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Capital

Mais 2 mulheres vão à Deam denunciar ginecologista

Nesta semana, foi anunciada a conclusão de quatro inquéritos contra Salvador Arruda, de 67 anos, por importunação e assédio

Marta Ferreira | 29/09/2020 16:40
A delegada Maíra, durante coletiva sobre resultados de investigação envolvendo médico. (Foto: Henrique Kawaminami)
A delegada Maíra, durante coletiva sobre resultados de investigação envolvendo médico. (Foto: Henrique Kawaminami)

Mais duas denúncias contra o ginecologista Salvador Walter Lopes de Arruda, 67 anos, chegaram à Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), que anunciou   nesta segunda-feira (28) indiciamento do médico pelos crimes de importunação e assédio sexual.

Havia quatro inquéritos em andamento na unidade policial e, a partir da divulgação de ontem, mais duas mulheres procuraram a delegacia, segundo informado hoje.

Como esse tipo de investigação é sigilosa, não foram oferecidos detalhes.

Arruda foi ouvido pela equipe que cuida das apurações e preferiu ficar em silêncio sobre as acusações de uma paciente e três colegas de trabalho, duas técnicas de enfermagem e uma médica.

Esses quatro boletins surgiram nos últimos 10 meses, mas o médico já foi processado na Justiça em 2015 por situação semelhante relatada por paciente. Acabou sendo inocentado por falta de provas.

Cronologia – Nesta segunda-feira, a Deam informou o indiciamento do médico pelos inquéritos já citados. Agora, os casos vão para o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), responsável pela acusação que vai pedir a condenação criminal à Justiça.

A pena para assédio sexual é de um a dois anos de reclusão. A de importunação sexual fica entre um e cinco anos de prisão.

A primeira denúncia chegou à delegacia no dia 25 de dezembro de 2019, de uma técnica de enfermagem. Em janeiro deste ano, a segunda profissional procurou a polícia. Em agosto, a paciente e a médica também denunciaram o ginecologista.

Conforme as investigações, Salvador assediava as vítimas deixando claras intenções de manter com elas relações além do profissional. A médica, que na época era residente no hospital, relatou à polícia que, em uma das ocasiões, o autor colocou a mão dela na virilha dele.

A paciente foi assediada assediou com palavras de baixo calão, perguntando, inclusive, o que ela "gostava na cama" e "se gostava de ser chupada gostoso".

O entendimento da delegada responsável pelas investigações, Maíra Pacheco Machado, a partir dos depoimentos colhidos, é de que Arruda usava da profissão para ter intimidade com as vítimas e considerava as abordagens como atitudes "normais".

Os diálogos eram semelhantes. Ao Campo Grande News, quando veio a público a denúncia feita em agosto por uma professora universitária ele chegou a mostrar prints de conversa, para alegar que não havia tom de assédio.

O médico é alvo neste momento de sindicância do CRM (Conselho Regional de Medicina, que pode redundar em cassação do registro profissional. Ele já foi investigado em ocasiões anteriores, mas não houve punição, segundo informação divulgada esta semana. As denúncias começaram em 2013.

Na Maternidade Cândido Mariano, onde ocorreram dois dos episódios, houve o afastamento do profissional do quadro.

Estamos prontas e à disposição para atende-las. É importante denunciar para que ele seja punido", afirmou a delegada Fernanda Félix, titular da Deam, quando da divulgação dos quatro inquéritos concluídos.

A Deam fica na Casa da Mulher Brasileira, em frente ao Aeroporto Internacional de Campo Grande.

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