Vereadores discutem com secretária de saúde a superlotação nas UPAs
Na pauta estão o déficit de leitos, a superlotação nas unidades de saúde e repasses para a Santa Casa
Na manhã desta sexta-feira (4), vereadores se reuniram com a secretária municipal de Saúde, Rosana Leite, para discutir a superlotação nas unidades de saúde, o déficit de leitos na Capital e os repasses para a Santa Casa. O debate ocorreu a portas fechadas, mas os representantes dos órgãos públicos anteciparam as pautas da reunião antes do encontro.
RESUMO
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Na manhã desta sexta-feira (4), vereadores de Campo Grande se reuniram com a secretária municipal de Saúde, Rosana Leite, para discutir a superlotação nas unidades de saúde e o déficit de leitos na cidade. A secretária destacou um aumento de casos de doenças respiratórias e crônicas, levando à superlotação das UPAs. Medidas como a inclusão de mais médicos e o uso de medicamentos hospitalares nas UPAs foram adotadas. A reunião também abordou o aumento no repasse para a Santa Casa, com o município elevando o valor mensal de R$ 5 milhões para R$ 6 milhões, e o governo estadual articulando um recurso adicional de R$ 25 milhões. A construção de um novo hospital municipal e a ampliação do Hospital Regional são vistas como soluções a longo prazo para a falta de leitos.
A titular da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) relatou que, no início da semana retrasada, entre os dias 18 e 19 de março, houve um aumento de casos não apenas respiratórios, mas também de doenças crônicas, o que levou à superlotação das UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) em apenas uma semana.
“Diante disso, na quarta-feira ativamos o nível 1 no Centro de Operação de Emergência, o que nos permite tomar determinadas decisões. Por exemplo, se tivéssemos leitos suficientes, em tese, os pacientes deveriam permanecer 24 horas nas UPAs, conforme determina a lei. No entanto, considerando a falta de leitos e o agravamento da superlotação, registramos mais de 100 mil atendimentos, com média de 3.500 a 4.000 apenas na segunda-feira. Esse cenário exige flexibilidade para manter pacientes internados, realizar diagnósticos, tentar conter a situação e convocar mais profissionais”, afirmou a secretária.
Entre as ações adotadas pela prefeitura para tentar controlar a situação estão a inclusão de mais um médico nas escalas, o trabalho com carga horária de plantão para a equipe de enfermagem e a possibilidade de convocação de plantonistas quando necessário. Rosana Leite também destacou que, ao ativar o nível 1 no Centro de Operação de Emergências, foi possível utilizar medicamentos que normalmente são administrados apenas em hospitais nas UPAs.
Sobre as orientações aos pacientes, a secretária pediu que pessoas com sintomas leves procurem as USFs (Unidades de Saúde da Família), para que cada unidade cumpra seu papel. Segundo ela, as UPAs são destinadas a casos mais complexos, e pacientes com sintomas leves de gripe podem aumentar a demanda do local e ainda se expor a doenças mais graves.
Devido a essa situação, o tempo de espera para pacientes menos graves tem aumentado nos últimos dias, chegando a cinco ou seis horas, enquanto em dias normais varia entre duas e três horas. A médica alertou que, se necessário, os profissionais das USFs realizam encaminhamentos de casos graves de síndrome respiratória para as UPAs.

Déficit de leitos - O déficit na disponibilidade de leitos na Capital também foi abordado na reunião. De acordo com o vereador Dr. Victor Rocha, presidente da Comissão Permanente de Saúde, Campo Grande precisa de mais de mil leitos hospitalares para resolver a superlotação dos hospitais, pois também atende cerca de 34 municípios do entorno, que fazem parte da macrorregião da cidade.
“Hoje vemos a Santa Casa, o Hospital Regional e o Hospital Universitário operando no limite de sua capacidade. Além disso, nossas UPAs enfrentam uma fila de espera significativa. Muitas vezes, ao entrar em uma unidade de pronto atendimento, encontramos pacientes graves esperando um, dois, três dias, e, em alguns casos, até uma semana para conseguir uma vaga em um hospital”, comentou o vereador.
A secretária concordou que a superlotação decorre do déficit de leitos e afirmou que a solução passa por medidas a longo prazo, como a construção do Hospital Municipal e a ampliação do Hospital Regional.
Santa Casa - Quanto ao repasse para a Santa Casa de Campo Grande, também discutido na reunião, Dr. Victor Rocha informou que o município viabilizou um aumento no repasse mensal de R$ 5 milhões para R$ 6 milhões, um acréscimo de aproximadamente 20%. Além disso, o governo do Estado articulou, junto à bancada federal, um recurso adicional de R$ 25 milhões, que será repassado em três parcelas, somando-se ao investimento já existente de R$ 9 milhões.
“Esse recurso busca minimizar o problema do desabastecimento da Santa Casa e da defasagem de preços em relação aos profissionais médicos autônomos e às pessoas jurídicas que prestam serviço à população. A Santa Casa é um hospital estratégico para Campo Grande e para Mato Grosso do Sul, sendo responsável pelo maior número de internações de média e alta complexidade”, destacou o vereador.
Rosana Leite afirmou que não houve redução de repasse para a Santa Casa e explicou que o contrato vigente, que era de cinco anos, venceria em janeiro. No entanto, desde o ano passado, a prefeitura realizou várias tratativas e concluiu que, devido ao crescimento populacional, o repasse deveria ser aumentado em R$ 1 milhão, proposta feita ao hospital.
“Como a Santa Casa solicitava um repasse maior do Estado, a questão acabou sendo encaminhada ao Ministério Público. Após várias tratativas entre a Santa Casa, o município e o Estado, na semana passada, o Ministério Público decidiu que o Estado, de fato, não conseguiria aumentar o repasse neste novo contrato”, esclareceu a secretária.
Ainda de acordo com Rosana, devido ao grande débito da Santa Casa, que levou à interrupção dos atendimentos de ortopedia por falta de pagamento a fornecedores, o Estado articulou com a bancada federal o aporte de R$ 25 milhões, com a primeira parcela sendo paga no dia 20.
“Já a prefeitura aditivou R$ 1 milhão ao contrato, retroativamente. Ou seja, em abril enviaremos R$ 2 milhões, em maio mais R$ 2 milhões, e depois o valor seguirá em R$ 1 milhão”, finalizou a secretária.
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