Suspeitos de integrar rede do PCC continuam presos após Operação Blindagem
Defesa contesta decisão e afirma que audiências ocorreram sem acesso aos autos e sem transparência
Todos os investigados conduzidos na Operação Blindagem continuam presos preventivamente após as audiências de custódia realizadas neste sábado (8), em Campo Grande. A decisão atinge dez pessoas detidas durante a ação do GAECO (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), que revelou uma rede criminosa ligada ao PCC (Primeiro Comando da Capital) e comandada de dentro do sistema prisional de Mato Grosso do Sul.
RESUMO
Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!
A Operação Blindagem, deflagrada pelo Gaeco em Mato Grosso do Sul, manteve a prisão preventiva de dez investigados após audiências de custódia em Campo Grande. A ação revelou uma rede criminosa ligada ao PCC que atuava no tráfico de drogas, comércio ilegal de armas e lavagem de dinheiro. A operação cumpriu 76 mandados judiciais em nove cidades sul-mato-grossenses e outros dois estados, apreendendo armas, munições e valores expressivos. O grupo contava com apoio de servidores públicos corrompidos que facilitavam o acesso a celulares e informações sigilosas dentro dos presídios.
Entre os presos estão Tiago Paixão Almeida, conhecido como Boy e apontado como chefe do tráfico na região do Jardim Tijuca, Selma Roas e Alexssandro Pereira, assistidos pelo advogado Marcos Ivan Silva, além dos policiais penais aposentados Alírio Francisco do Carmo e Aud de Oliveira Chaves, de Lucas Wesley de Souza Santos, o Pastorzinho, e da advogada Brenda Yasmin Martins de Freitas.
O advogado Marcos Ivan, que representa Tiago, Selma e Alexssandro, criticou a forma como as prisões ocorreram e afirmou que os acusados sequer tiveram acesso ao conteúdo das investigações. “Essas operações são sempre realizadas na sexta-feira, quando, no sábado e domingo, ninguém tem acesso aos autos. Aí vem a audiência de custódia e ela é feita sem sequer saber por que essas pessoas estão presas”, disse.
Segundo ele, o procedimento é inconstitucional e impede o direito de defesa. “Nenhuma dessas pessoas presas nessa operação tem conhecimento de por que está presa. É totalmente inconstitucional. A defesa entende que se trata de uma falta de respeito, um cerceamento da defesa, totalmente fora de um contexto de legalidade. Isso é preocupante, porque qualquer cidadão pode se ver em uma situação como essa e sofrer uma represália sem saber o motivo.”
O advogado também destacou o estado de saúde de Tiago Paixão, que, segundo ele, tem problemas pulmonares e cardíacos, faz fisioterapia e perdeu a visão de um dos olhos após uma cirurgia. “Ele nega qualquer envolvimento. Não tinha telefone, não falou com ninguém. Está em tratamento e precisa de acompanhamento médico constante”, afirmou.
A operação — deflagrada na sexta-feira (7), cumpriu 76 mandados judiciais, sendo 35 de prisão preventiva e 41 de busca e apreensão, em nove cidades de Mato Grosso do Sul e em outros dois estados. Foram apreendidas armas, munições, cheques de R$ 200 mil e grandes quantias em dinheiro.
As investigações indicam que a organização atuava no tráfico interestadual de drogas, comércio ilegal de armas, usura e lavagem de capitais, mantendo uma estrutura de blindagem dentro dos presídios. O grupo contava com o apoio de servidores públicos corrompidos que garantiam aos líderes do esquema acesso a celulares, informações sigilosas e permanência em unidades de menor rigor.
De acordo com o Gaeco, a quadrilha também mantinha vínculos com o Primeiro Comando da Capital, recebendo suporte para ampliar o tráfico e autorização para aplicar punições violentas a devedores. As apurações duraram mais de dois anos e apontam que a rede atuava em Campo Grande, Aquidauana, Jardim, Sidrolândia, Bonito, Ponta Porã, Corumbá, Itanhaém e Balneário Piçarras.
Para a defesa, o caso expõe falhas graves no cumprimento das garantias constitucionais. “Todo cidadão tem o direito de saber o motivo da sua prisão e de se defender; isso precisa ser respeitado acima de qualquer operação”, completou Marcos Ivan.
Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.





