo chamado, o sistema diz que pode levar até duas horas. “Quando volta, ninguém sabe quanto tempo vai durar. Hoje nem está ventando, então não tem mais justificativa”.

Estoque de velas e lanternas: moradores denunciam quedas constantes de energia
Moradores mantêm estoque de velas e fósforos para enfrentar as frequentes quedas de energia (Foto: Arquvio pessoal)

Na mesma rua, Valdecir Carrilho Ferreira, 65 anos, servidor público, também lida com o problema há mais de uma década. “Esse transformador já estourou umas quatro vezes. Trabalho em home office e fico sem conseguir produzir. Ontem foram sete horas sem luz. Quando voltei pra casa, estava um breu, só consegui ver com a luz alta do carro”.

As queixas se multiplicam nos grupos de WhatsApp da vizinhança. Há registros de caminhões da Energisa parados na região até de madrugada, sem previsão de restabelecimento. “Ontem, às 23h, o caminhão estava parado porque tinha cabo rompido. A luz só voltou às 4h30”, relata Larissa.

Estoque de velas e lanternas: moradores denunciam quedas constantes de energia
Fiação e transformadores sobrecarregados são apontados pelos moradores como uma das causas das interrupções de energia (Foto: Osmar Veiga)

Já na Rua Abílio Soares, o impacto vai além do desconforto. Michele Ricarte de Azede, 34 anos, cozinheira, vive um drama ainda maior. O filho, de 19 anos, tem diabetes e precisa manter a insulina refrigerada. “Meu filho dormiu sentado do lado de fora por causa do calor. Misericórdia, foram muitas horas sem energia. Entrei no aplicativo da Energisa e estava a mesma mensagem: sem previsão de volta. A insulina precisa ficar em 21 graus, e a gente sabe que assim ela perde o efeito”.

A moradora diz que a falta de energia também afeta o trabalho. “No restaurante em que trabalho, o sistema cai e a gente perde clientela. Tem gente que vai embora sem pagar porque não dá pra passar no caixa. Isso se repete direto".

Estoque de velas e lanternas: moradores denunciam quedas constantes de energia
Caixa de insulina NPH, que deve ser mantida em temperatura controlada (Foto: Osmar Veiga)


Para Izabel Ortega, 57 anos, agente de saúde, a situação já virou rotina previsível. “Toda vez que muda o tempo, já sei que vou ficar sem energia. Ontem tiveram dois estouros grandes e ficou um calor imenso. Dormir foi impossível. Fico com medo de queimar os aparelhos.” Para enfrentar a escuridão, ela recorre à lanterna de um radinho de pilha antigo e à luz do celular, que usa até a bateria acabar.

Apesar das repetidas reclamações, os moradores afirmam que a empresa nunca informa uma previsão concreta para o restabelecimento. “A resposta é sempre a mesma: sem previsão”, diz Larissa. “É uma área que está crescendo, mas não tem asfalto e nem energia confiável. A gente se sente abandonado”, lamentou.

Estoque de velas e lanternas: moradores denunciam quedas constantes de energia
Emaranhado de cabos aéreos ilustra a complexidade da rede elétrica (Foto: Osmar Veiga)

Na noite de ontem - Diversos bairros de Campo Grande ficaram sem energia elétrica nesta quarta-feira. As áreas afetadas incluíram Jardim Itatiaia, Tiradentes, Cristo Redentor, Jardim Mansur, São Lourenço e parte do Chácara Cachoeira. A interrupção começou por volta das 21h30, após fortes rajadas de vento de até 30 km/h, segundo o Climatempo.

Na ocasião, a reportagem entrou em contato com a Energisa, concessionária responsável pelo fornecimento elétrico. Por nota, a empresa disse que equipes já estão empenhadas para identificar o que causou o apagão.

Estoque de velas e lanternas: moradores denunciam quedas constantes de energia
Valdecir Carrilho Ferreira, servidor público, mora há 13 anos no bairro (Foto: Osmar Veiga)

"Verificamos com a operação e estamos com uma ocorrência neste momento que atinge parcialmente clientes na região. O caso teve início por volta das 21h38. Equipes da Energisa já estão no local, empenhadas em identificar a causa do defeito e realizar os reparos necessários para normalizar o fornecimento de energia para todos”, disse o setor de comunicação.

O Campo Grande News solicitou posicionamento da Energisa sobre a reclamação dos moradores, mas, até a publicação desta reportagem, não houve resposta.

Estoque de velas e lanternas: moradores denunciam quedas constantes de energia
Rua Conde de São Joaquim segue sem asfalto e com infraestrutura precária (Foto: Osmar Veiga)

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