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Capital

Procon vai às ruas da Capital e multa postos de combustíveis por abuso de preços

Em ação conjunta com a ANP e Decon, o órgão estadual vistoriou, até agora, 15 postos de combustível

Guilherme Correia, Cleber Gellio e Silvia Frias | 11/03/2022 10:55
Procon, ANP e Decon têm feito ação conjunta para coibir irregularidades na venda de combustíveis. (Foto: Kísie Ainoã)
Procon, ANP e Decon têm feito ação conjunta para coibir irregularidades na venda de combustíveis. (Foto: Kísie Ainoã)

Procon estadual afirma que, desde ontem, tem fiscalizado postos de combustível em Mato Grosso do Sul, para coibir a prática de aumento antecipado do valor da gasolina e diesel, que sofreram reajuste de 18,7% e 24,9%. Segundo o órgão, até esta manhã, nove locais foram autuados por esta irregularidade, em meio a 15 estabelecimentos vistoriados.

A infração, diz Salomão, é baseada no artigo 39 do Código do Consumidor e a multa pode variar de R$ 5 mil a R$ 50 mil, com base em outros fatores envolvidos, tais como a incidência.

A ação é feita em parceria com a Decon (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo) e ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).

Uma das principais infrações, a de antecipar precificação, ocorre quando a revendedora comercializa o produto em preço maior, antes de receber o novo carregamento de combustível, que tem origem na Petrobras.

Equipes da Superintendência para Orientação e Defesa do Consumidor foram até o Posto Faleiros, na Rua Spipe Calarge, de bandeira Ipiranga, e constataram descumprimento.

Segundo o superintendente Marcelo Salomão, o local costumava cobrar R$ 6,49 pelo litro da gasolina, mas desde ontem a noite - quando não poderia reajustar com base na mudança de preços das refinarias -, já praticava preço de R$ 7,29.

Salomão afirma que o local será autuado por comercializar com base na nova tabela de precificação, mesmo com 18 mil litros do combustível “antigo”, em estoque.

Ao Campo Grande News, o dono da rede Faleiros, Valmir Faleiros, afirma que não houve irregularidade e contradiz informação dita pelo Procon. Segundo o empresário, o reajuste feito ontem foi menor que 2% e se tratava de alterações de custo da empresa.

“É um mercado livre, cada um faz o preço de acordo com seus custos. E independente de ter aumento ou não, pode abaixar ou pode subir, são os custos de empresa.”

Faleiros comenta que, a partir da autuação, será feita a defesa para “demonstrar no papel que não foi feito nada abusivo, nada fora da Lei, apenas correção”.

Logo em seguida, a equipe do Procon fez outra intervenção, desta vez, no Posto Locatelli, na avenida Eduardo Elias Zahran. No local, além da prática antecipada de reajuste de preço, a equipe do Procon detectou grande divergência na margem de lucro, ampliada com alta indevida.

No posto, até ontem, o litro da gasolina comum custava R$ 6,299 e, hoje, foi reajustado para R$ 6,999. “É mais grave ainda, é o chamado lucro abusivo”, disse Salomão, explicando que esta margem foi muito ampliada com novo valor fixado.

Posto de gasolina na Spipe Calarge foi autuado pelo Procon por aumento antecipado. (Foto: Kísie Ainoã)
Posto de gasolina na Spipe Calarge foi autuado pelo Procon por aumento antecipado. (Foto: Kísie Ainoã)

Ação - A abordagem é feita comparando as notas fiscais de compra e venda, para verificar se há divergência na margem de lucro. Além disso, a ação conta com procedimentos corriqueiros, como análise do combustível.

Marcelo Salomão ressalta que muitas distribuidoras têm aumentado o preço, também de forma irregular, antes de chegar nos postos. “Ontem mesmo, já aumentaram o preço e algumas seguravam o produto para não vender para os postos revendedores, para pegar o preço novo.”

O superintendente do Procon, Marcelo Salomão. (Foto: Kísie Ainoã)
O superintendente do Procon, Marcelo Salomão. (Foto: Kísie Ainoã)

Segundo ele, o Procon não possui autonomia para interferir na ação das distribuidoras, mas ele afirma que será encaminhado documentação ao MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) para interferir. “Infelizmente, o Procon não possui autonomia para chegar nas distribuidoras, porque não há uma relação de consumo.”

“Nós entendemos que é uma prática extremamente abusiva. Não se pode basear uma liberdade de mercado e transformá-la em libertinagem, em nome do lucro. Isso é criminoso. O consumidor está sendo punido. Pela distribuidora, que acaba punindo as revendedoras, que não conseguiram comprar há tempo, e pelo preço que vem."

A orientação, diz ele, é que o consumidor guarde a nota fiscal, se sentir-se lesado, e faça a denúncia junto ao Procon. O órgão estadual também tem agido em órgãos no interior do Estado, com postos que já vendiam a R$ 7,90 em Ivinhema e até a R$ 8 em Corumbá.

Servidores do Procon durante análise da gasolina vendida em posto de combustível. (Foto: Kísie Ainoã)
Servidores do Procon durante análise da gasolina vendida em posto de combustível. (Foto: Kísie Ainoã)

Reajuste - Há exatos 10 anos, a média de preço do litro da gasolina era de R$ 2,70 em Mato Grosso do Sul, segundo dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) levantados pelo Campo Grande News.

Ontem, a Petrobras anunciou reajuste no preço cobrados nas refinarias e, na prática, há lugares acima dos R$ 7 em Campo Grande e, no interior sul-mato-grossense, há os que cobram R$ 8,62 pelo produto.


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