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Capital

Sindicato dos Médicos considera levar questão de plantões pediátricos ao MP

Sesau mantém posicionamento sobre plantões noturnos em UPAs, mas médicos e pacientes discordam de decisão

Mylena Fraiha | 07/07/2023 17:08
Fachada da sede do SinMed/MS, localizada na Rua Eduardo Santos Pereira (Foto: Juliano Almeida)
Fachada da sede do SinMed/MS, localizada na Rua Eduardo Santos Pereira (Foto: Juliano Almeida)

A decisão da Prefeitura de Campo Grande de restringir a presença de pediatras durante a madrugada em apenas duas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) tem gerado discordância e preocupação entre os médicos da rede municipal de saúde e o SinMed/MS (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul), que pretendem levar o caso ao Ministério Público de Mato Grosso do Sul.

Na última assembleia do SinMed/MS, ocorrida na quarta-feira (5), o presidente Marcelo Santana, junto à categoria médica, se posicionou de forma contrária à proposta apresentada pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde).

De acordo com Marcelo, o formato de trabalho interfere diretamente no bom atendimento, penalizando de forma significativa a população com a diminuição do acesso à saúde. Ele também afirmou que o SinMed/MS tomará medidas sobre a decisão.

Foi proposto reduzir a escala, deixando a população sem pediatra em unidades como o Nova Bahia e Tiradentes, não concordamos com isso, vamos levar essa demanda para o Conselho Municipal de Saúde e se necessário vamos acionar o Ministério Público”, afirmou Marcelo em nota.

Desde sábado (1), as UPAs dos bairros Coronel Antonino e Universitário serão as únicas unidades a contar com pediatras entre 1h e 6h durante a madrugada. Durante a noite, das 19h até 1h, trabalham pediatras plantonistas em cinco UPAs, com exceção da unidade do bairro Santa Mônica, que contará com clínicos gerais para atender crianças.

Essas escalas não são fixas, mas sim eventuais, podendo ser remanejadas para as unidades com maior demanda. A justificativa dada pela Sesau é de que a procura por atendimento pediátrico durante a madrugada é cerca de 90% menor em comparação com a noite e o dia, justificando a modificação dos plantões de 12 para 6 horas.

Falta de aprovação - No sábado (1), primeiro dia do novo formato de plantão, o Campo Grande News foi a algumas UPAs da Capital para saber a opinião de mães e pais sobre o atendimento. Uma delas foi a assistente de educação Deborah Marques Gomes, de 32 anos, que tem filhos de 2 e 8 anos, e tem procurado UPAs com frequência para atendê-los.

Ela foi avisada uma semana antes, por uma médica do CRS (Centro Regional de Saúde) Tiradentes sobre a centralização, entretanto, não aprovou a mudança. "Nunca vi uma medida dessa de retirar pediatras das UPAs na madrugada para concentrar em duas. Achei péssimo. Sou do Jardim Campo Alto, que é perto daqui, mas não gosto de vir aqui porque não tem ventilação, é sufocante e sempre lotado com atendimento lento. Lá no CRS Tiradentes, o pediatra já atendia e fazia o raio X, mas agora não vai ter na madrugada. Como fiquei sabendo, já vim hoje aqui", relatou a assistente de educação.

Deborah e o filho de 2 anos, após atendimento na UPA Universitária (Foto: Caroline Maldonado)
Deborah e o filho de 2 anos, após atendimento na UPA Universitária (Foto: Caroline Maldonado)

A mãe de uma menina de 3 anos e moradora do Bairro Jardim Monte Alegre, Camila Ribeiro, de 33 anos, relata que não aprova a mudança, pois acredita que em dias de maior movimento a unidade pode ficar sobrecarregada. "Não achei bom. Pessoas que moram longe terão que vir para cá. Por exemplo, quem mora no Tiradentes terá que vir aqui, mas criança a gente nunca sabe quando vai ficar doente. Não vai custar nada para ninguém ter um médico em cada UPA".

Sem mudanças - A Sesau afirma que a medida visa melhorar a qualidade do atendimento, direcionando recursos para unidades com maior demanda e baixa procura por pediatras. Segundo o órgão, o Ministério da Saúde não exige a presença de pediatras em todas as unidades, permitindo que médicos clínicos gerais realizem o atendimento.

Após questionamentos, a Sesau reforçou ao Campo Grande News que o atendimento às crianças continuará sendo realizado normalmente em todas as 10 unidades de urgência e emergência, com reforço nas escalas de plantão 24 horas onde há maior fluxo de crianças.

Também reforçaram que as propostas continuam em processo de estudo. “As propostas estão sendo estudadas e só serão deliberadas após ampla discussão e anuência do conselho municipal de saúde”, diz trecho de nota da Sesau, encaminhada à reportagem hoje (7).

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