Mãe de universitário executado por engano apela para aumentar pena de condenados
Advogada, Cristiane de Almeida Coutinho vai pedir pena máxima para Jamil Name Filho e comparsas
Cristiane de Almeida Coutinho, 48, mãe do estudante de Direito, Matheus Coutinho Xavier, executado no lugar do pai em 2019, quer a pena máxima para Jamil Name Filho, 46, Marcelo Rios, 46, e Valdenilson Daniel Olmedo, 64, condenados em júri popular pela morte do universitário. Advogada, a mãe trabalhou como assistente da acusação durante o julgamento e informou, na tarde desta segunda-feira (24), ao Judiciário a intenção de recorrer da sentença.
Na semana passada, após três dias ouvindo depoimentos, além de analisarem as argumentações do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), responsável pela acusação, e ainda a alegações das defesa dos acusados, jurados decidiram pela condenação do trio. Os cinco homens e duas mulheres que representaram a sociedade campo-grandense no Tribunal do Júri entenderam que “Jamilzinho” foi o mandante do assassinato e os outros dois, os “arquitetos” do plano que deu errado.
Depois de considerados culpados, o juiz Aluízio Pereira dos Santos, que presidiu as sessões do julgamento, fixou a pena de Name Filho em 20 anos de prisão por homicídio qualificado por motivo torpe (desprezível) e recursos que dificultou a defesa da vítima, afinal, como bem lembrou o magistrado em entrevista na semana passada, o jovem morreu sem saber de onde vieram os tiros. “Uma covardia total”, definiu Pereira dos Santos.
Marcelo Rios e “Vlad”, como era conhecido o “capanga” de Jamilzinho, pegaram 18 anos de prisão pelo assassinato.
Com as somas das penas por outros crimes, como porte ilegal de arma – um fuzil AK-47 que teria sido encomendado para a execução e depois foi descartado –, Name saiu do júri sentenciado a um total de 23 anos e 6 meses de reclusão, Vladenilson a 21 e 6 meses, e Rios a 23 anos. O último foi condenado ainda por receptação – do carro usado para cometer o crime, roubado em São Paulo.
Cristiane Coutinho apresentou apelação, às 15h43, sem mostrar ainda os argumentos. A reportagem apurou, porém, que ela trabalhará para conseguir a pena máxima para os réus, que é de 30 anos de prisão no caso de homicídio qualificado.
Após atuação inédita, para ela, para o juiz Aluízio Pereira dos Santos e quiçá nos tribunais de Mato Grosso do Sul, a advogada contou em entrevista ao Campo Grande News que saiu do julgamento se sentindo “uma mãe mais aliviada” por ter conseguido, como profissional, honrar o nome do filho, Matheus, em um Tribunal do Júri, espaço onde ele queria trabalhar se tivesse conseguido se formar em Direito. A atuação dela foi considerada decisiva para o resultado pelo time de promotores.
Mais recursos – Ainda ao final do júri, na quarta-feira passada (19), as defesas dos réus e a Promotoria deixaram registrado em ata que recorreriam da sentença – os advogados dos réus, contra a condenação e a acusação, pelo aumento da pena. Ninguém apresentou as razões ainda.
Morto por engano – O estudante de Direito, Matheus Coutinho Xavier, foi assassinado no dia 9 de abril de 2019. O ataque aconteceu por volta das 18h, quando ele saía da casa onde vivia com o pai e irmãos, no Jardim Bela Vista, em Campo Grande.
A investigação apurou que o universitário foi morto por engano, pois estava manobrando a caminhonete S10 do pai. O policial militar reformado Paulo Roberto Teixeira Xavier era considerado traidor pela família Name, por isso, seria o alvo. O rapaz foi atingido com sete tiros de fuzil AK-47 e o disparo fatal foi na base do crânio.
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