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Capital

Operação da PM durante a semana frusta movimento na Rua 14 de Julho

Para proprietários, empreendimentos amargam prejuízo com ação que resultou em multas por poluição sonora

Por Gustavo Bonotto e Idaicy Solano | 06/12/2024 20:35
Cadeiras e mesas vazias em bar na Rua 14 de Julho. (Foto: Idaicy Solano)
Cadeiras e mesas vazias em bar na Rua 14 de Julho. (Foto: Idaicy Solano)

A movimentação na Rua 14 de Julho, durante a noite desta sexta-feira (6), está marcada por um cenário de calmaria. De acordo com relatos de donos de estabelecimentos e funcionários, o fluxo está bem abaixo do esperado, com poucos clientes nas ruas e nos bares, que estão se preparando para receber o público.

A reportagem do Campo Grande News acompanhou o protesto realizado pelos proprietários e também a abertura do "sextou" em um dos pontos de diversão da Capital. A situação, segundo os ouvidos, trata-se um reflexo dos recentes eventos envolvendo os bares da cidade, que enfrentam restrições e multas após uma operação realizada na última segunda (2).

Na ocasião, proprietários de bares e seus funcionários foram levados à delegacia e aparelhos de som apreendidos. Como consequência, os estabelecimentos optaram por não ter mais atrações musicais ao vivo neste fim de semana, em um consenso entre os donos de bares. A medida, entretanto, impactou negativamente tanto os donos quanto os artistas, que perderam cachês já pagos.

Ana Carla Lopes, gerente do Bar da 14, um dos estabelecimentos afetados pela operação, afirmou que o evento da última segunda vai impactar diretamente no movimento do final de semana, com a expectativa de um prejuízo significativo. Ela comentou ainda sobre os altos custos das multas aplicadas, que variam entre R$ 4 mil e R$ 6 mil, e sobre a frustração causada pela impossibilidade de oferecer atrações ao vivo, como DJs e apresentações de pagode, que já haviam sido contratados.

"A situação é complicada. Morar em Campo Grande é isso, né? Não tem muito o que fazer. Quanto mais você tenta fazer algo, mais eles não deixam", lamentou.

Com cartazes, grupo de empresários alegam que Centro perde a vida sem música. (Foto: Idaicy Solano)
Com cartazes, grupo de empresários alegam que Centro perde a vida sem música. (Foto: Idaicy Solano)

Kayky Sanchez, do Má Dona Bar, relatou que todos os bares do entorno decidiram não oferecer mais música ao vivo devido à operação policial e ao medo das punições. O empresário explicou que, com a ausência de atrações, o movimento nas casas cai drasticamente, chegando a ser apenas 30% do normal.

"A galera quer sair de casa para curtir, e o movimento é muito reduzido sem artistas", destacou. Além disso, Kayky afirmou que os bares estão tentando entrar em contato com a prefeita Adriane Lopes (PP) buscar uma alternativa a atual situação, mas discorreu que não obteve resposta. "A gente está esperando uma resposta dela, mas ela não responde, não dá devolutiva", disse.

O clima também contribui para o cenário: uma leve chuva e a temperatura amena deixam a capital ainda mais tranquila. Ao longo da noite, viaturas da Polícia Militar passaram pela área, com presença tanto de carros quanto de motos, mas sem grandes alterações no cotidiano da cidade.

Entenda o caso - Os novos empreendimentos da tradicional Rua 14 de Julho tornaram-se manchetes depois de denúncia anônima de perturbação de sossego. A punição, considerada injusta pelos empresários, resultou em multa de R$ 5 mil por poluição sonora e fim da música ao vivo nos bares.

A reportagem teve acesso ao boletim de ocorrência, onde equipes do 1º Batalhão da PM (Polícia Militar) foram acionadas para intervir nas celebrações de Dia do Samba, data festiva comemorada no dia 2.

De acordo com o documento, a ação foi motivada por "[...]reclamações frequentes via 190 sobre perturbação de sossego e emissão excessiva de ruídos na região". Ainda segundo o documento, os bares fiscalizados foram Má Donna Bar, Blef Bar e Bar da 14. No primeiro, durante o evento "Samba do Trabalhador", medições com um aparelho sonoro registraram níveis de ruído de 85,8 e 87,0 decibéis, acima do limite de 55 dB permitido pela Lei Municipal de nº 8/1996.

As equipes, compostas por policiais da Força Tática e da PMA (Polícia Militar Ambiental), realizaram a fiscalização com base em uma ordem de serviço. No Má Donna Bar, o equipamento de som foi desinstalado e retirado do local após a constatação da irregularidade. Nos outros dois estabelecimentos, a emissão sonora era causada por caixas de som mecânicas de alta potência, posicionadas do lado de fora. Todos os equipamentos foram apreendidos na ação.

Homem atravessa a faixa de pedestre em direção a pessoas, que consomem bebidas na calçada de bar, na Rua 14 de Julho. (Foto: Idaicy Solano)
Homem atravessa a faixa de pedestre em direção a pessoas, que consomem bebidas na calçada de bar, na Rua 14 de Julho. (Foto: Idaicy Solano)

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