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Capital

Garras investiga se bancário participou de esquema antes de ser sequestrado

Caso envolvimento do homem de 47 anos com a quadrilha seja comprovado, ele vai responder por furto

Por Ana Paula Chuva e Geniffer Valeriano | 16/10/2023 15:05
Simulacro usado pelos bandidos durante o sequestro dos bancários (Foto: Paulo Francis)
Simulacro usado pelos bandidos durante o sequestro dos bancários (Foto: Paulo Francis)

O Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros) investiga se o bancário de 47 anos, mantido em cárcere junto com a namorada de 42 anos, no dia 9 de outubro, teria participação em esquema de furto com a quadrilha que o extorquiu e o sequestrou. A informação foi divulgada durante coletiva de imprensa com os delegados Fábio Peró e Pedro Pillar Cunha nesta segunda-feira (16).

A entrevista foi concedida na sede do Garras, localizada no Bairro Tiradentes, em Campo Grande. O bancário foi acusado de participação por um dos presos pelo sequestro, Jhonatan Kelvin da Cunha de Souza, 29 anos. Em depoimento, ele afirmou que o funcionário da agência bancária teria concordado em instalar dispositivo eletrônico em seu computador para permitir a transferência de valores e receberia R$ 50 mil por isso.

No entanto, de acordo com os delegados responsáveis pelo caso, o envolvimento do bancário ainda está sendo investigado e se for comprovado ele poderá responder por furto. Além de Jhonatan, foram presos também Caio Fábio Santos Felipe, 30 anos, e Moisés dos Santos Parras Barreto Lima, 20 anos.

“Um dos envolvidos afirmou que o gerente teria participação no esquema para furtar valores do banco. Mas em certo momento, ele se negou a dar o cartão de acesso aos outros envolvidos e decidiu não ajudar mais, com isso, acabou sendo vítima da extorsão mediante sequestro. No entanto, isso ainda está sendo investigado e se houve esse conluio ele poderá responder por furto”, explicou Pedro.

Segundo o delegado Peró, também está sendo investigado se os criminosos tiveram alguma informação privilegiada a respeito do cartão funcional do gerente. “As informações podem ter sido dadas por qualquer funcionário, não necessariamente o gerente. Pode ser até um ex-funcionário ou uma pessoa que já tenha trabalhado em agência bancária e sabe como funciona. Porque com esse cartão eles conseguem acesso remoto ao sistema e realizar as diversas transações”, pontuou.

Ainda conforme os delegados, após a autorização judicial, os telefones de todos os envolvidos serão analisados e só então poderá ser comprovado se realmente o gerente teve uma participação no esquema ou se ele foi apenas uma vítima mesmo.

Delegados responsáveis pela investigação; Fábio (à esquerda) e Pedro (à direita) (Foto: Paulo Francis)
Delegados responsáveis pela investigação; Fábio (à esquerda) e Pedro (à direita) (Foto: Paulo Francis)

Sequestro - O caso foi descoberto na segunda-feira (9), quando equipe do Garras recebeu a ligação do setor de segurança do banco informando que por volta das 9h um funcionário teria ido até a agência, localizada na Avenida Júlio de Castilhos, pegar seu cartão de trabalho, usado para validar transações bancárias. Ao sair, avisou que estava sendo sequestrado.

Os policiais deram início às buscas e foram informados pela mãe do homem que ele poderia estar na casa da namorada, no Bairro Monte Castelo. A equipe foi até o local e ao tocar a campainha foi recebida pelo bancário. O suspeito estava atrás e foi abordado. Logo depois, a mulher saiu chorando de dentro da casa dizendo que havia sido sequestrada.

Ela contou que foi rendida por Moisés e Caio ainda no início da manhã. Ela foi obrigada a ligar para o namorado, que foi até o local minutos depois e acabou abordado pela dupla de criminosos. O homem então foi abordado e obrigado a ir até a agência bancária pegar seu cartão funcional e depois levá-lo de volta para a casa da namorada, onde o casal ficou refém.

Moisés ficou na residência com as vítimas, enquanto Caio deixou o local com outro suspeito. Quando a polícia chegou, o suspeito tentou fugir, mas foi preso em flagrante pela equipe do Garras. Com ele foi encontrado um simulacro de arma.

Em seguida, a equipe fez novas buscas até encontrar Caio, conhecido como “El Tanque”, em uma casa no Bairro Santa Mônica. Ele contou que teria que levar o cartão funcional do gerente até a Paraíba e que foi ameaçado para cometer o crime.

Já Jhonatan, o "JS PCC", foi preso na tarde do dia 11 de outubro, na Rua Zulmira Borba, no Bairro Nova Lima, em Campo Grande. Ele quem acusou o bancário de participação no esquema, mas deu declarações contraditórias durante o depoimento. O suspeito também seria o responsável por intermediar o esquema com integrantes de São Paulo.

Os três homens passaram por audiência de custódia e tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça. O caso continua sendo investigado. Caio já tem diversas passagens pela polícia.

Caio (à esquerda) e Moisés (à direita) ambos foram presos pelo Garras (Foto: Divulgação | PCMS)
Caio (à esquerda) e Moisés (à direita) ambos foram presos pelo Garras (Foto: Divulgação | PCMS)

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