Sindicato diz que única solução contra atrasos é faixa exclusiva para ônibus
"Para o motorista de ônibus, é essencial uma faixa exclusiva na Afonso Pena", afirma Demétrio de Freitas
Reclamação dos passageiros, multas por atraso e batalha por espaço no trânsito marcam a rotina dos motoristas de ônibus em Campo Grande. De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo, Demétrio Ferreira de Freitas, há muito debate, audiências públicas, mas soluções, como novas faixas exclusivas para ônibus, não vêm.
“Ninguém faz nada, só promete e promete. A cobrança do passageiro é válida, mas do jeito que está, o motorista não vai conseguir cumprir o horário. Chega atrasado no terminal e acaba notificado pelo agente da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito)”, afirma Demétrio. O sindicato representa 1.500 profissionais.
Nas ruas, os condutores teimam em desrespeitar as faixas exclusivas para ônibus, que são ocupadas por outros veículos, como registrado pela reportagem na avenida Duque de Caxias, caminho para o Aeroporto Internacional de Campo Grande.
Contudo, apesar desses percalços, a faixa exclusiva é apontada como a melhor solução para impulsionar a velocidade média dos ônibus na Capital. Atualmente, a velocidade é de 15 km/h, com projeção de chegar a 25 km/h se os veículos do transporte coletivo tiverem prioridade no trânsito.
O sindicato defende a abertura de faixa exclusiva na avenida Afonso Pena, quando a via cruza o Centro da cidade. A proposta é liderada pela Ussiter (União Sul-mato-grossense dos Usuários do Sistema Integrado de Transporte Urbano e Estadual Rodoviário).
Os passageiros querem a redução do canteiro central, ampliando a via para o tráfego dos ônibus. Neste caso, há o entrave do canteiro ser tombado como patrimônio da cidade.
“Para o motorista de ônibus, é essencial uma faixa exclusiva na Afonso Pena. Achamos excelente, porque o serviço vai render. O ônibus é muito largo e não consegue rodar numa faixa só”, afirma.
O Consórcio Guaicurus aponta que o contrato 330/12, firmado com a prefeitura de Campo Grande e que regula o transporte coletivo, é pressionado por perdas de R$ 76 milhões em seis anos, concorrência “predatória” e a ausência de novos terminais e corredores para ônibus.
Conforme estudo de viabilidade econômica realizado em março pela Maxvalor Consultoria e Treinamento, um dos motivos para a perda de passageiros é a queda na velocidade dos ônibus, com aumento no tempo da viagem.