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Capital

"Medo da impunidade", diz família de segurança morto em boate

Pela 2ª vez, Cristhiano Luna será julgado pela morte do segurança Jefferson Bruno, ocorrida há 10 anos

Dayene Paz e Geisy Garnes | 01/12/2021 09:16
Cristhiano durante segundo julgamento do caso. (Foto: Paulo Francis)
Cristhiano durante segundo julgamento do caso. (Foto: Paulo Francis)

Pela segunda vez, Cristhiano Luna de Almeida senta no banco dos réus, acusado pela morte do segurança da Valley Pub, Jefferson Bruno Gomes Escobar, o Brunão, no dia 19 de março de 2011. Cristhiano já havia sido condenado em 2017, mas a defesa recorreu e conseguiu anular o julgamento. Para a família da vítima, mais uma dor e o medo do réu sair impune nesta quarta-feira (1º).

A mãe de Brunão, a cozinheira Edcelma dos Santos Vieira, de 50 anos, chegou cedo no Fórum de Campo Grande, acompanhada de outros familiares. "Da outra vez, saímos contentes, mas infelizmente, não deu em nada, estamos aqui tudo de novo. O medo é da impunidade, mas vamos esperar com fé em Deus, pois o pai dele morreu sem ver essa justiça", disse.

Mãe de Brunão acompanha júri e pede justiça. (Foto: Paulo Francis)
Mãe de Brunão acompanha júri e pede justiça. (Foto: Paulo Francis)

Família e amigos do réu também acompanham o julgamento presidido pelo juiz Aluízio Pereira dos Santos. Na entrada do Tribunal de Justiça, se reuniram para rezar. Com terço nas mãos, o Pai-Nosso e as Ave-Marias foram entoadas pelo grupo que hoje, pede por paz.

Uma das amigas que viu Luna crescer e acompanhou a agonia da família desde o dia em que Brunão morreu, diz que a oração é para acalmar as duas famílias. Uma que procura segunda chance para quem ficou, outra que sofreu uma perda irreparável e terá que conviver com saudade eterna. "Queremos que o Cris seja exemplo, que ele possa ter uma nova chance. Mas queremos também que o coração da mãe do Bruno seja confortado no amor de Maria. Não queremos mais essa geração de ódio", disse a mulher.

Amigos de Cristhiano também acompanham julgamento. (Foto: Paulo Francis)
Amigos de Cristhiano também acompanham julgamento. (Foto: Paulo Francis)

Advogado de Luna, José Belga Trad está otimista com o novo julgamento e a tese que defenderá no plenário. "Conseguimos retirar as qualificadoras, então, ele vai ser julgado por homicídio simples. As expectativas são as melhores possíveis, porque exame prova nos autos e não resta nenhuma dúvida que o Cristiano não teve a intenção de matar, por isso, ele não pode ser condenado em hipótese alguma por homicídio doloso", afirmou.

Tese - No julgamento desta quarta, a defesa de Cristhiano Luna vai tentar desqualificar a tese de que o chute dado pelo rapaz tenha sido a causa direta da morte do segurança. Trad defende que a massagem cardíaca pode ter causado o dano fatal. Segundo o médico, a manobra de ressuscitação pode ter desalinhado os arcos costais já fraturados, o que poderia ter perfurado o pulmão do segurança.

Advogado de defesa, José Belga Trad, está otimista com novo julgamento. (Foto: Paulo Francis)
Advogado de defesa, José Belga Trad, está otimista com novo julgamento. (Foto: Paulo Francis)

A tese da defesa é contestada pela família de Brunão. Marido da prima do segurança, Bruno Marcos Maia explicou ao Campo Grande News que a tese também esteve presente na ação cível que a família protocolou contra Luna. Segundo ele, o legista que fez a necropsia foi chamado para prestar depoimento e derrubou a tese.

Ele afirma que as imagens mostram Brunão com falta de ar logo após o chute e, minutos depois, amparado pelos colegas, o que indica que o pulmão já tinha sido perfurado. “As pessoas tentaram ajudar, mas ninguém fez massagem profissional, não tem como essa tese vingar”.

O caso - Jefferson Escobar, o Brunão, era segurança da Valley, casa noturna na Avenida Afonso Pena, em Campo Grande e morreu, aos 29 anos, no dia 19 de março de 2011, quando retirava Cristhiano do local por importunar garçom. A discussão evoluiu para agressão física e a vítima foi golpeada, morrendo no local.

Em 29 de novembro de 2017, seis anos depois do crime, Luna foi condenado 17 anos e 6 meses de prisão, em regime fechado, por homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e sem chance de defesa para vítima). A defesa recorreu, conseguiu reduzir a pena para 14 anos, 11 meses e 5 dias e, em novo recurso, alegou irregularidades no processo e conseguiu anular o julgamento.

Para esta quarta-feira, o juiz pediu reforço da segurança e limitou a entrada de pessoas no plenário.

Segurança foi reforçada no Fórum. (Foto: Paulo Francis)
Segurança foi reforçada no Fórum. (Foto: Paulo Francis)


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