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Capital

Sindicato diz que greve tem adesão de 100%, mas não para atendimento

Renan Nucci e Aline dos Santos | 06/05/2015 10:11
Aviso pregado na porta de entrada de UPA alerta sobre a greve e demora no atendimento. (Foto: Marcos Ermínio)
Aviso pregado na porta de entrada de UPA alerta sobre a greve e demora no atendimento. (Foto: Marcos Ermínio)
Siroma, presidente do Sinmed/MS, afirma durante coletiva que 100% da categoria aderiu à greve. (Foto: Marcos Ermínio)
Siroma, presidente do Sinmed/MS, afirma durante coletiva que 100% da categoria aderiu à greve. (Foto: Marcos Ermínio)

Médicos, que atendem na rede pública municipal de Campo Grande, deflagraram greve nesta quarta-feira (06), em protesto por reajustes e contra o corte de gratificações que reduziu o salário da categoria. Eles aguardam proposta da prefeitura para que haja um acordo e a paralisação chegue ao fim, porém, até que isso ocorra, os profissionais ficam em seus postos nas unidades de saúde, mas apenas 30% farão atendimento. Pessoas com casos de urgência e emergência terão prioridade; as demais vão ter que esperar o quanto for preciso.

Pela manhã, houve coletiva de imprensa na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Bairro Coronel Antonino. O presidente do Sinmed/MS (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul) Valdir Shigueiro Siroma, disse que a adesão chega a 100% entre os 1.400 trabalhadores da categoria na Capital. Todo o efetivo vai estar à disposição nas UPAs e Centro Regional de Atendimento, no entanto, nem todos vão receber pacientes.

Todavia, se houver alguma situação atípica na qual seja necessário o apoio de mais profissionais, todos eles irão atender. “Farão revesamento de atendimento para que o setor não fique desassistido”, explicou Siroma, lembrando que a classificação de risco é feita no seguintes níveis: vermelho (emergência, atendimento imediato), amarelo (urgência, atendimento em até 15 minutos), verde (não-urgente, atendimento em até 30 minutos) e azul (baixa complexidade, podendo variar de acordo com a demanda).

Reajuste – Segundo Siroma, os médicos recebem uma média de R$ 2.580 que, somado às gratificações, pode chegar a R$ 5 mil mensais por escalas com 20 horas de plantões semanais. Porém, com o recente corte dos abonos anunciado pelo prefeito Gilmar Olarte (PP), o salário cai para menos de R$ 2 mil incluindo os descontos. Diante deste cenário, a categoria luta pelos benefícios conquistados ao longo dos anos, bem como por reajuste de 8,1%, com base na inflação. “Mesmo com anúncio da greve a prefeitura não apresentou proposta. Estamos abertos ao diálogo”, disse.

UBS – Segundo Rosimeire Fernandes Arias Lima, coordenadora das unidades de saúde, nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e UBSFSs (Unidades Básicas de Saúde Familiar), só serão atendidos casos urgentes. Para agendamentos e monitoramento de doenças, não haverá atendimento, mesmo com a presença de médicos nos locais. O CEM (Centro de Especialidade Médica), onde em média são atendidas 920 por dia, não funcionará. No CEM de Pediatria, o setor de especialidades também não terá expediente.

Ela lembra que médico não é mercenário e que para ter um salário satisfatório, precisa trabalhar muito e fazer vários plantões. A prefeitura acionou a justiça para tentar barrar a greve, mas enquanto não há uma decisão oficial, os médicos continuam, alegando que estão se manifestando de acordo com o que prevê a legislação, que é manter pelo menos 30% do efetivo em ação. “A população vai ter que ter um pouco de paciência e esperar”, explica.

O clínico Ricardo Rapassi, há cinco atuando no município, afirma que a UPA a do Coronel Antonino é uma unidade de porte 3, que recebe média diária de 800 pacientes. Ele explica que os profissionais continuam no local mesmo com a greve porque querem evitar que, caso haja necessidade crítica, não falte médicos para atender a comunidade. Ele minimizou a questão de que os profissionais estariam no local apenas para não fugirem do corte no relógio de ponto.

Atendimento nas UPAs segue lento por causa da greve deflagrada hoje pelos médicos de Campo Grande. (Foto: Marcos Ermínio)
Atendimento nas UPAs segue lento por causa da greve deflagrada hoje pelos médicos de Campo Grande. (Foto: Marcos Ermínio)

UPA Universitário – Na UPA do Bairro Universitário, havia apenas um dos cinco médicos plantonistas atendendo. Desde às 6h da manhã, cerca de 70 pessoas já haviam dado entrada e a maioria delas, apesar da demora, já havia feito pelo menos a triagem. A pensionista Antolina Ortega, 50 anos, precisou de ajuda para a tia de 60 anos que é hipertensa. Ela teve que levá-la até à UPA porque na UBS da Vila Carlota, onde foi primeiro, não houve atendimento. “Tá devagar, mas tá indo”, disse.

Já a faxineira Janete Moreira Soares, 40, com gripe e dores de cabeça, lamentou a greve e a demora no atendimento. Ela acredita que terá que passar o dia todo na UPA esperando sua vez, mas que a situação só não é pior porque hoje está de folga do trabalho - ela também reclamou da greve. “Acho que eles (prefeito e secretário) devem arrumar um jeito de pagar direito os médicos, para que não haja prejuízos para a comunidade”, relatou.

Saúde - O secretário municipal de saúde Jamal Salém disse que a prefeitura faz levantamento do salário dos médicos para apresentar uma nova proposta. Ele também afirmou, ao contrário dos profissionais, que a prefeitura está disposta a dialogar.

Sobre a adesão à parasaliação, o secretário ainda está fazendo o levantamento e deve divulgar ainda hoje qual o percentual de médicos parados.

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