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Capital

Interceptações telefônicas ligam réus a arsenal e morte de jovem, diz acusação

Promotor Moisés Casarotto distribui parte do processo para mostrar ligações entre réus

Silvia Frias | 19/07/2023 10:43
Promotor Moisés Casarotto inicia a fase da acusação contra os três réus (Foto: Henrique Kawaminami)
Promotor Moisés Casarotto inicia a fase da acusação contra os três réus (Foto: Henrique Kawaminami)

"Sai a maior matança da história de MS, vai morrer de picolezeiro a governador”. Assim começou o promotor Moisés Casarotto, relembrando a frase atribuída a Jamil Name Filho sobre atuação da organização criminosa em Mato Grosso do Sul.

A acusação no processo da morte do estudante Matheus Coutinho centrou o início da explanação nas interceptações telefônicas que, segundo o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), demonstram a ligação de “Jamilzinho”, o policial aposentado Vladenilson Daniel Olmedo e o ex-guarda municipal Marcelo Rios ao arsenal encontrado na casa do Bairro Monte Líbano, de propriedade dos Name. “Temos plenas, completas e exaustivas provas”, disse Casarotto.

Casarotto entrega beca para Cristiane de Almeida Coutinho, mãe da vítima (Foto: Henrique Kawaminami)
Casarotto entrega beca para Cristiane de Almeida Coutinho, mãe da vítima (Foto: Henrique Kawaminami)

Antes, ao abrir os trabalhos, fez cumprimento especial à advogada Cristiane de Almeida Coutinho, mãe de Matheus e assistente de acusação. “Eu não tenho palavras para dizer sobre sua coragem, seu filho sonhava em vestir essa beca, em ser promotor”, disse Casarotto. Em seguida, presenteou Cristiane com beca com inscrição do nome dela e do filho. “Você está aqui honrando a imagem do seu filho”.

Casarotto afirmou não existir perseguição à família Name, citando que, quando a investigação da morte do delegado aposentado Paulo Magalhães foi reaberta na Omertà, o MPMS pediu arquivamento por não vislumbrar ligação com a milícia que seria comandada por Jamil Name e Jamil Name Filho.

O promotor disse acreditar que esse é o maior julgamento da história de Mato Grosso do Sul. “Aqui vai ser julgado Jamil Name Filho, de uma das famílias mais poderosas do Estado, que jamais imaginou estar no banco dos réus”.

Depois, distribuiu aos jurados partes do processo, que tem 14.858 páginas, para mostrar fotos do corpo de Matheus Coutinho e da caminhonete conduzida por ele. “As fotos são chocantes, o que faz a AK47 no corpo de pessoa, a ponto de arrancar pedaços do corpo”, lembrando, ainda, que o estudante foi atingido por sete tiros. “Morte sumária, desumana, cruel e de surpresa”.

Promotor manuseia parte do processo, que também foi entregue aos jurados (Foto: Henrique Kawaminami)
Promotor manuseia parte do processo, que também foi entregue aos jurados (Foto: Henrique Kawaminami)

Casarotto passou a falar da investigação, quando o ex-policial Paulo Roberto Teixeira Xavier já tinha convicção de que ele era o alvo do atentado. PX entregou o celular à polícia e mostrou que, dias antes, foi procurado por uma pessoa que se passou como gerente do banco dele e tentou marcar encontro. Na verdade, esse seria hacker contratado para rastreá-lo.

A partir daí, a investigação ligou o hacker a Juanil Miranda Lima e José Moreira Freixes, o “Zezinho”, que seriam os executores. Em maio, a investigação encontrou similares em crimes: apuração prévia dos passos da vítima, morte com armas de poder devastador e queima do carro usado na empreitada.

Foto de Matheus Coutinho durante julgamento (Foto: Henrique Kawaminami)
Foto de Matheus Coutinho durante julgamento (Foto: Henrique Kawaminami)

A força-tarefa do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) passa a investigar o que entende ser organização criminosa envolvida na compra de armas e atuação de milicianos. A promotoria diz que as interceptações telefônicas já fazem a ligação entre os outros envolvidos: Vladenilson Olmedo, Marcelo Rios e Jamil Name Filho.

Em uma dessas interceptações, Rios conversa com outro investigado. No teor, a que Jamil Name não gostou de relato do filho que “limpasse a situação”. Posteriormente, em outra ligação, Rios fala da preocupação do “Guri”, outro apelido usado por Jamilzinho, estar desconfiado dele. O homem responde porque seria que ele não está na cidade. “Cadê as armas? Ele quer as armas!”.

No decorrer das investigações, Marcelo Rios foi preso no dia 19 de maio de 2019 a poucos metros da casa no Bairro Monte Líbano, onde estava arsenal de armas. Na denúncia, consta que o arsenal estava guardado em um banheiro e também em um baú trancado com cadeado. A chave foi encontrada dentro do carro de Marcelo.

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