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Capital

''Saber que ela está solta me dói'', diz filha de homem enterrado no quintal

Roselaine Tavares Gonçalves, presa pela ocultação do cadáver da vítima, teve a liberdade provisória concedida pela Justiça

Kerolyn Araújo e Liniker Ribeiro | 11/05/2020 16:10
Filha da vítima mostra mensagem que assassino mandou se passando por José Leonel. (Foto: Kísie Aionã)
Filha da vítima mostra mensagem que assassino mandou se passando por José Leonel. (Foto: Kísie Aionã)

A dor de perder o pai de forma brutal e a indignação por ver uma das suspeitas do crime em liberdade são sentimentos que tomaram conta de Kalyane da Silva Santos, 34 anos, filha de José Leonel Ferreira Santos, 61 anos, morto e enterrado no quintal da própria casa, na Vila Nasser. O corpo foi localizado no final da tarde do dia 7 de maio, mas a polícia suspeita que a vítima tenha sido assassinada na noite do dia 29 de abril.

Abalada com o crime, a filha do comerciante, que mora na cidade de Fátima do Sul, contou ao Campo Grande News que a última vez que teve contato com o pai foi na manhã do dia 29. ''No dia 28 conversamos por ligação. No dia 29 de manhã mandei uma mensagem pelo WhatsApp, ele me respondeu por áudio. Nos outros dias conversamos por mensagens de texto, mas acredito que já não era ele quem estava respondendo", disse.

Nesse intervalo, uma irmã da vítima, que mora na Bahia, entrou em contato com a irmã residente em Campo Grande, Eurides Ferreira Santos, 63 anos, e pediu que ela fosse até a casa de José Leonel para ver se estava tudo bem, já que mensagens trocadas com a vítima começaram a ser curtas.

 Kalyane da Silva Santos, filha da vítima, lamenta a soltura de uma das envolvidas no crime. (Foto: Kísie Aionã)
 Kalyane da Silva Santos, filha da vítima, lamenta a soltura de uma das envolvidas no crime. (Foto: Kísie Aionã)







''Ele era acostumado a conversar com todo mundo por mensagem, áudio e ligações. Nos últimos dias, o contato estava sendo feito por mensagens curtas. Minha irmã achou estranho e pediu para que eu fosse até a casa dele", contou Eurides.

Segundo a irmã da vítima, ela foi até a casa de José Leonel no dia 7. Ao ver que a mercearia do irmão estava fechada, ela foi até o portão chamando por ele. Eurides foi atendida por Cleber Souza Carvalho, 43 anos. ''Ele se apresentou como inquilino, disse que havia alugado a casa por R$ 650 e que meu irmão havia viajado", lembrou.

Eurides entrou em contato com a sobrinha, em Fátima do Sul, e foi avisada que o irmão não estava na cidade. Em contato com parentes da Bahia, também foi informada que José Leonel não estava com eles.

Na manhã do dia 8, a irmã da vítima procurou a delegacia e registrou boletim de ocorrência de desaparecimento. O corpo foi encontrado na noite do mesmo dia, enterrado em uma obra inacabada no quintal da própria casa. ''A gente fica em choque. O assassino é a pessoa que falou cara a cara comigo e me convidou para entrar na casa, para mostrar a obra que estava fazendo", disse.

Eurides Ferreira Santos chegou a conversar cara a cara com o assassino do irmão. (Foto: Kísie Aionã)
Eurides Ferreira Santos chegou a conversar cara a cara com o assassino do irmão. (Foto: Kísie Aionã)

José Leonel foi enterrado ontem (10), em uma cerimônia rápida, no Cemitério Cruzeiro, na saída para Cuiabá. ''Ele foi enterrado em estado de decomposição, com caixão lacrado. Eu nem vi meu pai. O que fizeram com ele não tem classificação, nem com animal se faz isso", disse Kalyane.

Agora, além da dor de perder o pai, a indignação de ver uma das envolvidas no crime, Roselaine Tavares Gonçalves, 40 anos, prestes a ser colocada em liberdade é o que machuca a filha de José Leonel. ''Pelo amor de Deus, a mulher já está solta. Olha a forma brutal que meu pai foi morto. Saber que ela vai ficar solta me dói", lamentou.

Yasmim está presa, Cleber, ao centro, está foragido, Roselaine, à direita da foto, vai ser solta e ficará com tornozeleira eletrônica, decidiu a Justiça. (Foto: Direto das Ruas)
Yasmim está presa, Cleber, ao centro, está foragido, Roselaine, à direita da foto, vai ser solta e ficará com tornozeleira eletrônica, decidiu a Justiça. (Foto: Direto das Ruas)

Roselaine, esposa de Cleber, foi presa por ocultação de cadáver e, na manhã de sábado (9), teve a liberdade provisória, com monitoramento de tornozeleira eletrônica, concedida pelo juiz de plantão, Carlos Alberto Garcete.

O assassino e a filha do casal, Yasmim Natacha Souza de Carvalho, 19 anos, que teve participação no crime, tiveram as prisões preventivas decretadas. Cleber, porém, segue foragido.

Até às 16h de hoje, Roselaine ainda não havia colocado a tornozeleira. Ela segue detida em uma das celas da 2ª Delegacia de Polícia Civil, enquanto aguarda para colocar o equipamento.

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