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Capital

"Saber o quanto eles a torturaram me destruiu por dentro", diz pai de Sophia

Jean Ocampo diz que reviveu a morte da filha nos dois dias de júri e, agora, se sente aliviado com condenações

Por Silvia Frias | 06/12/2024 11:28
Jean (primeiro plano) acompanha a leitura da sentença ao lado do marido, Igor (Foto: Juliano Almeida)
Jean (primeiro plano) acompanha a leitura da sentença ao lado do marido, Igor (Foto: Juliano Almeida)

Jean Carlos Ocampo estava exausto, mas dormiu muito pouco de ontem para hoje. Pai de Sophia de Jesus Ocampo, relembrava tudo o que foi falado durante o julgamento dos réus pela morte da menina, vítima de agressões e estupro. “Minha cabeça não parava, não conseguia descansar”, disse. "A sensação que eu tive era de ter voltado no dia 26 de janeiro de 2023", disse.

RESUMO

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Jean Carlos Ocampo, pai de Sophia, vítima de agressão e estupro que faleceu aos 2 anos e 7 meses, recebeu a sentença de 32 anos de prisão para Christian Campoçano Leitheim (homicídio qualificado e estupro) e 20 anos para Stephanie de Jesus da Silva (homicídio por omissão). O julgamento de dois dias, com provas impactantes como áudios e imagens, expôs a tortura sofrida pela menina. Apesar do alívio pela condenação, Jean expressou a dor imensa causada pelo sofrimento de Sophia e a incerteza sobre o futuro, afirmando que continuará vivendo em memória da filha. As defesas dos réus planejam recorrer da sentença, alegando falta de intenção de matar e excesso de pena, respectivamente.

Ontem (5), por volta das 21h, recebeu a notícia que esperou por quase dois anos. Os dois réus, Stephanie de Jesus da Silva, 26 anos, e Christian Campoçano Leitheim foram condenados pela morte de Sophia, aos 2 anos e 7 meses.

Christian foi condenado a 20 anos de prisão por homicídio qualificado por motivação fútil, meio cruel e empregado contra menor de 14 anos e a 12 anos por estupro, totalizando sentença de 32 anos de prisão, em regime fechado.

Stephanie foi condenada por homicídio por omissão com a pena de 20 anos de reclusão.

Stephanie e Christian acompanham a leitura da sentença (Foto: Juliano Almeida)
Stephanie e Christian acompanham a leitura da sentença (Foto: Juliano Almeida)

O julgamento durou dois dias. Defesa e acusação recorreram a fotos, áudios e vídeos para mostrar a dinâmica do que aconteceu com Sophia. Por ser conteúdo sensível, a maior parte do material ficou restrita aos computadores dos jurados, mas não deixou de ser menos impactante para Jean.

“Os dias 4 e 5 foram muito difíceis para mim”, disse. O pai de Sophia achou que conseguiria enfrentar a situação e que estaria preparado, mas, a cada depoimento e material divulgado, descobriu que não.

“O pior momento foi saber o quanto ela sofreu, ouvir os áudios e saber o quanto eles torturaram ela me destruiu por dentro”, disse Jean, em entrevista ao Campo Grande News.

Durante os interrogatórios, médico legista responsável pela necropsia, Fabricio Sampaio Morais de Paiva falou sobre os sinais de estupros encontrados no corpo e o trauma causada no corpo da menina, deixando grande torção, que virava em torno de 360 graus.

As agressões descritas em conversas de WhatsApp, como a prática de sufocamento, beliscões, “chicotadas cabulosas” também chocaram e fizeram Jean perder as forças. Um deles, descrito pela mãe de Christian, indicava que a menina tinha sido silenciada com travesseiro pela mãe.

“Fazer isso com bebê de 2 anos é surreal, saber o quanto a Sophia sofreu, isso acabou comigo”.

Depois da sentença, se sentiu aliviado. Diz que ainda não sabe como vai ser a vida daqui para frente, após encerrado o capítulo do julgamento, mas que irá continuar vivendo pela filha. “Amo demais, o amor é algo que ninguém pode tirar de mim”.

Jean e a filha Sophia: "O amor é algo que ninguém tira de mim" (Foto/Reprodução)
Jean e a filha Sophia: "O amor é algo que ninguém tira de mim" (Foto/Reprodução)

Recurso – Os advogados dos réus alegaram que não houve intenção de matar Sophia, e pediram que os jurados alterassem o entendimento de homicídio qualificado para homicídio culposo, por conta da negligência depois que Sophia passou mal. A lesão que causou a ruptura raquimedular, conforme a defesa de Christian, poderia ter ocorrido em outro momento, sendo agravada por algum incidente.

Renato Franco, que representa Christian disse que ainda irá analisar se irá recorrer da sentença. Alex Viana, que defendeu Stephanie, disse que irá entrar com recurso por entender que a sentença foi excessiva e que a conduta dela não poderia ser equiparada a de Christian.

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