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Capital

Há anos verão é sinônimo de lama na porta de casa e oração por chuva fraca

Moradores relatam que céu escuro já é sinal para começar a orar contra os estragos

Aletheya Alves | 20/01/2021 08:52
Água parada em consequência de chuvas esporádicas no loteamento Aguadinha. (Foto: Paulo Francis)
Água parada em consequência de chuvas esporádicas no loteamento Aguadinha. (Foto: Paulo Francis)

Com os dias de chuva seguidos, verão é sinônimo de dor de cabeça para quem vive em ruas sem asfalto no Jardim Noroeste. Se o tempo traz pancadas fortes, o medo é de enchentes. Já com as chuvas típicas da estação vem a lama na porta de casa.

De ponta a ponta, moradores do bairro relatam que o cotidiano de quem mora em rua de terra é composto por orações. É só ver o céu fechando que as rezas começam. Dentro do Noroeste, famílias do loteamento Aguadinha contam que chuvas esporádicas são como lembrança de problema maior. Fernando Soares, de 60 anos, explica que os “espelhos de água” nada divertidos são demonstração do que acontece em dias mais intensos.

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Essa chuvinha que fica indo e voltando faz com que a água fique parada. Aí junta com lixo e o cheiro fica horrível. O barro vem todo para a nossa casa e tem sorte quem fica um pouco mais alto, porque a água não entra, Fernando explica.

Acostumado com a situação, Fernando explica que o maior problema é sair de casa e tomar coragem de enfrentar os caminhos de barro. “As coisas são longe aqui da comunidade, quem não tem carro sofre para conseguir andar assim”, diz.

Relatando sobre a sujeira, o mecânico Fabiano Moreira, de 33 anos, conta que ainda está tentando secar roupas levadas pela água depois das últimas chuvas fortes. “Eu fiz essas valas em volta de casa, mas mesmo assim é difícil e suja. A gente tá tentando lavar a roupa, mas com a chuva é difícil secar”, conta.

Fabiano fez "valas" em volta da casa para conter água. (Foto: Paulo Francis)
Fabiano fez "valas" em volta da casa para conter água. (Foto: Paulo Francis)

Também tentando lutar contra a umidade e sujeira do verão, Alexsandro Pereira da Silva, de 45 anos, diz que as paredes da casa feita com tapumes são difíceis de secar. “Fica tudo sujo por causa da terra e o cheiro é ruim também. A situação é precária mesmo, pode ver aí”.

Ainda de acordo com o Mecânico, é raro quem não sofre com as águas de dezembro e janeiro. "Não tem muito o que fazer, a gente só reza para não chover forte. A chuva fraca direto também é ruim, mas menos pior", diz.

Relato é de que casa feita com tapumes e madeira não seca completamente devido às chuvas recorrentes. (Foto: Paulo Francis)
Relato é de que casa feita com tapumes e madeira não seca completamente devido às chuvas recorrentes. (Foto: Paulo Francis)

Em situação um pouco melhor, o porteiro Oswaldo Ferreira do Carmo, de 60 anos, conta que o carro salva os sapatos. “Eu consigo sair e não fica ruim, mas o pessoal se suja quando não tem veículo. Ainda mais quando alaga bastante, pior ainda”.

Crateras - Há mais de dez anos morando no outro lado do bairro, Telma da Silva, de 40 anos, conta que as chuvas intensas vêm como alagamentos, enquanto os chuviscos dos últimos dias só mantêm o estrago.

Ela explica que a rua Bartolomeu Mitre, por exemplo, sofre por ser baixada. “A água vem com força para cá e esses dias com chuvinha fraca faz com que a terra não seque. A água fica parada, não evapora”, diz. Para pegar ônibus com a garoa recorrente, ela conta que o jeito é manter a tradicional estratégia da sacolinha no pé.

Água e barro na rua Bartolomeu Mitre. (Foto: Paulo Francis)
Água e barro na rua Bartolomeu Mitre. (Foto: Paulo Francis)

Já na rua Evaristo da Veiga o problema é um pouco mais visível. Entre as erosões formadas há anos, é possível ver que os buracos continuam úmidos. Funileiro, Adriano Medeiros, de 39 anos, relatou que a lama é persistente. “Quanto mais baixo no bairro, pior. A água se direciona para cá e fica nessa situação. Toda vez que chove um pouco, piora”, disse.

Sem pensar em melhorias, Adriano explica que além do barro e dificuldade para trafegar pelas ruas, outro ponto a ser destacado é a perda de clientes. "Todo mundo reclama de como é difícil chegar aqui, a gente perde com isso. Poderia ser melhor".


Erosão úmida na rua Evaristo da Veiga. (Foto: Paulo Francis)
Erosão úmida na rua Evaristo da Veiga. (Foto: Paulo Francis)

Em nota, a prefeitura de Campo Grande informou que está empenhada em buscar recursos para novas pavimentações. Especificamente no caso do Jardim Noroeste, a assessoria explicou que o bairro possui malha viária de aproximadamente 150 quilômetros, tendo necessidade de captação de recursos federais ou de contratação de financiamento para viabilizar a infraestrutura. Sobre as condições climáticas, foi informado que as manutenções serão retomadas.

(*) Matéria editada às 12h40min para acréscimo de informações.

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