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Capital

“Nunca conversei com esses meninos”, diz réu apontado como mandante de execução

Crime terminou com a morte de dois adolescentes, baleados por engano no lugar do verdadeiro alvo

Por Dayene Paz e Clara Farias | 05/11/2025 10:59
“Nunca conversei com esses meninos”, diz réu apontado como mandante de execução
Kleverson durante interrogatório no Tribunal do Júri. (Foto: Osmar Veiga)

“Nunca conversei com esses meninos”. A frase dita por Kleverton Bibiano Apolinário da Silva, de 23 anos, marcou o início do depoimento do réu apontado como mandante do crime que terminou com dois adolescentes mortos por engano no Jardim das Hortênsias, em Campo Grande. Ele alega não conhecer os executores do crime.

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O Tribunal do Júri de Campo Grande realiza, sob forte esquema de segurança, o julgamento de quatro acusados pelo assassinato de dois adolescentes de 13 anos, ocorrido em maio de 2024 no Jardim das Hortênsias. As vítimas foram mortas por engano durante uma tentativa de homicídio contra Pedro Henrique Silva Rodrigues. Kleverton Bibiano Apolinário da Silva, apontado como mandante do crime, negou envolvimento durante depoimento. Ele e outros três réus são acusados de participação no atentado, que incluiu um atirador, um motociclista, um motorista de aplicativo e um colaborador que cedeu abrigo aos envolvidos após o crime.

O júri, que ocorre sob forte esquema de segurança, conta com a presença de equipes do Batalhão de Choque dentro e fora do prédio. Muita gente aguardava do lado de fora até a abertura das portas.

Estão no banco dos réus Rafael Mendes de Souza, George Edilton Dantas Gomes, Kleverton Bibiano Apolinário da Silva, Nicollas Inácio Souza da Silva. Um dos acusados, o atirador, João Vitor de Souza Mendes, foi dispensado porque o advogado não compareceu ao julgamento.

Segundo as investigações, Nicollas era o piloto da motocicleta; George, o motorista de aplicativo que ajudou na fuga; Rafael, que guardava a moto e cedia a casa onde os envolvidos se esconderam após o crime; e Kleverton, preso à época, é apontado como mandante do atentado e dono da arma.

“Nunca conversei com esses meninos”, diz réu apontado como mandante de execução
Quatro réus pela morte de adolescentes em maio do ano passado. (Foto: Osmar Veiga)

O crime ocorreu na noite de 3 de maio de 2024, no Jardim das Hortênsias. Conforme a denúncia do Ministério Público, João Vitor, na garupa da motocicleta pilotada por Nicollas, abriu fogo contra Pedro Henrique Silva Rodrigues, mas acabou atingindo dois adolescentes de 13 anos, um menino e uma menina, que morreram. Pedro, o verdadeiro alvo, sobreviveu com ferimentos na perna.

Durante o depoimento, Kleverton negou envolvimento e disse não conhecer o alvo. “Não conheço o Pedro, não tenho nada contra ele e não liguei para ninguém”, afirmou. Segundo ele, estava cumprindo pena na Máxima por um roubo de 2019, quando foi retirado da cela e levado ao Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos e Sequestros). “Fui tirado no domingo de manhã, levado para o Garras. Lá me contaram o que estava acontecendo, mas eu não sabia de nada”, disse.

O Ministério Público sustenta que Kleverton custeava o aluguel da casa usada pelos demais réus após o crime, versão que ele negou. “Nunca conversei com esses meninos de dentro do presídio”, insistiu. Questionado pelo advogado se houve busca na cela ou apreensão de celular, respondeu: “Não. Só chegaram, perguntaram meu nome, nome da minha mãe e do meu pai e me tiraram da cela”.

O defensor também perguntou se havia sido feito exame pericial de voz para comprovar que era dele o áudio atribuído ao mandante. “Não, senhor, não me gravaram em nada”, respondeu Kleverton.

O réu contou que só conhecia um dos envolvidos, Nicollas, com quem estudou. “Só conheço o Nicollas; conheci-o na escola. Ele estudava na mesma escola que eu”, afirmou. Disse ainda que, após ser preso, nunca mais falou com ele.

No depoimento, o mandante explicou que não retornou ao presídio após uma saída temporária, alegando dificuldades familiares. “Peguei sete dias de saidinha. Quando cheguei na rua, minha família estava passando necessidade; minha mulher estava grávida. Aí não voltei quando era pra me apresentar”, justificou.

O julgamento segue com a oitiva dos demais réus e das testemunhas.

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