Venda de cabelo apreendido pela Receita atrai profissionais desde a madrugada

A cabeleireira Andressa Brito, de 29 anos, chegou às 5 horas da manhã ao Hospital de Câncer Alfredo Abrão, em Campo Grande, para tentar garantir os melhores lotes de cabelo natural vendidos em uma ação beneficente da unidade. Mesmo chegando cedo, ela não foi a primeira. “Já tinham cinco pessoas na minha frente e os fios mais longos foram embora rápido”, contou.

Profissional especializada em mega hair, Andressa procurava fios com mais de 60 centímetros, os mais valorizados no mercado. “A gente sempre busca os maiores porque são os mais procurados pelos clientes. Os menores, pra quem já tem fornecedor, não compensam muito”, explicou.

O hospital colocou à venda cerca de 400 quilos de cabelos, doados pela Receita Federal de Ponta Porã por meio do projeto Cidadania Fiscal. Os fios foram apreendidos em operações de fiscalização e têm valores que variam de acordo com a origem: até R$ 4.500 por quilo para cabelos brasileiros.

A ação começou às 8h e segue até as 17h ou enquanto durarem os estoques. A venda é feita por ordem de chegada, e cada comprador pode adquirir até 50 quilos, mediante apresentação de documento pessoal e dados fiscais para emissão de nota.

A expectativa é arrecadar entre R$ 900 mil e R$ 1 milhão, que serão revertidos integralmente para o tratamento de pacientes oncológicos atendidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Parte da renda será usada para equipar o quarto andar do hospital, que será inaugurado no próximo mês, e para a compra de componentes que complementam o acelerador linear, utilizado em radioterapia.

A presidente da instituição, Sueli Lopes Telles, explicou que esta é a terceira doação feita pela Receita ao hospital. “Primeiro recebemos os cabelos, depois os produtos para o bazar, e agora os cabelos novamente. Com seriedade e responsabilidade, estamos conseguindo fazer uma administração diferente, em prol dos pacientes”, afirmou.

“Ainda faltam R$ 130 mil para completarmos a contrapartida de R$ 1,098 milhão necessária para a compra do acelerador linear. Com essa venda de cabelos, esperamos fechar essa conta. O que arrecadarmos além disso será utilizado, em primeiro lugar, para equipar o quarto andar do hospital, que será inaugurado no próximo mês.”

Ela acredita que ainda vai sobrar um valor que permitirá a compra de materiais médico-hospitalares. "Sempre que temos excedente, investimos na reposição de insumos e medicamentos, para garantir que nada falte aos nossos pacientes. Por isso, essa parceria com a Receita Federal é tão importante para nós.”

No último dia 6, o hospital promoveu um bazar com cerca de 19 mil itens, incluindo eletrônicos, roupas e perfumes, também frutos de apreensões feitas pela Receita Federal. A unidade é responsável por 72% dos atendimentos oncológicos do SUS em Mato Grosso do Sul, e depende dessas ações para manter o funcionamento e ampliar os serviços oferecidos à população.

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