Música, oração e planejamento: as estratégias dos jovens para enfrentar o Enem

“Em algum lugar, pra relaxar
Eu vou pedir pros anjos cantarem por mim
Pra quem tem fé
A vida nunca tem fim (...)”

A música “O Anjo”, do Rappa, embalou a viagem de Yasmin Rodrigues, 18 anos, de Terenos a Campo Grande, esta manhã. Essa foi a trilha sonora escolhida para enfrentar a 1ª prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), realizado em todo o País. Os estudantes enfrentam temperatura de 26 ºC.

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Yasmin acordou às 5h e pegou o ônibus das 7h, chegando cedo na porta da Uniderp, na Vila Antônio Vendas, na Capital. “Tô muito ansiosa, muito ansiosa, mas eu tô tentando me acalmar. Mas tudo bem, tô bem. É a minha primeira vez; eu só tinha feito o passe da UFMS [Universidade Federal de Mato Grosso do Sul]”, contou à reportagem. A ansiedade também se explica, pois somente na sexta-feira diz ter conseguido confirmar a inscrição. “O site bugou na hora”, contou.

A estudante diz que tem maior facilidade com as matérias de humanas, mas está nervosa para a temida redação. Ela contou que se preparou nos aulões da Escola Estadual Antônio Valadares, onde estuda. “Vai dar tudo certo.” Ela optou pelo curso de Administração, mas chegou a pensar em Marketing. Depois que acabar a prova, já tem até um plano para relaxar de vez. “Quero ir pra casa chorar um pouco”, disse, rindo.

Davi dos Santos Grilo, de 15 anos, vai fazer sua estreia no Enem e não esconde o nervosismo. “Eu ia fazer no ano passado, mas perdi a inscrição”, contou, tentando disfarçar o riso. Para ele, a maior curiosidade é conhecer como tudo funciona. “Ansioso só pra saber onde fica a sala.”

Com o material em mãos, caneta, documento e o papel de orientação do candidato, Davi dizia que o mais importante é a fé. “Só Deus. Só acreditar. Só acreditar”, repetia como um mantra.

Com o sonho de cursar Educação Física, o estudante contou que gosta da área “por causa do corpo humano e de tudo o que envolve movimento”. O conselho que deixaria a quem vai prestar o Enem é direto: “Não desacreditar”. Depois da prova, o plano é simples: “Ligar pra minha mãe e ir embora. Acreditar que vai dar certo.”

Outro que enfrenta o desafio pela primeira vez foi Robert Lopes, 17 anos, também aluno do Escampim e do 2º ano do ensino médio. Ele escolheu Direito como o curso dos sonhos e chegou preparado: “Trouxe cinco canetas, documentos, assinatura do chefe de sala e um casaco. Não trouxe comida porque ela me deixa mais ansioso.”

Robert acordou às 6h, tomou café com iogurte e pão com mortadela, e veio, de carro de aplicativo, do bairro Caiobá. “De 0 a 10, minha ansiedade tá uns 8,5. As expectativas são boas. Fizemos muitos simulados na escola, então acho que vai dar certo”, contou. Antes de entrar, vai fazer uma oração rápida, seu único ritual.

Se a véspera foi intensa de estudos, a semana seguinte promete continuar puxada. “Amanhã já começam minhas provas bimestrais, quatro por dia. Nem lembro qual matéria começa”, disse, rindo. Para relaxar depois da maratona, o plano é claro: “Vou para casa descansar e jogar Minecraft”.

Animado, ele até escolheu uma trilha sonora imaginária para o Enem: “Acho que seria aquela música francesa ‘Voyage, voyage’, bem animada.” E, com a calma de quem já entende que o processo é longo, Robert deixou o conselho que gostaria de ter ouvido antes: “Eu diria pra mim do ano passado estudar mais ainda. Se não der certo agora, tento de novo. O importante é não desistir”.

Em MS, 57.941 pessoas devem fazer hoje a prova do Enem, que começa às 11 horas. Entre os candidatos, 60,15% são mulheres e 39,85% homens, praticamente os mesmos índices de 2024. Em todo o Brasil, são 4,81 milhões de inscritos.

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