Na luta para não morrer, Centro conta com “ajuda” do interior de MS
Público que vem à Capital para médico e serviços não deixa de conferir as lojas
Movimentado em grande parcela pelo “interior” de MS, o Centro de Campo Grande enfrenta o esvaziamento diante do crescimento dos bairros, facilidades da compra on-line e a crônica dificuldade de conseguir uma vaga de estacionamento.
RESUMO
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O Centro de Campo Grande enfrenta desafios de esvaziamento devido ao crescimento dos bairros e ao comércio online, mas mantém sua relevância graças aos visitantes do interior do estado. A região central continua sendo ponto de encontro para serviços bancários, consultas médicas e compras, especialmente para moradores de distritos e cidades vizinhas. A Praça Ary Coelho, com seus 10 mil metros quadrados, permanece como importante espaço de convivência, apesar de problemas estruturais como o chafariz danificado. Comerciantes locais apontam a falta de estacionamento como principal obstáculo para o desenvolvimento da região, defendendo o retorno do sistema rotativo, desativado desde 2022.
Contudo, ir ao quadrilátero central segue fazendo sentido para o aposentado que vai ao médico, à agência bancária, e, antes de pegar o ônibus para a casa, a 30 km da área urbana, faz uma comprinha. Passear no Centro também segue na rotina dos mais jovens, como na da moça de 18 anos, que, ao lado das amigas, gosta de criar memórias afetivas pela cidade.

Morador em Rochedinho, distrito de Campo Grande, Catarino Gonçalves da Silva, 72 anos, conta que mantém o hábito de ir resolver pendências no Centro, o que acaba se tornando um passeio. Ele embarca às 6h no ônibus e às 7h já está na área central da cidade.
“Eu venho pagar conta e ver esses negócios de doença. Eu não mexo com aplicativo, não sou muito chegado. É melhor ir ao vivo”, diz Catarino, que estava no Centro à espera do horário de fazer ultrassom. Antes do retorno para casa, pretendia passar no mercado para fazer compras.
Num dos conjuntos de bancos instalados na Rua 14 de Julho, um grupo de jovens amigas conversa animadamente. Ester Sousa, 18 anos, mora no Bairro Vilas Boas, mas não dispensa um passeio no Centro. Na manhã de quarta-feira (dia 14), o grupo iria a um estúdio de piercing.
“Normalmente, venho passear com a família, comprar alguma coisa. Hoje, a gente veio fazer piercing. Quando você sai com os amigos para comprar alguma coisa é diferente. Você se lembra que comprou quando estava com aquela pessoa. Também tem bastante gente que vem aqui à noite para dar rolê”, diz Ester.
O efeito interior – Os visitantes que vêm do interior movimentam as vendas na 14 de Julho a cada começo de mês.
“A gente gosta bastante do período do início do mês, quando vem pessoas de outras cidades. O interior ainda frequenta o Centro. No presencial, o interior é bem forte e é o que melhor compra em termos de volume. Tem clientes de Corumbá, Corguinho, Nioaque, Ribas do Rio Pardo, Cassilândia”, diz Vera Lúcia Kuntzel, que há três anos é proprietária de lojas de roupas infantis na Rua 14 de Julho.
Ela destaca que a falta de vagas é um grande desafio e que se não fosse o convênio com estacionamento de frente para o estabelecimento comercial, nem teria comprado a loja.
“Eu, por exemplo, se chegar na loja depois das 7h30 e precisasse estacionar na rua, certamente não conseguiria. Porque os funcionários vêm mais cedo, outros proprietários também, e usam todas as vagas. Pode passar aqui na 14 às 7h30, não tem mais lugar. Já tive que deixar o carro longe, na Mato Grosso. Você acha que o cliente vai fazer isso por causa de um vestido? Não vai”.
Para Vera, uma medida simples do poder público, mas que teria grande impacto para região, seria a volta do estacionamento rotativo. O serviço foi desativado desde 2022 e a proposta de um novo modelo deve ser enviado para a Câmara Municipal de Campo Grande.

O Centro que acolhe – Um capítulo especial ao falar do Centro é a Praça Ary Coelho. Com sombra das árvores e bancos, ela acolhe quem está de passagem. Seja a moradora de um bairro mais distante ou pessoas que vêm de outras cidades e estão à espera da hora de algum compromisso.
Sueli Pereira Weiss, 62 anos, mora no Jardim Centro-Oeste e aproveitou o tempo de espera pelo marido, que foi fazer resolver pendência do trabalho, para comer pipoca e conversar com as amigas na praça. Com oferta de vários serviços no bairro, como farmácia e mercado, as idas ao Centro rarearam.
“Lá tem farmácia, padaria, mercado, lojas. Tem de tudo. É difícil eu vir para cá, fico mais pelo meu bairro mesmo. Mas praça tem uma sombrinha bem gostosa”, afirma.
O farmacêutico Gustavo Moreno, 34 anos, mora em Corumbá e vem a Campo Grande a trabalho. Com família na Capital, ele destaca que o Centro ainda mantém vitalidade, com colégios e faculdade, mas precisa de mais policiamento.
O chafariz, figura central na praça, é outro tema de reclamação. Como já mostrou reportagem do Campo Grande News em 2023, ele segue fazendo triste figura, com a falta de vários pedaços do revestimento. Apesar do problema, ele segue atraindo a atenção, principalmente das crianças, que em meio ao concreto da cidade, encontram sombra e espaço livre de carros para correr.
“Falta manutenção no chafariz. Antes, a gente vinha à noite, tirava foto. Mas ainda venho nas lojas e passear. Tem coisas que prefiro as lojas físicas. Porque a gente já vem, olha e experimenta. Apesar de que na on-line sai mais em conta. Acho que o Centro está esvaziando bastante, fechando muita loja, diz Alaíde Fernandes, 54 anos, moradora no Jardim Tarumã.
A Praça Ary Coelho ocupa 10 mil metros no Centro da cidade, formado pelo quadrilátero da Afonso Pena, 13 de Maio, 14 de Julho e 15 de Novembro.
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