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Capital

Terrenos abandonados aumentam insegurança em plena epidemia de dengue

Moradores relatam preocupação em comum: a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença

Idaicy Solano | 11/04/2023 09:34

De norte a sul da Capital, leitores do jornal Campo Grande News denunciam terrenos baldios abandonados, com matagal alto, descarte irregular de restos de marmitas, móveis velhos e até animais mortos. A preocupação em comum? A proliferação de mosquitos Aedes aegypti, em pleno momento em que Mato Grosso do Sul enfrenta epidemia de dengue.

Cerca de cinco terrenos estão abandonados entre as ruas Delcides Mariano e Mário Carrato, no Bairro Rita Vieira, região leste da Capital. O Campo Grande News conversou com a dona de casa Josefa Jomabia Bezerra Costa Viana, 52 anos, que mora na região há 30 anos.

Nessas três décadas, relata que nunca viu o dono dos terrenos e que toda a limpeza fica por conta dos vizinhos, que se juntam para bancar a manutenção. “Estamos tendo visita todas as noites de furão, subindo pelos nossos muros, andam a quadra inteira, fora as outras coisas que tem nesse mato aí que a gente nem imagina”.

A moradora relata que está indignada com a situação, pois o mato está alto e infestado de carrapichos e animais peçonhentos, além da proliferação de mosquitos da dengue.

Na região sul da cidade, a reportagem conversou com o professor Regerson Franklin dos Santos, 46 anos, morador do Bairro Jardim Ouro Verde. Entre as ruas Abadia Jabour, Virgílio Restinga e Travessa do Golfinho, as ruas estão revestidas por cascalhos e os terenos baldios sendo utilizados para descarte irregular de lixo e móveis.

O morador relata que é impossível passar com o carro pelas ruas, e já teve prejuízos causados pelos cascalhos espalhados na via. De acordo com o que foi apurado, o bairro possui asfalto apenas na via principal, onde passa a linha de ônibus.

Quanto aos terrenos abandonados, Regerson relata que a última limpeza realizada pela prefeitura foi no final de fevereiro, mas os moradores voltaram a descartar lixo. "Mesmo passando veneno no quintal, aparece escorpião. Minha esposa foi picada em dezembro, e direto encontram aqui na vizinhança".

No Bairro Moreninhas, morador reclama de terreno onde são descartados restos de marmitas e móveis velhos. (Foto: Direto das Ruas)
No Bairro Moreninhas, morador reclama de terreno onde são descartados restos de marmitas e móveis velhos. (Foto: Direto das Ruas)

No Bairro Moreninhas, nas Rua Clotilde Chaia, o empreendedor Adalberto Santana, 39 anos, relata que o terreno abandonado próximo à residência onde mora está infestado de mosquitos, o que gera preocupação, pois ele tem uma filha de apenas quatro meses.

Segundo relato do morador, já faz cerca de dois anos que o terreno causa dor de cabeça aos moradores e diversas denúncias foram feitas. “O terreno tá cheio de sofá, cheio de colchão, cheio de marmita, e o povo vai passando lá, vê que tem lixo e vai jogando”.

O morador expõe que o terreno está empesteado de escorpiões, mosquitos e diversos bichos peçonhentos. "Sempre estou usando repelente, mas de mosquito tá cheio. Esses dias entrou sapo lá em casa, entrou ratazana, e foi difícil para tirar, e tudo veio do terreno".

Na região central de Campo Grande, a aposentada Aparecida da Silva, 69 anos, contou para a reportagem que o terreno abandonado na Rua Pedro Celestino, ao lado da casa onde ela mora com o marido de 86 anos, virou um lixão. “Eles veem o terreno vazio e vão jogando [lixo]".

Por conta do mato alto e do lixo, o local está infestado de mosquitos e animais peçonhentos, que aparecem na casa da aposentada com frequência. "Matagal quase da altura da minha casa. Está virando lixão, calçada não dá mais para andar, tem que andar no meio da rua, já apareceu aqui muito escorpião, caramujo, até gambá".

Casos de dengue em MS - Mato Grosso do Sul tem enfrentado epidemia de dengue, conforme autoridades de saúde. De acordo com boletim epidemiológico emitido pela SES (Secretaria de Saúde do Estado), já foram confirmados 10.987 casos de dengue em 2023 e o número de óbitos chega a 12 até o momento.

As cidades mais afetadas pela epidemia, proporcionalmente, são Antônio João (4.745), Batayporã (4.238,3), Bodoquena (4.223), Alcinópolis (4.079) e Jaraguari (3.276).

Fiscalização - Ao ser identificado um imóvel ou lote urbano sujo, o proprietário é notificado para realizar a limpeza. A notificação é enviada via Correios por AR (Aviso de Recebimento). Após o recebimento do AR, o proprietário tem o prazo de 15 dias úteis para realizar a limpeza.

Passado o prazo, o auditor fiscal da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana) retorna ao local para vistoria, e caso não tenha sido cumprida a notificação, o proprietário é multado. A multa varia entre R$ 2.944,50 e R$ 11.778,00. A Semadur não tem a competência legal de realizar limpeza de terrenos.

A reportagem encaminhou localização da àrea à prefeitura, para auxiliar na identificação do proprietário.

Denúncia - O descarte irregular de resíduos em vias públicas ou terrenos se configura em crime ambiental. Quem presenciar o descarte irregular de resíduos pode denunciar para a Patrulha Ambiental da Guarda Civil Metropolitana via telefone 153.

O Campo Grande News encaminhou para a Semadur uma relação com os bairros e terrenos denunciados pelos moradores, para contribuir na notificação e localização dos donos.

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